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Papa deseja uma Europa onde ser imigrante não seja crime

Francisco advertiu que a União Europeia (UE) está se afastando dos princípios e valores sobre os quais foi fundada

Papa: Francisco advertiu que a União Europeia (UE) está se afastando dos princípios e valores sobre os quais foi fundada (Andrea Bonetti / Reuters)
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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2016 às 09h34.

Cidade do Vaticano - O papa disse nesta sexta-feira sonhar com uma Europa "onde ser imigrante não seja um crime, que construa pontes e derrube muros", ao receber das mãos de líderes de instituições europeias o prêmio Carlos Magno.

Francisco advertiu em um longo discurso ao receber o prêmio que a União Europeia (UE) está se afastando dos princípios e valores sobre os quais foi fundada e contou seus "sonhos".

A cerimônia foi celebrada na vaticana Sala Régia, antecâmara da Capela Sistina, e contou com a presença do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker; do parlamento europeu, Martin Schulz, e do Conselho Europeu, Donald Tusk, além de outras autoridades, como o rei da Espanha, Felipe VI, e a chanceler alemã, Angela Merkel.

"Sonho com uma Europa sobre a qual não se possa dizer que seu compromisso pelos direitos humanos foi sua última utopia", concluiu o papa.

Francisco recebeu esta distinção por ser a "voz da consciência" para o continente, segundo a comunicação do prêmio, por sua "mensagem de esperança e coragem em tempos em que tantos cidadãos europeus estão necessitados de orientação".

Os momentos mais intensos de seu discurso chegaram justo no final, quando o papa começou cada frase com a palavra "sonho" e foi enumerando seus desejos para uma nova Europa.

"Sonho com uma Europa que assuma as crianças como um irmão socorre o pobre e os que vêm em busca de amparo, porque já não têm nada e pedem refúgio", disse.

E continuou: "Sonho com uma Europa, onde ser imigrante não seja um crime, mas um convite a um maior compromisso com a dignidade de todo ser humano".

E desejou também "uma Europa das famílias, com políticas realmente eficazes, centradas nos rostos mais do que nos números, no nascimento de filhos mais do que no aumento dos bens".

Francisco, que aceitou este prêmio para que servisse como uma chamada de atenção, pediu que o ato não se transformasse "em um mero gesto de celebração".

"Aquela atmosfera de novidade, aquele ardente desejo de construir a unidade, parecem estar cada vez mais apagados; nós, os filhos daquele sonho, estamos tentados a cair em nossos egoísmos, olhando o que nos é útil e pensando em construir muros", afirmou.

E exclamou: "O que aconteceu com você, Europa humanista, defensora dos direitos humanos, da democracia e da liberdade? Que se passou Europa, terra de poetas, filósofos, artistas, músicos, escritores? Que houve, Europa, mãe de povos e de nações, mãe de grandes homens e mulheres que foram capazes de defender e dar a vida pela dignidade de seus irmãos?".

O papa citou Erich Przywara, Konrad Adenauer e o escritor de origem romeno Elie Wiesel, sobrevivente dos campos de extermínio nazistas, que dizia que é imprescindível realizar uma "transfusão de memória para que não se cometam os mesmos erros do passado".

Embora sem citar especificamente a crise dos refugiados que a Europa enfrenta atualmente, Francisco pediu que fossem lembrados "os projetos dos pais fundadores, mensageiros da paz e profetas do futuro, que não foram superados e inspiram, hoje mais do que nunca, a construir pontes e derrubar muros".

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Cidade do Vaticano - O papa disse nesta sexta-feira sonhar com uma Europa "onde ser imigrante não seja um crime, que construa pontes e derrube muros", ao receber das mãos de líderes de instituições europeias o prêmio Carlos Magno.

Francisco advertiu em um longo discurso ao receber o prêmio que a União Europeia (UE) está se afastando dos princípios e valores sobre os quais foi fundada e contou seus "sonhos".

A cerimônia foi celebrada na vaticana Sala Régia, antecâmara da Capela Sistina, e contou com a presença do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker; do parlamento europeu, Martin Schulz, e do Conselho Europeu, Donald Tusk, além de outras autoridades, como o rei da Espanha, Felipe VI, e a chanceler alemã, Angela Merkel.

"Sonho com uma Europa sobre a qual não se possa dizer que seu compromisso pelos direitos humanos foi sua última utopia", concluiu o papa.

Francisco recebeu esta distinção por ser a "voz da consciência" para o continente, segundo a comunicação do prêmio, por sua "mensagem de esperança e coragem em tempos em que tantos cidadãos europeus estão necessitados de orientação".

Os momentos mais intensos de seu discurso chegaram justo no final, quando o papa começou cada frase com a palavra "sonho" e foi enumerando seus desejos para uma nova Europa.

"Sonho com uma Europa que assuma as crianças como um irmão socorre o pobre e os que vêm em busca de amparo, porque já não têm nada e pedem refúgio", disse.

E continuou: "Sonho com uma Europa, onde ser imigrante não seja um crime, mas um convite a um maior compromisso com a dignidade de todo ser humano".

E desejou também "uma Europa das famílias, com políticas realmente eficazes, centradas nos rostos mais do que nos números, no nascimento de filhos mais do que no aumento dos bens".

Francisco, que aceitou este prêmio para que servisse como uma chamada de atenção, pediu que o ato não se transformasse "em um mero gesto de celebração".

"Aquela atmosfera de novidade, aquele ardente desejo de construir a unidade, parecem estar cada vez mais apagados; nós, os filhos daquele sonho, estamos tentados a cair em nossos egoísmos, olhando o que nos é útil e pensando em construir muros", afirmou.

E exclamou: "O que aconteceu com você, Europa humanista, defensora dos direitos humanos, da democracia e da liberdade? Que se passou Europa, terra de poetas, filósofos, artistas, músicos, escritores? Que houve, Europa, mãe de povos e de nações, mãe de grandes homens e mulheres que foram capazes de defender e dar a vida pela dignidade de seus irmãos?".

O papa citou Erich Przywara, Konrad Adenauer e o escritor de origem romeno Elie Wiesel, sobrevivente dos campos de extermínio nazistas, que dizia que é imprescindível realizar uma "transfusão de memória para que não se cometam os mesmos erros do passado".

Embora sem citar especificamente a crise dos refugiados que a Europa enfrenta atualmente, Francisco pediu que fossem lembrados "os projetos dos pais fundadores, mensageiros da paz e profetas do futuro, que não foram superados e inspiram, hoje mais do que nunca, a construir pontes e derrubar muros".

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