Mundo

Oceano ácido diminui instinto de sobrevivência dos peixes

A acidificação do oceano diminui o instinto de sobrevivência dos peixes e os expõem aos predadores, segundo um estudo

Peixes no leste de Papua Nova Guiné: nível de acidificação na zona do estudo é comparável ao que os oceanos de todo o planeta terão ao fim deste século (Alastair Cheal/AIMS/AFP)

Peixes no leste de Papua Nova Guiné: nível de acidificação na zona do estudo é comparável ao que os oceanos de todo o planeta terão ao fim deste século (Alastair Cheal/AIMS/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2014 às 11h03.

Sidney - A acidificação do oceano, uma das consequências das mudanças climáticas, diminui o instinto de sobrevivência dos peixes e os expõem aos predadores, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista Nature Climate Change. 

A investigação analisou o comportamento dos peixes nos recifes de corais em frente à costa de Papua Nova Guiné, uma zona onde o oceano é naturalmente ácido, e descobriu que seu comportamento é mais arriscado.

"Normalmente, os peixes evitam o cheiro de um predador, é totalmente lógico. Mas neste caso se sentem atraídos por seu cheiro. É incrível", explicou à AFP um dos autores da pesquisa, o professor Philip Munday da universidade australiana James Cook.

O nível de acidificação na zona do estudo, "um laboratório natural" perfeito, segundo Munday, é comparável ao que os oceanos de todo o planeta terão ao fim deste século se não forem tomadas medidas contra as mudanças climáticas.

Cerca de 30% do dióxido de carbono emitido à atmosfera pela atividade humana termina sendo absorvido pelos oceanos, o que faz com que eles se tornem mais ácidos.

Segundo Munday, os peixes da região estudada não conseguiram se adaptar à acidez, apesar de terem vivido sempre nestas condições.

"Afastam-se muito dos refúgios e são mais ativos. É um comportamento mais arriscado, que os expõe a ataques dos predadores", afirma o cientista.

"Isto demonstra que um peixe não sabe se adaptar quando está exposto permanentemente a altos níveis de dióxido de carbono. Também não sabemos se a adaptação será possível nas próximas décadas", caso a acidificação do oceano continue aumentando, afirma.

O estudo foi realizado conjuntamente pelo Coral Centre of Excellence da Universidade James Cook, pelo Australian Institute of Marine Science, pelo Georgia Institute of Technology e pela National Geographic Society.

Acompanhe tudo sobre:AnimaisMeio ambienteOceanos

Mais de Mundo

Novo líder da Síria promete que país não exercerá 'interferência negativa' no Líbano

Argentinos de classe alta voltam a viajar com 'dólar barato' de Milei

Trump ameaça retomar o controle do Canal do Panamá

Biden assina projeto de extensão orçamentária para evitar paralisação do governo