O que uma vitória de Biden ou Trump pode significar para o Brasil?
Com Biden na presidência, é esperada uma maior pressão para a preservação da Amazônia; caso Trump seja reeleito, protecionismo pode aumentar
Carla Aranha
Publicado em 3 de novembro de 2020 às 22h00.
Apesar do alinhamento do governo brasileiro à política do presidente Donald Trump , uma eventual vitória do candidato democrata, Joe Biden, pode não ser de todo mau para o Brasil, na visão dos especialistas. "Biden é adepto do diálogo e da cooperação internacional, o que pode trazer ganhos para o país", diz Deborah Vieitas, CEO da câmara de comércio americano, a Amcham, no Brasil.
Entre as principais mercados em que ambos os países poderiam construir um espaço de maior cooperação, estão a biodiversidade e o setor de energias renováveis, segundo a Amcham. "As políticas de proteção ambiental de Biden podem se refletir em programas de valorização dos recursos naturais da Amazônia e outros biomas brasileiros", afirma Vieitas.
Ao mesmo tempo, a pressão sobre a preservação das florestas no Brasil (e o fim das queimadas) deve ter maior preponderância em um governo do democrata Joe Biden, que já revelou a intenção de voltar a integrar o Acordo de Paris e diminuir as emissões de carbono.
Durante a campanha, Biden prometeu a disponibilização de mais de 20 bilhões de dólares para a proteção dos biomas brasileiros. Mas a oferta dependeria de um compromisso do governo brasileiro em reduzir o desmatamento, que continua em expansão.
Na visão do diplomata José Alfredo Graça Lima, ex-chefe da missão brasileira junto à União Europeia, o Brasil também precisará fazer um exercício de se adequar a novos princípios advindos de uma nova administração na Casa Branca, caso Joe Biden seja eleito. "Se o candidato democrata for eleito, será preciso aprender a conviver com um novo chanceler", afirma.
Caso nada mude, e Trump continue na presidência dos Estados Unidos, o Brasil também terá alguns desafios pela frente. Talvez um dos principais seja relativo a políticas de protecionismo, que já atingiram a exportação de alumínio, etanol e aço brasileiros. "É o 'America First', em que a indústria americana precia ser protegida a qualquer custo", diz Graça Lima.