Papa aceita renúncia de arcebispo australiano que acobertou abusos sexuais
O papa Francisco tem adotado uma linha de tolerância zero contra a pedofilia na Igreja, após uma série de escândalos que abalaram o seu papado
AFP
Publicado em 30 de julho de 2018 às 10h21.
O Papa Francisco aceitou a renúncia do arcebispo australiano Philip Wilson, declarado culpado de acobertar abusos sexuais contra um menor de idade nos anos 1970, anunciou nesta segunda-feira o Vaticano.
O arcebispo de Adelaide, de 67 anos, foi acusado de acobertar os abusos de um padre pedófilo, Jim Fletcher. Um tribunal o declarou culpado em maio e ele deve cumprir pena máxima de dois anos de prisão.
"O Santo Padre aceitou a renúncia do governo pastoral da arquidiocese de Adelaide (Austrália) apresentada pelo monsenhor Philip Edward Wilson", afirma a nota divulgada pelo Vaticano.
O prelado, que sempre negou as acusações, anunciou em maio o afastamento de suas funções para examinar o veredicto.
Francisco adotou a linha de tolerância zero contra a pedofilia na Igreja após uma série de escândalos que abalaram o seu papado.
No sábado, em um gesto sem precedentes na história recente, anunciou a suspensão do célebre cardeal americano Theodore McCarrick, de 87 anos, do Colégio Cardinalício e o proibiu de exercer seu ministério após uma investigação que considerou "críveis" as acusações de abuso sexual contra o religioso.
McCarrick, um padre que se tornou bispo e arcebispo na arquidiocese de Nova York antes de se mudar para Washington em 2001, é um dos cardeais americanos mais conhecidos no cenário internacional.
Francisco tenta corrigir os erros e omissões do passado a respeito dos escândalos de pedofilia e seu acobertamento, um dos grandes males da Igreja.
Em maio, 34 bispos chilenos anunciaram suas renúncias por envolvimento em escândalos de pedofilia. Em seguida, 14 padres do país foram suspensos por supostos crimes sexuais, um ato sem precedentes nos cinco anos de papado de Francisco.
Vários membros da hierarquia eclesiástica chilena foram acusados pelas vítimas de ignorar e acobertar os abusos do padre pedófilo Fernando Karadima nos anos 1980 e 1990.