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Palestinos não prorrogarão negociações com Israel após abril

Os líderes israelenses querem prolongar as negociações para além de 29 de abril, fixada como data limite

O negociador palestino, Saeb Erekat, e John Kerry: o processo de paz promovido pelo secretário do Estado americano enfrenta dificuldades (AFP)

O negociador palestino, Saeb Erekat, e John Kerry: o processo de paz promovido pelo secretário do Estado americano enfrenta dificuldades (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2014 às 17h09.

Os palestinos se negam a prorrogar as negociações de paz com Israel além do prazo de abril, declarou nesta quinta-feira à AFP o chefe dos negociadores, Saeb Erakat, no momento em que o processo de paz promovido pelo americano John Kerry enfrenta dificuldades.

"Não serve de nada prolongar as negociações, nem mesmo uma hora, se Israel continuar depreciando o direito internacional", afirmou Erakat.

Erakat fez esta declaração em resposta ao secretário americano de Estado, John Kerry, que afirmou que o diálogo entre as duas partes pode continuar para além dos nove meses estipulados.

"Se houvesse um sócio sincero não teríamos precisado nem mesmo de nove horas para alcançar um acordo", considerou o negociador palestino.

"Mas não há um sócio em Israel comprometido com uma paz verdadeira ou com o direito internacional", acrescentou.

Kerry, que desde o fim de julho do ano passado tenta arrancar um acordo entre Israel e os palestinos, declarou na quarta-feira à imprensa que "ninguém deve se preocupar se ainda forem necessários nove meses (...) para concluir" o processo de paz.

Os líderes israelenses querem prolongar as negociações para além de 29 de abril, fixada como data limite.

Em sua última viagem ao Oriente Médio, em janeiro, Kerry apresentou um projeto de acordo com as linhas gerais de uma solução definitiva em torno dos temas do chamado "status final": as fronteiras, as colônias, a segurança, o status de Jerusalém e os refugiados palestinos.

Kerry se reuniu na semana passada em Paris com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que constatou na sexta-feira o fracasso até agora da diplomacia americana para definir um acordo.


As ideias apresentadas por Kerry a Abbas são inaceitáveis e não podem "servir de base a um acordo" com Israel, afirmou um funcionário palestino, em especial no que diz respeito à "exigência de um reconhecimento do caráter judeu do Estado de Israel como Estado nação judeu".

Os palestinos consideram que isso significaria renunciar sem nada em troca ao direito de retorno dos refugiados, assim como a sua própria história.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que deve ser recebido na segunda-feira pelo presidente Barack Obama na Casa Branca, fez este reconhecimento de Israel como "Estado nação do povo judeu", elemento chave de um acordo de paz.

Clima tenso

O ambiente é tenso quando se aproxima a data final prevista para as negociações.

Os negociadores israelenses e palestinos não se encontram, pelo menos oficialmente, há vários meses.

Além disso, se referindo a necessidades de segurança, Israel exige conservar uma presença militar no longo prazo no Vale do Jordão, ao longo da fronteira entre Cisjordânia e Jordânia. Mas os palestinos não aceitam que soldados israelenses sigam em seu território após um acordo de paz.

Segundo o New York Times, o presidente Obama planeja se envolver pessoalmente no processo de paz e pressionar Netanyahu para que aceite o acordo americano quando o receber na segunda-feira na Casa Branca.

O jornal israelense Yediot Aharanot afirma nesta quinta-feira que o governo de Netanyahu congelou de fato a construção das colônias israelenses, fora dos grandes blocos de colonização, um pomo da discórdia com os palestinos e os americanos.

Em terra, a situação continua tensa e instável, o que aumenta os temores, segundo o próprio Kerry, de uma terceira intifada palestina.

Na manhã desta quinta-feira, um militante palestino morreu em uma operação do exército israelense em Bir Zeit, perto de Ramallah.

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