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Orações e lágrimas em recordações do tsunami de 2004 na Ásia

Em 26 de dezembro de 2004, um terremoto de 9,3 graus abalou as costas da ilha indonésia de Sumatra, provocando ondas devastadoras no litoral de vários países

Memorial de Ban Nam Khem: maioria das vítimas do tsunami morreu na costa sul da Tailândia (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2014 às 14h20.

As orações, as lágrimas e as homenagens solenes diante das fossas coletivas marcaram nesta sexta-feira as cerimônias que recordam os 10 anos do tsunami na Ásia, que deixou 220.000 mortos ou desaparecidos e afetou 14 países do Oceano Índico.

Em 26 de dezembro de 2004, um terremoto de 9,3 graus - o mais intenso no planeta desde 1960 - abalou as costas da ilha indonésia de Sumatra, provocando ondas devastadoras no litoral de vários países, como Sri Lanka e Tailândia, e chegando até a África.

Entre as vítimas estavam milhares de turistas estrangeiros, que aproveitavam as festas de fim de ano para passar férias nas praias paradisíacas da região.

A maioria morreu na costa sul da Tailândia: 5.300 vítimas no total neste país, dos quais metade eram estrangeiros.

Para o 10º aniversário, muitos retornaram aos locais da catástrofe, em especial a Khao Lak, onde ao cair da noite se reuniram centenas de homens, mulheres e crianças.

Perto de uma embarcação da polícia, que foi projetado pela onda gigante terra adentro, e que atualmente serve de monumento para recordar a tragédia, centenas de sobreviventes e familiares das vítimas carregavam velas brancas.

Sob uma chuva fina, respeitaram um minuto de silêncio, antes do fim da cerimônia.

Entre os sobreviventes presentes, Katia Paulo, uma suíça de 45 anos, recordou com emoção o dia fatídico.

"Eu estava de costas para o mar. Meu namorado me chamou e a única coisa que lembro é a expressão do rosto dele. Entendi que tinha que fugir, mas a onda me pegou".

Ela nunca mais encontrou o namorado, que teve o corpo localizado um mês depois.

"A água me arrastou várias vezes e pensei que era o fim", recorda.

Ela explica que pediu ajudam a quem estava perto, antes de perceber que eram cadáveres.

"Depois, conseguiu me agarrar a um tronco de árvore".

Máquina de lavar

Para os sobreviventes duas coisas ficarão gravadas para sempre: o som - um rugido terrível - e depois a sensação de ser puxado por uma gigantesca máquina de lavar.

Steve McQueenis, policial britânico, recorda o estupor quando finalmente conseguiu emergir.

"A única coisa que conseguia ver era água. Era como se tivéssemos sido abandonados no meio de um oceano agitado. O mais incrível era que, meia hora antes, este lugar era absolutamente perfeito, um paraíso".

Na mesma área, Somjai Somboon, de 40 anos, afirmou à AFP que ainda tenta superar a perda dos dois filhos, que foram levados pelas gigantescas ondas do tsunami de sua casa na Tailândia.

"Penso neles todos os dias", afirmou a tailandesa, sem conseguir conter as lágrimas.

As homenagens começaram na Indonésia, o país mais afetado pela tragédia com 170.000 mortos .

Em Banda Aceh, a localidade mais próxima do epicentro do terremoto, as cerimônias começaram com o hino nacional da Indonésia cantado por um coral em um parque de 20 hectares.

"Milhares de corpos estão sob esta terra", afirmou o vice-presidente indonésio Yusuf Kalla diante de uma multidão de milhares pessoas, muitas deles sem conseguir conter as lágrimas.

"A catástrofe provocou no início comoção, sofrimento, medo, confusão", disse.

"Mas depois nos recuperamos e recebemos ajuda de forma extraordinária, da Indonésia e de todas as partes, e nosso espírito reviveu", completou, em referência à enorme solidariedade mundial após a tragédia

De fato, a catástrofe provocou tanta solidariedade que meses depois já haviam sido arrecadados em todo o mundo 13,5 bilhões de dólares, dos quais sete bilhões foram destinados para reconstruir 140.000 casas destruídas em Aceh, além de milhares de quilômetros de estradas, novas escolas e hospitais.

No Sri Lanka, país que perdeu 31.000 cidadãos, a recordação da tragédia aconteceu no local em que as ondas gigantes arrastaram um trem, uma tragédia que matou 1.000 passageiros, 90 km ao sul de Colombo.

Cerimônias na Europa

A Europa também organiza cerimônias de recordação. A Suécia, o país fora da Ásia mais afetado pela catástrofe, recorda uma tragédia que representa um "trauma", segundo o primeiro-ministro Stefan Lofven. O país perdeu 543 cidadãos.

Para evitar novas tragédias semelhantes, um sistema de alerta de tsunamis foi criado em 2011, ao mesmo tempo que alguns países investiram para preparar a população para eventuais catástrofes.

Mas os especialistas alertam para um relaxamento da vigilância das populações vulneráveis às catástrofes naturais, apesar da entrada em vigor dos sistemas de alerta.

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Em 26 de dezembro de 2004, um terremoto de 9,3 graus - o mais intenso no planeta desde 1960 - abalou as costas da ilha indonésia de Sumatra, provocando ondas devastadoras no litoral de vários países, como Sri Lanka e Tailândia, e chegando até a África.

Entre as vítimas estavam milhares de turistas estrangeiros, que aproveitavam as festas de fim de ano para passar férias nas praias paradisíacas da região.

A maioria morreu na costa sul da Tailândia: 5.300 vítimas no total neste país, dos quais metade eram estrangeiros.

Para o 10º aniversário, muitos retornaram aos locais da catástrofe, em especial a Khao Lak, onde ao cair da noite se reuniram centenas de homens, mulheres e crianças.

Perto de uma embarcação da polícia, que foi projetado pela onda gigante terra adentro, e que atualmente serve de monumento para recordar a tragédia, centenas de sobreviventes e familiares das vítimas carregavam velas brancas.

Sob uma chuva fina, respeitaram um minuto de silêncio, antes do fim da cerimônia.

Entre os sobreviventes presentes, Katia Paulo, uma suíça de 45 anos, recordou com emoção o dia fatídico.

"Eu estava de costas para o mar. Meu namorado me chamou e a única coisa que lembro é a expressão do rosto dele. Entendi que tinha que fugir, mas a onda me pegou".

Ela nunca mais encontrou o namorado, que teve o corpo localizado um mês depois.

"A água me arrastou várias vezes e pensei que era o fim", recorda.

Ela explica que pediu ajudam a quem estava perto, antes de perceber que eram cadáveres.

"Depois, conseguiu me agarrar a um tronco de árvore".

Máquina de lavar

Para os sobreviventes duas coisas ficarão gravadas para sempre: o som - um rugido terrível - e depois a sensação de ser puxado por uma gigantesca máquina de lavar.

Steve McQueenis, policial britânico, recorda o estupor quando finalmente conseguiu emergir.

"A única coisa que conseguia ver era água. Era como se tivéssemos sido abandonados no meio de um oceano agitado. O mais incrível era que, meia hora antes, este lugar era absolutamente perfeito, um paraíso".

Na mesma área, Somjai Somboon, de 40 anos, afirmou à AFP que ainda tenta superar a perda dos dois filhos, que foram levados pelas gigantescas ondas do tsunami de sua casa na Tailândia.

"Penso neles todos os dias", afirmou a tailandesa, sem conseguir conter as lágrimas.

As homenagens começaram na Indonésia, o país mais afetado pela tragédia com 170.000 mortos .

Em Banda Aceh, a localidade mais próxima do epicentro do terremoto, as cerimônias começaram com o hino nacional da Indonésia cantado por um coral em um parque de 20 hectares.

"Milhares de corpos estão sob esta terra", afirmou o vice-presidente indonésio Yusuf Kalla diante de uma multidão de milhares pessoas, muitas deles sem conseguir conter as lágrimas.

"A catástrofe provocou no início comoção, sofrimento, medo, confusão", disse.

"Mas depois nos recuperamos e recebemos ajuda de forma extraordinária, da Indonésia e de todas as partes, e nosso espírito reviveu", completou, em referência à enorme solidariedade mundial após a tragédia

De fato, a catástrofe provocou tanta solidariedade que meses depois já haviam sido arrecadados em todo o mundo 13,5 bilhões de dólares, dos quais sete bilhões foram destinados para reconstruir 140.000 casas destruídas em Aceh, além de milhares de quilômetros de estradas, novas escolas e hospitais.

No Sri Lanka, país que perdeu 31.000 cidadãos, a recordação da tragédia aconteceu no local em que as ondas gigantes arrastaram um trem, uma tragédia que matou 1.000 passageiros, 90 km ao sul de Colombo.

Cerimônias na Europa

A Europa também organiza cerimônias de recordação. A Suécia, o país fora da Ásia mais afetado pela catástrofe, recorda uma tragédia que representa um "trauma", segundo o primeiro-ministro Stefan Lofven. O país perdeu 543 cidadãos.

Para evitar novas tragédias semelhantes, um sistema de alerta de tsunamis foi criado em 2011, ao mesmo tempo que alguns países investiram para preparar a população para eventuais catástrofes.

Mas os especialistas alertam para um relaxamento da vigilância das populações vulneráveis às catástrofes naturais, apesar da entrada em vigor dos sistemas de alerta.

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