Palestinos estão pessimistas com promessas de reconstrução
Muitos em Gaza temem que, assim como em guerras passadas contra Israel, nem todo esse dinheiro se materialize
Da Redação
Publicado em 21 de outubro de 2014 às 13h35.
Gaza/Ramallah - A primeira chuva torrencial de um inverno iminente já deixou a Faixa de Gaza encharcada, agravando a miséria de milhares de palestinos que se mobilizam para reparar as casas danificadas pela guerra com Israel durante o verão.
Enquanto autoridades palestinas comemoram os 5,4 bilhões de dólares prometidos em uma conferência internacional de ajuda humanitária para reconstrução e recuperação orçamentária dos territórios palestinos, muitos em Gaza temem que, assim como em guerras passadas contra Israel, nem todo esse dinheiro se materialize.
Ninguém contesta a urgência da necessidade. A ONU diz que 18 mil residências ficaram destruídas ou danificadas nos 50 dias de conflito entre Israel e militantes palestinos, e 108 mil pessoas ficaram desabrigadas no território isolado e empobrecido.
O fluxo de materiais de construção e outros tipos de ajuda vai em grande medida depender se a Autoridade Palestina (AP), que exerce o controle limitado sobre a Cisjordânia ocupada por Israel, vai conseguir expandir seu domínio sobre a Faixa de Gaza, hoje controlada pelo grupo islamista Hamas, rejeitado por muitos países como sendo um grupo terrorista.
Mas apesar de um acordo de unidade palestina estipulado em abril, o Hamas e seus rivais políticos ainda se estranham. Homens de negócios locais dizem que um mecanismo acordado entre ONU, israelenses e palestinos para o transporte de materiais de construção da Cisjordânia para Gaza por meio do território de Israel ainda permanece vago e com burocracia excessiva.
Qualquer ajuda já virá tarde demais para Samir Hassanein, de 37 anos. Um buraco em sua casa danificada deixa a sala de estar exposta, apesar da tentativa desesperada de cobrir a falha com lonas de plástico e tijolos.
A vizinhança de Hassanein, Shejaia, foi bombardeada pela artilharia israelense em 20 de julho. Por quase de dois meses, Hassanein e sua família resistem em ficar; ele está ansioso em não se afastar e perder a passagem de delegações da ONU e organizações de caridade para registrarem sua casa em fundos de reparos que ainda não existem. "Eles devem construir nossas casas para nós --não podemos viver assim. Eles deveriam ter começado a construir há muito tempo. Não estamos preparados para o inverno e agora estamos nos afogando na chuva", disse ele à Reuters.
Israel bombardeou fortemente e invadiu parcialmente a Faixa de Gaza, um pequeno enclave com 1,8 milhão de habitantes, enquanto o Hamas lançava foguetes contra cidades israelenses durante as sete semanas de confrontos. O conflito deixou mais de 2 mil palestinos, a maioria civis, e mais de 70 israelenses, quase todos soldados.
União conturbada
Desde a conferência sobre ajuda humanitária foi encerrada em 12 de outubro no Cairo, apenas 75 caminhões carregados com materiais de construção entraram em Gaza através de Israel --um por dia na semana passada.
O analista econômico de Gaza Maher Al-Tabbaa disse que o montante fica abaixo de um quinto do volume necessário para que os danos provocados pela guerra sejam reparados dentro de três a cinco anos. Apesar da formação de um governo de unidade palestino pelas mãos de tecnocratas em junho, uma insistente desconfiança entre o Hamas e o partido moderado Fatah na Cisjordânia tem lançado dúvidas sobre o aumento do fluxo dos materiais.
Um acordo fechado no mês passado para que o Hamas entregue o controle de postos de fronteira aos rivais palestinos apoiados pelo Ocidente pode aliviar os temores de Israel e doadores de que o grupo possa desviar os fundos ou lucrar com os esforços de reconstrução. Autoridades palestinas estimam o custo da reconstrução física em 4 bilhões de dólares. Mas os doadores aportaram apenas cerca de 2,7 bilhões de dólares para esse objetivo, alocando a outra metade dos recursos prometidos no saneamento do orçamento da Autoridade Palestina.
Gaza/Ramallah - A primeira chuva torrencial de um inverno iminente já deixou a Faixa de Gaza encharcada, agravando a miséria de milhares de palestinos que se mobilizam para reparar as casas danificadas pela guerra com Israel durante o verão.
Enquanto autoridades palestinas comemoram os 5,4 bilhões de dólares prometidos em uma conferência internacional de ajuda humanitária para reconstrução e recuperação orçamentária dos territórios palestinos, muitos em Gaza temem que, assim como em guerras passadas contra Israel, nem todo esse dinheiro se materialize.
Ninguém contesta a urgência da necessidade. A ONU diz que 18 mil residências ficaram destruídas ou danificadas nos 50 dias de conflito entre Israel e militantes palestinos, e 108 mil pessoas ficaram desabrigadas no território isolado e empobrecido.
O fluxo de materiais de construção e outros tipos de ajuda vai em grande medida depender se a Autoridade Palestina (AP), que exerce o controle limitado sobre a Cisjordânia ocupada por Israel, vai conseguir expandir seu domínio sobre a Faixa de Gaza, hoje controlada pelo grupo islamista Hamas, rejeitado por muitos países como sendo um grupo terrorista.
Mas apesar de um acordo de unidade palestina estipulado em abril, o Hamas e seus rivais políticos ainda se estranham. Homens de negócios locais dizem que um mecanismo acordado entre ONU, israelenses e palestinos para o transporte de materiais de construção da Cisjordânia para Gaza por meio do território de Israel ainda permanece vago e com burocracia excessiva.
Qualquer ajuda já virá tarde demais para Samir Hassanein, de 37 anos. Um buraco em sua casa danificada deixa a sala de estar exposta, apesar da tentativa desesperada de cobrir a falha com lonas de plástico e tijolos.
A vizinhança de Hassanein, Shejaia, foi bombardeada pela artilharia israelense em 20 de julho. Por quase de dois meses, Hassanein e sua família resistem em ficar; ele está ansioso em não se afastar e perder a passagem de delegações da ONU e organizações de caridade para registrarem sua casa em fundos de reparos que ainda não existem. "Eles devem construir nossas casas para nós --não podemos viver assim. Eles deveriam ter começado a construir há muito tempo. Não estamos preparados para o inverno e agora estamos nos afogando na chuva", disse ele à Reuters.
Israel bombardeou fortemente e invadiu parcialmente a Faixa de Gaza, um pequeno enclave com 1,8 milhão de habitantes, enquanto o Hamas lançava foguetes contra cidades israelenses durante as sete semanas de confrontos. O conflito deixou mais de 2 mil palestinos, a maioria civis, e mais de 70 israelenses, quase todos soldados.
União conturbada
Desde a conferência sobre ajuda humanitária foi encerrada em 12 de outubro no Cairo, apenas 75 caminhões carregados com materiais de construção entraram em Gaza através de Israel --um por dia na semana passada.
O analista econômico de Gaza Maher Al-Tabbaa disse que o montante fica abaixo de um quinto do volume necessário para que os danos provocados pela guerra sejam reparados dentro de três a cinco anos. Apesar da formação de um governo de unidade palestino pelas mãos de tecnocratas em junho, uma insistente desconfiança entre o Hamas e o partido moderado Fatah na Cisjordânia tem lançado dúvidas sobre o aumento do fluxo dos materiais.
Um acordo fechado no mês passado para que o Hamas entregue o controle de postos de fronteira aos rivais palestinos apoiados pelo Ocidente pode aliviar os temores de Israel e doadores de que o grupo possa desviar os fundos ou lucrar com os esforços de reconstrução. Autoridades palestinas estimam o custo da reconstrução física em 4 bilhões de dólares. Mas os doadores aportaram apenas cerca de 2,7 bilhões de dólares para esse objetivo, alocando a outra metade dos recursos prometidos no saneamento do orçamento da Autoridade Palestina.