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ONU reconhece Palestina, mas fecha ano com crise síria

Agência fecha ano com a histórica aprovação da Palestina como estado observador, mas longe de dar um fim à guerra civil síria, apesar das inúmeras tentativas

Rebeldes na cidade síria de Halfaya: conflito no país é o principal insucesso da ONU em 2012 (AFP/Ho)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de dezembro de 2012 às 13h50.

A ONU fecha o ano de 2012 com o histórico reconhecimento da Palestina como estado observador, mas ainda longe de alcançar a paz no Oriente Médio e sem ter conseguido pôr fim a uma cruel guerra civil na Síria que deixou dezenas de milhares de mortos.

Após os Estados Unidos vetarem no ano passado sua entrada na ONU como membro de pleno direito, as autoridades palestinas optaram em 2012 pela chamada 'via vaticana' e iniciaram uma longa campanha diplomática em busca de seu reconhecimento como estado observador que concluiu com a histórica votação do dia 29 de novembro.

Para David Patel, especialista em Oriente Médio da Universidade de Cornell (Nova York), esse reconhecimento é 'meramente simbólico', porque não conseguiu modificar as posturas das partes, e a possibilidade de que voltem a se sentar para negociar 'parece remota'.

'Foi um salva-vidas para Mahmoud Abbas', afirmou à Agência Efe o professor Patel, que por outro lado acredita que depois das eleições de 22 de janeiro em Israel haverá um governo 'mais conservador', e por isso, segundo ele, 'no horizonte não há reflexos de novas negociações' com os palestinos.

Na semana passada, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, mostrou-se muito pessimista sobre o momento que a região do Oriente Médio atravessa, e foi especialmente duro com Israel e sua política de assentamentos, classificando o processo de paz como 'totalmente congelado'.

A incerteza sobre o eterno conflito entre palestinos e israelenses, que se viu agravada pela determinação do governo de Tel Aviv de seguir adiante com a construção de casas apesar da rejeição da comunidade internacional, compartilhou manchetes com o outro grande conflito do ano: a guerra na Síria.

Mesmo um ano após o início dos confrontos, a comunidade internacional não conseguiu deixar para trás suas diferenças e entrar em um acordo para pôr fim a uma crise que ficou latente com a inércia do Conselho de Segurança enquanto o número de vítimas cresce sem parar e as perspectivas de uma solução a curto prazo parecem remotas.


'Começou o ano em conflito e o termina em guerra', lamentou Ban sobre a Síria em sua última entrevista coletiva do ano, na qual reiterou que a única solução é 'política' e deve vir através de 'diálogo'.

Quase dois anos depois, especula-se que já morreram mais de 30.000 pessoas na Síria, segundo os números mais conservadores, enquanto o êxodo de refugiados ultrapassou a casa de de meio milhão.

'Acho que os dias de Bashar al Assad estão contados', afirmou à Efe o professor Patel sobre o futuro do presidente sírio, e da mesma forma que outros analistas políticos comemora os progressos ocorridos nas últimas semanas.

Nos últimos 12 meses também foram ouvidas nos corredores da ONU críticas a uma organização que fica demais tempo negociando uma reforma sobre a qual não conseguem entrar em acordo os Estados-membros e que ameaça reduzir a organização a uma instituição 'com um grande nome, mas pouco poder de influência'.

Essa expressão foi usada pelo próprio Patel, que insistiu que a ONU deve se 'adaptar aos novos tempos' e deixar de ficar ancorada 'ao mundo do pós-guerra'. Caso contrário, disse, é 'otimista demais' crer que a ONU terá um papel destacado em uma crise como a síria ou a de israelenses e palestinos.

Para este estudioso, a 'grande contribuição' da ONU é manter sua presença em lugares 'onde ninguém quer estar', para que não caiam no esquecimento conflitos como os de República Democrática do Congo ou Mali - onde o Conselho de Segurança fechou o ano com a autorização para enviar uma força militar conjunta africana. EFE

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A ONU fecha o ano de 2012 com o histórico reconhecimento da Palestina como estado observador, mas ainda longe de alcançar a paz no Oriente Médio e sem ter conseguido pôr fim a uma cruel guerra civil na Síria que deixou dezenas de milhares de mortos.

Após os Estados Unidos vetarem no ano passado sua entrada na ONU como membro de pleno direito, as autoridades palestinas optaram em 2012 pela chamada 'via vaticana' e iniciaram uma longa campanha diplomática em busca de seu reconhecimento como estado observador que concluiu com a histórica votação do dia 29 de novembro.

Para David Patel, especialista em Oriente Médio da Universidade de Cornell (Nova York), esse reconhecimento é 'meramente simbólico', porque não conseguiu modificar as posturas das partes, e a possibilidade de que voltem a se sentar para negociar 'parece remota'.

'Foi um salva-vidas para Mahmoud Abbas', afirmou à Agência Efe o professor Patel, que por outro lado acredita que depois das eleições de 22 de janeiro em Israel haverá um governo 'mais conservador', e por isso, segundo ele, 'no horizonte não há reflexos de novas negociações' com os palestinos.

Na semana passada, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, mostrou-se muito pessimista sobre o momento que a região do Oriente Médio atravessa, e foi especialmente duro com Israel e sua política de assentamentos, classificando o processo de paz como 'totalmente congelado'.

A incerteza sobre o eterno conflito entre palestinos e israelenses, que se viu agravada pela determinação do governo de Tel Aviv de seguir adiante com a construção de casas apesar da rejeição da comunidade internacional, compartilhou manchetes com o outro grande conflito do ano: a guerra na Síria.

Mesmo um ano após o início dos confrontos, a comunidade internacional não conseguiu deixar para trás suas diferenças e entrar em um acordo para pôr fim a uma crise que ficou latente com a inércia do Conselho de Segurança enquanto o número de vítimas cresce sem parar e as perspectivas de uma solução a curto prazo parecem remotas.


'Começou o ano em conflito e o termina em guerra', lamentou Ban sobre a Síria em sua última entrevista coletiva do ano, na qual reiterou que a única solução é 'política' e deve vir através de 'diálogo'.

Quase dois anos depois, especula-se que já morreram mais de 30.000 pessoas na Síria, segundo os números mais conservadores, enquanto o êxodo de refugiados ultrapassou a casa de de meio milhão.

'Acho que os dias de Bashar al Assad estão contados', afirmou à Efe o professor Patel sobre o futuro do presidente sírio, e da mesma forma que outros analistas políticos comemora os progressos ocorridos nas últimas semanas.

Nos últimos 12 meses também foram ouvidas nos corredores da ONU críticas a uma organização que fica demais tempo negociando uma reforma sobre a qual não conseguem entrar em acordo os Estados-membros e que ameaça reduzir a organização a uma instituição 'com um grande nome, mas pouco poder de influência'.

Essa expressão foi usada pelo próprio Patel, que insistiu que a ONU deve se 'adaptar aos novos tempos' e deixar de ficar ancorada 'ao mundo do pós-guerra'. Caso contrário, disse, é 'otimista demais' crer que a ONU terá um papel destacado em uma crise como a síria ou a de israelenses e palestinos.

Para este estudioso, a 'grande contribuição' da ONU é manter sua presença em lugares 'onde ninguém quer estar', para que não caiam no esquecimento conflitos como os de República Democrática do Congo ou Mali - onde o Conselho de Segurança fechou o ano com a autorização para enviar uma força militar conjunta africana. EFE

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