O plano de retirada britânico
A saída do Reino Unido da União Europeia não vai ter meio-termo. Em esperado anúncio sobre as diretrizes do Brexit, como ficou conhecido o movimento de desvinculação do bloco, a primeira-ministra britânica, Theresa May, foi assertiva como nunca havia sido desde que assumiu o cargo em junho. Segundo ela, o país vai de fato sair […]
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 17h52.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h20.
A saída do Reino Unido da União Europeia não vai ter meio-termo. Em esperado anúncio sobre as diretrizes do Brexit, como ficou conhecido o movimento de desvinculação do bloco, a primeira-ministra britânica, Theresa May, foi assertiva como nunca havia sido desde que assumiu o cargo em junho. Segundo ela, o país vai de fato sair do mercado único europeu, passará a controlar suas fronteiras e adotará medidas mais rigorosas de imigração. May descartou a possibilidade de oferecer um período de transição muito longo, ponto que tem sido pedido por empresários que temem um fiasco econômico com as novas regras. Uma saída abrupta, calculam analistas, pode derrubar o PIB britânico em 10%.
Para May, acordos que deixem o país “meio dentro, meio fora” não são uma boa opção. O momento é de buscar autonomia sem “perder a boa relação com a Europa”. May afirmou que está em busca de um novo acordo comercial com os europeus, mas que não está interessada em modelos como o da Noruega, que tem status de país associado, nem de outro modelo já existente. Da mesma forma, segundo ela, os britânicos ficarão livres para negociar acordos diretamente com países fora da UE — chegou a citar conversas com o Brasil.
Apesar de o Reino Unido ter um prazo de dois anos para alinhar sua saída, a ideia é que os trâmites sejam resolvidos quanto antes — provavelmente em março, após as eleições legislativas na Irlanda do Norte. Os termos vão passar primeiro por aprovação do Parlamento, como exigiu a Justiça.
May alertou que qualquer tipo de ação punitiva por parte de outros líderes europeus será prejudicial a eles próprios, e chegou a ameaçar baixar tarifas para atrair empresas para fora da UE. A oposição se mostrou cética. “Ela disse que quer ‘deixar o mercado único’, mas ao mesmo tempo quer ter acesso a ele. Não sei como isso vai ser recebido na Europa”, disse Jeremy Corbyn, líder do opositor Partido Trabalhista. Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, disse que a UE está “unida e pronta para negociar”.