Otan investiga morte de 32 civis em bombardeios no Afeganistão
Bombardeio mais recente ocorreu neste sábado, quando 12 crianças e duas mulheres morreram e outras seis pessoas ficaram feridas
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2011 às 10h53.
Cabul, 29 mai (EFE).- A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmou que está investigando as denúncias de oficiais afegãos sobre a morte de 32 civis - entre os quais, 12 crianças - e 20 policiais em dois bombardeios registrados no Afeganistão e divulgados neste domingo.
O bombardeio mais recente ocorreu neste sábado, quando 12 crianças e duas mulheres morreram e outras seis pessoas ficaram feridas na conflituosa província de Helmand, no sul do Afeganistão, denunciou neste domingo à Agência Efe uma fonte oficial afegã.
"Os mortos são cinco meninas, sete meninos e duas mulheres. Entre os seis feridos, há três crianças e uma mulher", informou em comunicado de imprensa o escritório do Governo de Helmand, um dos tradicionais redutos dos rebeldes talibãs.
A investida deste sábado, realizada no distrito de Nawzad, foi uma contraofensiva ao ataque de um grupo de insurgentes contra soldados da Força Internacional de Assistência para a Segurança (Isaf) - missão da Otan no Afeganistão -, disse à Efe o porta-voz Dawood Ahmadi.
Os aviões da Isaf, explicou o escritório, bombardearam duas casas no transcurso de uma operação contra o grupo de rebeldes, que estava atacando a base de Salam Bazar, o que tinha levado os soldados internacionais a pedir apoio aéreo.
De acordo com a Isaf, o comando militar do sudoeste afegão ordenou o envio de uma equipe de investigação à área, após receber informações sobre a "suposta morte de civis" decorrente do bombardeio, sem precisar o número de vítimas.
A organização disse ainda estar investigando outro bombardeio que acabou com a vida de dezenas de insurgentes na província oriental do Nuristão, mas também - segundo disse neste domingo à Efe uma fonte oficial da região - de "18 civis e 20 policiais".
Os insurgentes tentavam tomar o distrito de Du Ab quando houve o incidente. O governador do Nuristão, Jamaluddin Badr, destacou à Efe que 85 rebeldes morreram pela ação armada da Isaf, realizada na quinta-feira.
"Os bombardeios mataram 18 civis porque os talibãs estavam usando os moradores como escudos humanos e disparavam das casas destes contra as forças internacionais e afegãs", afirmou Badr. Segundo ele, além dos civis, 20 policiais morreram nos bombardeios.
Centenas de rebeldes tinham chegado ao distrito de Du Ab, situado próximo à conflituosa fronteira com o Paquistão, cujas zonas tribais são usadas pelos insurgentes como base de operações em sua luta armada no Afeganistão.
Segundo o governador, os talibãs foram expulsos da capital distrital, mas continuam disparando projéteis das florestas próximas contra as tropas afegãs e internacionais.
Cerca de 150 mil soldados estrangeiros estão mobilizados no Afeganistão para a luta contra os talibãs, mas as mortes de civis em suas ações armadas têm repercutido como um grave ponto de atrito entre as tropas e o próprio Governo afegão.
Embora as organizações de direitos humanos atribuam aos talibãs a maioria das mortes de civis, as autoridades afegãs, lideradas pelo presidente Hamid Karzai, consideram inaceitável que os bombardeios da Isaf provoquem vítimas civis.
Neste sábado, Karzai, em visita oficial ao Turcomenistão, anunciou em comunicado que pediu ao Ministério da Defesa afegão para pôr fim às operações "não coordenadas" da Isaf no Afeganistão e assumir o controle das ações noturnas.
O porta-voz de Karzai, Waheed Omer, que promoveu neste domingo uma entrevista coletiva, evitou fazer avaliações sobre as últimas mortes de civis causadas pelas investidas da Otan e se limitou a condenar o ataque suicida talibã que matou neste sábado o general Dawood Dawood e outras seis pessoas.
Segundo dados da Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama), 2.777 civis morreram no ano passado por causa da violência no país, o que representa um aumento de 15% em relação a 2009. EFE