A logística para isso, no entanto, não é nada simples (Satellite image (c) 2020 Maxar Technologies./Getty Images)
Karina Souza
Publicado em 28 de março de 2021 às 10h43.
Última atualização em 28 de março de 2021 às 10h48.
No Canal de Suez, os dias passam e uma situação se mantém: o navio gigante de 220 mil toneladas continua encalhado. De acordo com o jornal Financial Times, autoridades locais estudam um "plano C" para tirar o gigante do lugar: remover alguns dos milhares de contêineres a bordo. A logística para isso, no entanto, não é nada simples: cada um deles pode pesar até 30 toneladas -- e a tarefa teria que ser cumprida a uma altura de quase 60 metros.
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Ainda assim, a alternativa é considerada, dado que os esforços recentes de dragagem do navio nos últimos dias não conseguiram tirá-lo do lugar. "A proa está realmente presa na argila arenosa, mas a popa não foi empurrada totalmente para a argila, o que é positivo", disse Peter Berdowski, executivo-chefe da Boskalis, dona da empresa Smit Salvage, que está trabalhando para tirar o navio do lugar, à Reuters.
Neste sábado, o chefe da Autoridade do Canal de Suez afirmou que não há ainda uma data fixa para liberá-lo de uma das principais vias do comércio global.
As consequências do navio parado no lugar são tão grandes quanto seu tamanho: esgotamento de bens de consumo -- que variam de papel higiênico a brinquedos -- e o subsequente risco de inflação gerado a partir disso. Com o bloqueio do canal, cerca de 2 milhões de barris por dia de fluxos de petróleo estão retidos, de acordo com estimativas da Braemar. Estima-se que o Ever Given bloqueie a passagem de navios com quase 10 bilhões de dólares em mercadorias a serem transportadas pela hidrovia egípcia.
“Os atrasos provavelmente aumentarão os custos, colocando ainda mais pressão inflacionária nas cadeias de suprimentos”, disse Chris Rogers, analista-chefe de comércio da Panjiva, da S&P Global Market Intelligence.
Cerca de 12% do comércio global passa pelo Canal de Suez, e a hidrovia é mais conhecida por seu papel nos mercados de energia do que por commodities agrícolas, como o café. Ainda assim, apenas dois grandes produtores de café robusta - Brasil e Costa do Marfim - não usam essa rota-chave para atender grandes consumidores da Europa.
“O estoque na Europa está muito apertado, e o mercado à vista deve pegar fogo”, disse Luhmann, da JL Coffee Consulting. “O estoque no Vietnã é confortável, mas qual é o valor disso se você não pode enviá-lo para a Europa?”