Opositora venezuelana María Corina Machado diz estar na 'clandestinidade'
Líder antichavista publicou artigo de opinião no Wall Streed Journal para falar da sua situação no país
Agência de notícias
Publicado em 2 de agosto de 2024 às 07h02.
A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, declarou estar na "clandestinidade", temendo por sua "vida" e sua "liberdade", em um artigo de opinião publicado no Wall Street Journal, depois que o presidente Nicolás Maduro pediu prisão para ela e o candidato opositor, Edmundo González Urrutia.
"Estou escrevendo isto da clandestinidade, temendo por minha vida, por minha liberdade", escreveu Machado no artigo, publicado nesta quinta-feira, 1º, no jornal americano, no qual pediu o cessar "imediato" da repressão aos protestos contra a reeleição de Maduro, a qual denuncia como fraudulenta.
Uma fonte da oposição confirmou à AFP que a dirigente está resguardada e que discursará à nação nas próximas horas.
"As forças de segurança do Estado mataram pelo menos 20 venezuelanos, detiveram mais de 1.000 e causaram onze desaparecimentos forçados nas manifestações. A maior parte da nossa equipe está escondida", acrescentou. "Poderia ser capturada enquanto escrevo estas palavras".
Organizações de defesa dos direitos humanos estimam que a repressão aos protestos tenha deixado onze mortos. Também reportam 711 detidos.
Maduro acusou Machado e González Urrutia de serem os responsáveis pelos atos violentos. "Vocês têm as mãos manchadas de sangue", disse na quarta-feira o presidente, que reivindica a reeleição. "Devem estar atrás das grades", acrescentou.
"Nós, venezuelanos, cumprimos com o nosso dever. Votamos para tirar o senhor Maduro do poder. Agora, cabe à comunidade internacional decidir se tolera ou não um governo provavelmente ilegítimo", escreveu a opositora.
"A repressão deve cessar imediatamente para obter um acordo urgente que facilite a transição para a democracia. Chamo todo aquele que rejeita o autoritarismo e apoia a democracia a se unir ao povo venezuelano nesta nobre causa. Não vamos descansar até sermos livres", acrescentou.
Protestos contra reeleição de Maduro
Após as eleições de domingo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro reeleito para um terceiro mandato de seis anoscom 51% dos votos frente a 44% para González Urrutia. A oposição afirma ter cópias de mais de 80% das atas e que seu candidato teve 67% dos votos.
A última vez que Machado foi vista em público estava com González Urrutia em uma manifestação da oposição ao meio-dia de terça-feira em Caracas.