Parte da porta do Boeing 737 que se soltou em pleno voo nos EUA foi encontrada
O incidente não causou feridos em estado grave, mas obrigou companhias aéreas e organizações de segurança do setor em todo o mundo a deixar em terra algumas versões desses aviões, à espera de inspeções
Agência de notícias
Publicado em 8 de janeiro de 2024 às 13h48.
Última atualização em 9 de janeiro de 2024 às 06h50.
Um professor de uma escola do estado americano do Oregon encontrou parte da porta de um avião Boeing 737 MAX 9 da Alaska Airlines que se soltou no meio do voo, informou a Autoridade de Segurança de Transporte dos Estados Unidos.
A descoberta da peça pode ajudar a esclarecer o que aconteceu. O incidente não causou feridos em estado grave, mas obrigou companhias aéreas e organizações de segurança do setor em todo o mundo a deixar em terra algumas versões desses aviões, à espera de inspeções.
O chefe do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB, na sigla em inglês) disse no domingo, 7, que um professor encontrou o painel da porta no quintal de sua casa em Portland, Oregon, no oeste dos Estados Unidos.
O que aconteceu?
Na sexta-feira, 5, o voo 1282 da Alaska Airlines decolou do aeroporto de Portland e, pouco depois, a tripulação relatou um "problema de pressurização", de acordo com a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês).
O avião voltou rapidamente para Portland. Imagens publicadas nas redes sociais mostraram um enorme buraco, onde o painel lateral havia estourado, com máscaras de oxigênio de emergência caindo do teto.
"Tenho o prazer de anunciar que encontramos o batente da porta", disse a presidente do NTSB, Jennifer Homendy, em entrevista coletiva.
Um batente de porta é um painel de cobertura usado para cobrir uma saída de emergência desnecessária dependendo do número de assentos disponíveis.
"Nas fotos, só vejo a parte externa do batente da porta, as partes brancas. Não conseguimos ver mais nada, mas vamos recolhê-lo para começar a analisar", disse o responsável.
'Revisões imediatas'
Na rede X (ex-Twitter), a FAA declarou que "exige revisões imediatas de determinadas aeronaves Boeing 737 MAX 9 antes que possam voltar a voar".
A administração acrescentou que 171 aviões desse modelo terão de ser inspecionados e que cada inspeção levará de quatro a oito horas.
A Boeing entregou até agora cerca de 218 aeronaves 737 MAX, disse a empresa à AFP.
Ontem à noite, o fabricante disse que seu CEO, Dave Calhoun, convocou uma reunião de segurança com todos os funcionários para terça-feira (9), na fábrica da empresa no estado de Washington, e cancelou uma reunião da direção.
"À luz do incidente do voo 1282 da Alaska Airlines, estamos cancelando a cúpula para nos concentrarmos no nosso apoio à Alaska Airlines e à investigação em curso... (NTSB), e a qualquer um de nossos clientes de companhias aéreas que experimentem um impacto em suas frotas", disse Calhoun, em um comunicado da Boeing.
'Prioridade máxima'
Kyle Rinker, passageiro do voo afetado pelo incidente, disse à CNN que o incidente ocorreu logo após a decolagem.
Outra passageira, Vi Nguyen, disse ao jornal The New York Times que acordou com um estrondo. "Abri os olhos e a primeira coisa que vi foi a máscara de oxigênio bem na minha frente", relatou.
"Olhei para a esquerda, e o painel lateral do avião tinha sumido", contou.
De acordo com o site FlightAware, o Boeing 737 Max 9 decolou às 17h07 com destino a Ontário e retornou para o aeroporto de Portland cerca de 20 minutos depois.
O avião foi certificado em outubro, conforme registros da FAA disponíveis on-line.
"A segurança é nossa prioridade máxima, e lamentamos profundamente o impacto que este evento teve sobre os nossos clientes e seus passageiros", afirmou a Boeing em uma nota.
Várias companhias aéreas afetadas
A Alaska Airlines, que suspendeu todos os seus aviões desse modelo, informou no sábado que mais de 25% de sua frota Max 9 já foi inspecionada, sem nenhuma irregularidade relatada.
A United Airlines, que possui a maior frota mundial de 737 MAX 9, indicou que deixou em terra 46 aviões e que 33 já foram verificados.
A Aeroméxico manterá suas 19 aeronaves B737 MAX-9 em solo para inspeção, informou a companhia aérea em um comunicado.
A panamenha Copa Airlines anunciou que imobilizou 21 aeronaves, e a Turkish Airlines afirmou no domingo que imobilizou cinco aeronaves de sua frota.
Já a Icelandair observou que nenhum de seus 737 MAX 9 apresenta a configuração de aeronave especificada na ordem de imobilização da FAA.
Os aviões 737 MAX da Boeing ficaram sem voar em todo o mundo por 20 meses após uma proibição na esteira de dois acidentes do MAX 8 em 2018 e 2019 que deixaram 346 mortos.