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Observadores árabes confirmam violação de direitos humanos na Síria

Diplomatas da Liga Árabe visitaram a cidade de Homs e não conseguiram identificar se as infrações foram cometidas pelo exército

Os observadores confirmaram que encontraram violações dos direitos humanos no país  (Khaled Desouki/AFP)

Os observadores confirmaram que encontraram violações dos direitos humanos no país (Khaled Desouki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de dezembro de 2011 às 16h27.

Cairo - Os observadores da Liga Árabe continuaram seu trabalho na cidade de Homs, no centro da Síria, nesta quarta-feira, onde confirmaram a existência de casos de violações de direitos humanos, mas não puderam determinar quem cometeu estas infrações.

Uma fonte da Liga Árabe que pediu anonimato disse à Agência Efe que os observadores, que chegaram na terça-feira em Homs (considerada a cidade mais castigada pela repressão do regime sírio), comprovaram violações de direitos humanos.

No entanto, não foi possível determinar se estas infrações foram cometidas pelas autoridades ou por grupos terroristas, segundo comunicaram os analistas na sede da Liga Árabe no Cairo.

Além de ver mortos e sinais de disparos em casas, a delegação visitou os familiares das vítimas para investigar as circunstâncias das mortes e se aproximaram de bairros afetados pela violência.

O chefe da missão, o general sudanês Mohammed Ahmad Mustafa al Dabi, que deixou Homs para distribuir outros observadores pelo país, destacou no canal sírio 'Addounia' que 'notou a existência de grupos armados na cidade'.

'Alguns lugares foram um pouco alterados, mas não havia nada alarmante', disse o general, que declarou ter visto blindados, apesar de na véspera os ativistas terem denunciado que os veículos do Exército tinham sido ocultados em dependências governamentais.

O chefe da missão foi alvo das críticas dos opositores, que denunciaram que um general envolvido nos crimes da região sudanesa de Darfur está liderando a investigação dos possíveis abusos cometidos na Síria.

Os observadores árabes devem comprovar que a Síria irá cumprir com a iniciativa de solução à crise da Liga Árabe que estipula o fim da violência, a libertação dos detidos nos protestos e a retirada militar das localidades, entre outros pontos.

Já o chefe de Operações da missão, Adnan Isa al Jodeir, afirmou que as autoridades sírias estão cooperando com os observadores, que atuam com 'total liberdade' e se deslocaram também às regiões de Deraa (sul), Hama (centro), Idlib e Aleppo, estas últimas ao norte.

Moradores de Homs e opositores criticaram a atuação da delegação por não prestar atenção às grandes manifestações contra o regime que aconteceram nas últimas horas, disse à Efe o porta-voz dos Comitês de Coordenação Local, Sherin Qabbani.

Esta rede de ativistas denunciou a morte nesta quarta-feira de pelo menos dez pessoas, cinco delas na província de Homs, duas em Hama, duas em Aleppo e outra em Idlib.

Além disso, a violência também foi notada em várias localidades de Idlib, onde se produziram diversas batidas e choques entre militares e supostos desertores, e em Rif Damasco (oeste), onde as tropas sírias abriram fogo contra os civis e destroçaram lojas que permaneciam em greve.

Além disso, pelo menos quatro soldados morreram e outros 12 ficaram feridos em uma emboscada realizada por um grupo de supostos militares desertores no sul da Síria, informou o Observatório sírio de Direitos Humanos.

Desde que começaram os protestos, em meados de março, mais de 5 mil pessoas morreram pela repressão governamental na Síria, segundo a Organização das Nações Unidas, apesar de as autoridades sírias culparem supostos grupos terroristas pela violência.

Damasco libertou nesta quarta-feira 755 presos por participar 'dos últimos fatos', segundo a televisão síria. O regime do presidente sírio, Bashar al Assad, que em novembro anunciou a libertação de mais de 4.300 detidos nos últimos meses, lançou assim um novo gesto à comunidade internacional.

No mês passado, a Liga Árabe suspendeu a participação da Síria na organização e impôs duras sanções econômicas ao país, enquanto ameaçou levar o assunto ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, contra os interesses de Damasco. EFE

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