Pai de copiloto questiona "suicídio" em queda de avião em 2015
A resposta encontrada até agora para a queda do avião da Germanwings foi a de que o copiloto, Andreas Lubitz, sofria de depressão e era suicida
EFE
Publicado em 24 de março de 2017 às 14h38.
Última atualização em 24 de março de 2017 às 14h42.
Berlim - O pai de Andreas Lubitz, o copiloto do avião da Germanwings que caiu na França com 150 pessoas a bordo, tentou demonstrar nesta sexta-feira, no segundo aniversário da catástrofe, que seu filho não era um suicida depressivo e que a versão oficial sobre tragédia se baseia em "especulações".
"No momento do acidente meu filho não sofria de depressão", afirmou Günter Lubitz em entrevista coletiva sobre o acidente, que não deixou sobreviventes e cujo responsável, segundo a Procuradoria francesa, foi Andreas.
Representantes de familiares das vítimas encararam como uma "provocação" o dia e a hora escolhidos para a entrevista coletiva - às 09h30 GMT (6h30 de Brasília), o mesmo horário em que aconteceu o último contato com o voo 4U9525, que tinha partido de Barcelona com destino a Düsseldorf.
"Qualquer outro momento teria sido igualmente criticado", indicou Günter Lubitz, que ao lado de sua esposa e seu filho mais novo vive diariamente uma dor sem "consolo possível".
"Sofremos uma dor especial e diferente" ao dos próximos "das outras vítimas", disse, pois além da perda, seu filho é considerado o "único responsável" pela tragédia e descrito como um "suicida e assassino múltiplo".
Em 2009, Andreas Lubitz sofreu uma depressão, que o fez interromper os estudos, mas "recuperou a alegria de viver" e se formou como piloto "com notável sucesso", segundo seu pai.
É certo que tomava remédios, acrescentou Günther, e que também tinha visitado vários médicos. Mas o motivo era um transtorno ocular, perante o qual não havia uma "explicação orgânica", por isso foram receitados antidepressivos.
O pai do copiloto admitiu não saber por que seu filho foi trabalhar naquele dia, apesar de ter obtido licença médica, o que omitiu de seus superiores.
Ghünter se recusou a responder, além disso, à pergunta sobre quanto pagou ao jornalista e especialista em aviação Tim van Beveren, autor de um relatório que tenta apontar a "inconsistência" das conclusões da Promotoria francesa.
Van Beveren, presente na entrevista coletiva junto com dois advogados, deu aos veículos de imprensa presentes uma extensa explicação que começou colocando em dúvida se é possível provar que Andreas se trancou na cabine, aproveitando a ausência do piloto.
Também não está provado, segundo o jornalista, que essa pessoa que ficou sozinha na cabine e aparentemente fez o avião se chocar contra os Alpes franceses estava consciente.
Sua respiração ficou registrada nas gravações, mas não se percebe nenhuma "alteração em sua frequência", nem quando pedem aos gritos para que abra a porta da cabine, nem no momento do impacto.
"Após 48 horas do acidente, a procuradoria apontou a culpabilidade do copiloto. E não mais se moveu", considerou.
Van Beveren admitiu não ter uma versão alternativa sobre o que pode ter acontecido a bordo do avião, mas argumentou que muitas catástrofes aéreas nunca foram esclarecidas.
Seu objetivo, afirmou, é conseguir a reabertura da investigação, já que considera sua conclusão "precipitada".
Van Beveren explicou que "os sistemas nem sempre refletem tudo" para poder reconstituir o que aconteceu na cabine.
Günter Lubitz rompeu seu silêncio, em nome da família, com uma entrevista coletiva de mais de duas horas, na qual pediu que a imprensa preservasse sua vida privada e fizesse perguntas apenas sobre o relatório elaborado pelo especialista.
"Não temos razão alguma para duvidar das conclusões da Procuradoria francesa", indicou, por parte do governo alemão, um porta-voz do Ministério de Transportes.
Paralelamente à entrevista de Günther, na pequena cidade de Haltern, próxima a Düsseldorf, foi realizada uma cerimônia em homenagem aos 16 estudantes que morreram no voo.