Papa encoraja colombianos a seguir com as negociações de paz
Francisco encorajou as "partes implicadas" no processo de paz na Colômbia para que "prossigam as negociações"
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2013 às 13h30.
Cidade do Vaticano - O papa Francisco encorajou nesta segunda-feira as "partes implicadas" no processo de paz na Colômbia para que "prossigam as negociações, encorajadas por uma sincera busca do bem comum e da reconciliação", informou o Vaticano após o encontro com o presidente colombiano, Juan Manuel Santos.
Francisco recebeu Santos por conta de sua visita ao Vaticano para a canonização, ontem, da religioso Laura Montoya e Upegui (1874-1949), a primeira santa da Colômbia.
O papa Francisco e Santos mantiveram uma conversa a sós que se prolongou durante 15 minutos, em um ambiente de "cordialidade", na qual analisaram "os desafios que a Colômbia enfrenta, sobretudo no que diz respeito às desigualdades sociais.
"Também fez referência ao processo de paz em curso e às vítimas do conflito e manifestou o desejo de que as partes implicadas prossigam as negociações, encorajadas por uma sincera busca do bem comum e da reconciliação", diz o Vaticano.
O pontífice e Santos analisaram a contribuição da Igreja "à promoção da cultura do encontro (diálogo) e ao serviço do progresso humano e espiritual do país, em particular, dos mais necessitados e dos jovens".
O papa reiterou o compromisso da Igreja em favor da vida e da família.
Santos, em um encontro com a imprensa após a audiência, disse que o pontífice o encorajou a perseverar na busca de paz na Colômbia.
"Falamos de muitos temas, da paz e da necessidade de perseverar na busca da paz. O papa me disse que só os valentes insistem nesses tipos de objetivos, que podem ser custosos, mas que são os que valem a pena", manifestou.
Santos contou que Francisco também disse, referindo-se ao processo de paz com a guerrilha das Farc, "que ele tinha um nome para o que estamos fazendo e é 'espírito de encontro'".
O presidente ressaltou que quando duas pessoas se reúnem "é para buscar os comuns denominadores, respeitando as diferenças".
"Com Chávez e Maduro temos profundas diferenças, mas isso não é obstáculo para encontrar pontos em comum onde possamos trabalhar para o bem de nossos povos", acrescentou Santos, que disse que o papa o estimulou a continuar com esse espírito de encontro.
Santos acrescentou que as palavras do pontífice o encheram de "emoção, otimismo e energia para continuar buscando a paz do país e que as 24 horas passadas no Vaticano foram "uma injeção de otimismo e de estímulo para seguir trabalhando".
Durante a audiência, Santos informou ao papa sobre as medidas de política social, "agressivas, audazes, progressistas", para melhorar a vida dos mais vulneráveis na Colômbia.
Santos convidou o pontífice a fazer uma visita na Colômbia. Francisco o agradeceu, mas não deu data alguma sobre a eventual viagem.
O papa Francisco disse ao presidente da Colômbia, segundo Santos, que não gosta muito de viajar.
A figura de Laura Montoya também centrou o colóquio. O papa ressaltou que a nova santa é "fértil intérprete das raízes cristãs" da Colômbia e Santos destacou sua capacidade de reconciliação, ressaltando que a Colômbia necessita hoje de "perdão e reconciliação".
O futebol também esteve presente em pauta e conversaram sobre o San Lorenzo de Almagro, o clube do qual o papa é sócio e dos jogadores colombianos Córdoba e Sánchez, que atuam na equipe argentino.
Juan Manuel Santos chegou ao Vaticano acompanhado de um séquito composto por 11 pessoas, entre elas a chanceler María Ángeles Holguín.
Santos presenteou o papa com uma edição especial do livro "Cem Anos de Solidão", de Gabriel García Márquez, com uma gravura original dos personagens do livro.
Francisco agradeceu o presente e disse: "Um livro com o qual desfrutei muito!".
O papa também foi presenteado com um imagem em cerâmica de Nossa Senhora, feita por artesãos da região colombiana de Raquira.
O papa o agradeceu com três medalhas do pontificado e entregou pessoalmente um rosário a cada um dos membros do séquito.
Após a audiência papal, Santos se reuniu com o secretário de Estado, o cardeal Tarcisio Bertone, e o "ministro de exteriores" do Vaticano, o arcebispo Dominique Mamberti.