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Opositores venezuelanos desafiam Maduro em protesto de 1º de maio

Opositores tentarão chegar à sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) nos 24 estados, para exigir eleições gerais

Nicolás Maduro: ele liderará uma concentração de seus seguidores na Plaza Bolívar, no centro de Caracas (Miraflores Palace/Handout/Reuters)
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AFP

Publicado em 1 de maio de 2017 às 11h15.

Última atualização em 1 de maio de 2017 às 12h42.

A oposição venezuelana , que completa um mês de mobilizações contra o presidente Nicolás Maduro , marchará novamente nesta segunda-feira em todo o país, em aberto desafio ao governo que normalmente organiza grandes concentrações no dia 1º de Maio.

Embora até agora tenham sido bloqueados pelas forças de segurança, os opositores tentarão chegar à sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) nos 24 estados, para exigir eleições gerais.

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"O regime joga com nosso desgaste, por isso após um mês de resistência devemos demonstrar força", declarou Freddy Guevara, vice-presidente do Parlamento, único poder estatal controlado pela oposição.

Maduro liderará uma concentração de seus seguidores na Plaza Bolívar, no centro de Caracas, considerado um reduto dos chavistas e onde estão o CNE, o TSJ e outros poderes públicos.

"O 1º de Maio pertence à classe trabalhadora. Não é dia de capitalismo, nem de direita", afirmou o presidente socialista em seu programa dominical.

Maduro afirma que seus adversários buscam aplicar um golpe de Estado para propiciar uma intervenção estrangeira, enquanto a oposição o acusa de instaurar uma ditadura.

A "emboscada" de abril

Desde que os protestos começaram, em 1º de abril, os confrontos entre forças antimotins e manifestantes, os saques e tiroteios, deixaram 28 mortos e centenas de feridos, e governo e oposição se acusam mutuamente.

"Foi uma verdadeira emboscada, uma arremetida violenta para criar caos na sociedade, atacar o poder político e impor na Venezuela uma contra-revolução violenta", disse Maduro.

A convulsão política encontrou terreno fértil em um país que, apesar de ter as maiores reservas de petróleo do planeta, sofre uma severa escassez de alimentos e remédios e uma inflação, a mais alta do mundo, que o FMI estima em 720% para 2017.

Na véspera da comemoração do Dia do Trabalho, Maduro aumentou o salário mínimo mensal - salário básico e bônus alimentar - de 150.000 a 200.000 bolívares (280 dólares na taxa oficial mais alta e 50 dólares no mercado paralelo).

A oposição afirma que este aumento já foi ultrapassado pela inflação dos primeiros meses, e que a crise econômica se resolverá quando Maduro, cuja gestão - que termina em janeiro de 2019 e é rejeitada por sete em cada dez venezuelanos, segundo pesquisas privadas - deixar o poder.

Uma nova etapa

Os protestos explodiram depois que o TSJ assumiu temporariamente as funções do Parlamento. Embora tenha voltado atrás nesta decisão após fortes críticas internacionais, desencadeou a atual onda de manifestações, que trouxe à tona as lembranças dos protestos de 2014 que deixaram 43 mortos.

Sem uma solução de curto prazo à vista, a oposição promete seguir nas ruas até conquistar um calendário eleitoral; enquanto Maduro repetiu no domingo seu enigmático pedido de apoio aos seus seguidores para o que estiver por vir.

"Estou convocando a um novo cenário na Venezuela para acabar com esta situação de golpe continuado e fascista (...). Não vou vacilar, não é tempo de medo, não é tempo de dúvida", afirmou.

O presidente socialista cogitou a possibilidade de convocar uma Assembleia Constituinte, sem dar detalhes, razão pela qual seu discurso do Dia do Trabalho gerou expectativa.

"O anúncio mais importante e histórico a trabalhadores e ao país que Maduro pode fazer é deixar o poder", disse o líder opositor Henrique Capriles.

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