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Países mandarão reforços contra ebola; ONU cobra ações

Países do leste da África enviarão profissionais para a África ocidental para combater a epidemia, enquanto a ONU cobra promessas internacionais de ajuda

Ambulância é preparada por equipe de saúde para transportar suposto paciente com ebola (Luiz Carlos Cruz/AFP)

Ambulância é preparada por equipe de saúde para transportar suposto paciente com ebola (Luiz Carlos Cruz/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2014 às 18h28.

Genebra - Os países do leste da África enviarão mais de 600 profissionais especializados para a África Ocidental para ajudar a combater a epidemia de ebola, enquanto as Nações Unidas pediram que as promessas internacionais de ajuda financeira e humana sejam transformadas em ação.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que o Senegal não poderia ser mais considerado um país afetado pelo ebola, depois de o o único caso de contágio ter sido declarado curado. O mesmo pode acontecer na segunda-feira com a Nigéria.

As Nações Unidas consideram que cerca de US$ 1 bilhão sejam necessários no combate eficaz contra a epidemia, que deixou mais de 4.500 mortos desde o começo do ano no oeste da África.

"Dezenas de países expressam sua solidariedade. Mas temos que transformar as promessas em ação. Precisamos de mais médicos, enfermeiros, materiais e centros de tratamento", destacou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

A ONU recebeu até agora 38,1% da ajuda requerida (US$ 377 milhões dos US$ 988 milhões solicitados), declarou na sexta-feira um porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA na sigla em inglês). "É preciso adicionar 217 milhões de dólares prometidos, mas que ainda não entraram nas contas", destacou.

Um fundo especial da ONU chamado Trust Fund, criado para enfrentar esta emergência, dispõe apenas de 100.000 dólares dos US$ 20 milhões previstos. A quantia corresponde apenas à ajuda da Colômbia.

De acordo com o último balanço da OMS, 4.555 pessoas morreram de ebola de um total de 9.216 casos registrados em sete países (Libéria, Serra Leoa, Guiné, Nigéria, Senegal, Espanha e Estados Unidos).

Controles reforçados

A Comunidade do Leste da África (EAC, na sigla em inglês) decidiu enviar mais de 600 profissionais de saúde à África Ocidental, entre eles 41 médicos, que ajudarão a combater a epidemia, anunciou nesta sexta-feira o bloco que reúne cinco países da região (Quênia, Uganda, Ruanda, Tanzânia e Burundi).

Londres enviou a Serra Leoa um navio militar adaptado com um hospital, três helicópteros e 350 pessoas a bordo, que deveriam chegar dentro de duas semanas a Freetown, enquanto a França anunciou que ajudaria os países africanos, especialmente, a Guiné.

Após as críticas de autoridades americanas, Pequim defendeu sua ação no continente, onde está cada vez mais presente no âmbito econômico, e anunciou que enviará 12,7 milhões de euros (16,2 milhões de dólares) a mais para combater a epidemia.

Desde o começo do ano, a China ofereceu aos países do oeste da África 30 milhões de euros em ajuda de emergência e enviou 200 trabalhadores sanitários.

Diante da psicose que começa a tomar conta de alguns países ocidentais, o presidente americano, Barack Obama, tentou esclarecer a situação na quinta-feira.

"Não estamos em uma situação como a da gripe, em que os riscos de uma rápida propagação da doença são iminentes", disse Obama, lembrando que o ebola não é transmitido por via aérea e que uma pessoa só se torna infectante após desenvolver os sintomas, como dores de cabeça, febre e vômitos.

Nos Estados Unidos, duas das enfermeiras encarregadas de cuidar do liberiano Thomas Eric Duncan, o primeiro paciente diagnosticado em um hospital americano, também foram contaminadas com o vírus e permanecem em um centro especializado. Duncan morreu no dia 8 de outubro.

Uma técnica de laboratório de um hospital do Texas, que pode ter tido contato com os fluidos de Duncan, submeteu-se voluntariamente a uma quarentena em um transatlântico em Belize, embora tenha poucas chances de ter contraído a doença, anunciaram nesta sexta-feira o Departamento de Estado e o governo local.

Nesta sexta, o presidente Obama nomeou o procurador Ron Klain para coordenar a resposta americana à epidemia de ebola, em meio à ansiedade crescente sobre a disseminação da doença no oeste da África.

O novo "czar anti-ebola", como foi apelidado pela imprensa americana, vai se reportar diretamente à Conselheira de Segurança Doméstica de Obama, Lisa Monaco, e à Conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice.

Ex-assessor sênior de Obama, Klain iniciou logo o seu trabalho, garantindo que "os esforços para proteger o povo americano com a detecção, o isolamento e o tratamento de pacientes de ebola neste país sejam propriamente integrados, mas não se desviem do compromisso agressivo de deter o ebola na origem, no oeste da África", informou a Casa Branca.

Na Espanha, onde foi registrado o primeiro contágio de ebola fora da África, o estado de saúde da única pessoa infectada melhorou onze dias depois de sua internação, em 6 de outubro. O restante dos casos observados deram negativo para ebola até agora.

Embora na América Latina não tenha sido registrado um contágio, medidas já estão sendo adotadas para evitar eventuais infecções.

A Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) realizará uma reunião extraordinária em Cuba sobre o ebola.

A febre hemorrágica, cujo período de incubação é de 21 dias, é transmitida diretamente através do contato com fluidos corporais, como o suor, o sêmen ou a saliva.

*Atualizada às 18h28 do dia 17/10/2014

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