O euro desperta sentimentos ambivalentes entre os europeus
População reclama do aumento de preços depois da criação da moeda única
Da Redação
Publicado em 26 de dezembro de 2011 às 11h57.
Berlim - Os europeus têm sentimentos ambivalentes em relação ao euro , que completa dez anos. Imprescindível na vida diária e elogiado por seus aspectos práticos, ele também é associado à alta de preços e a uma nostalgia quanto às antigas moedas alimentada pela atual crise.
Nas ruas de Madri, Paris ou Bratislava, o tema é recorrente: a passagem para o euro encareceu o custo de vida.
"Um caramelo custava 1,5 franco há dez anos. E agora custa 2 euros!", queixa-se Viviane Vangic, de 37 anos, no centro de Paris. "Desde que o euro chegou à França, perdemos nosso poder aquisitivo", complementa.
"Quando passamos para o euro, o que custava 100 pesetas passou a custar um euro, ou seja, 160 pesetas", concorda María Angeles em Madri.
Segundo uma recente pesquisa, 85% dos alemães consideram que a passagem para o euro provocou uma alta de preços.
Apesar de as estatísticas contradizerem esta tese de uma inflação anormal ligada à passagem para o euro - os preços aumentaram uma média de 2% na Eurozona nos últimos dez anos -, a ideia persiste, principalmente entre os europeus nostálgicos de sua antiga moeda.
É o caso principalmente dos países que adotaram o euro mais recentemente.
"Todos os preços subiram desde a chegada do euro à Eslovênia em 2009", afirma Elena, uma aposentada de 72 anos de Bratislava, que "continua contando em coroas quando faz compras".
No entanto, cada vez são menos numerosos os que fazem este tipo de cálculo. Dessa forma, nos países que escolheram ter a moeda única na primeira onda, em 1º de janeiro de 2002, o euro é a moeda com que cresceram todos os jovens e que faz parte de suas vidas.
"Já nem sei fazer a conversão! Conto tudo em euros", afirma Stephanie Jourdain, uma parisiense de 23 anos.
"Estou apegada ao euro. Desde que comecei a ganhar dinheiro, tem sido em euro", explica Anna Hillig, uma jovem berlinesa de 24 anos. Para ela, o marco - que é a paixão nostálgica de muitos alemães, segundo as pesquisas -, é apenas uma recordação.
Poder passar de um país para o outro sem ter que trocar de moeda é uma das grandes vantagens do euro.
"Os euros são muito mais práticos quando se viaja", declara Anni Raudsepp, dona de casa estoniana de 54 anos.
Seu país foi o último a ingressar na zona euro, no início deste ano.
"Já não preciso trocar de moeda quando viajo", concorda Kamil Rodny, de 29 anos, vendedor de barracas em Bratislava. "Mas a verdade é que já não viajo porque tudo está muito caro", acrescenta, sem atribuir abertamente a culpa à moeda única.
Seu compatriota, Jano Bosansky, empresário, é muito mais hostil em relação à moeda única. "Emprestamos dinheiro aos países endividados, e tudo é mais caro", reclama.
O euro, a manifestação mais tangível da vida diária da integração europeia, é o perfeito bode expiatório nesses tempos de crise da dívida, desaceleração econômica e cortes orçamentários.
Na Espanha, 70% da população considera que a divisa europeia não ajudou em nada ou fez nada de bom, segundo uma pesquisa recente.
"Para mim, é a pior coisa que nos aconteceu", lamenta María Angeles, de Madri. "Estamos arruinados", enfatiza.
Na Grécia, no entanto, epicentro da crise da dívida e em plena recessão, a nostalgia em relação à moeda anterior é menor.
"Se voltarmos ao dracma, cairemos na pobreza. Não faz nenhum sentido", afirma Angeliki, uma aposentada de Atenas.
"A Grécia é membro de um conjunto importante que é a União Europeia", acrescenta Andreas, um estudante que acha que, apenas por essa razão, o país deve permanecer adepto do euro.
Berlim - Os europeus têm sentimentos ambivalentes em relação ao euro , que completa dez anos. Imprescindível na vida diária e elogiado por seus aspectos práticos, ele também é associado à alta de preços e a uma nostalgia quanto às antigas moedas alimentada pela atual crise.
Nas ruas de Madri, Paris ou Bratislava, o tema é recorrente: a passagem para o euro encareceu o custo de vida.
"Um caramelo custava 1,5 franco há dez anos. E agora custa 2 euros!", queixa-se Viviane Vangic, de 37 anos, no centro de Paris. "Desde que o euro chegou à França, perdemos nosso poder aquisitivo", complementa.
"Quando passamos para o euro, o que custava 100 pesetas passou a custar um euro, ou seja, 160 pesetas", concorda María Angeles em Madri.
Segundo uma recente pesquisa, 85% dos alemães consideram que a passagem para o euro provocou uma alta de preços.
Apesar de as estatísticas contradizerem esta tese de uma inflação anormal ligada à passagem para o euro - os preços aumentaram uma média de 2% na Eurozona nos últimos dez anos -, a ideia persiste, principalmente entre os europeus nostálgicos de sua antiga moeda.
É o caso principalmente dos países que adotaram o euro mais recentemente.
"Todos os preços subiram desde a chegada do euro à Eslovênia em 2009", afirma Elena, uma aposentada de 72 anos de Bratislava, que "continua contando em coroas quando faz compras".
No entanto, cada vez são menos numerosos os que fazem este tipo de cálculo. Dessa forma, nos países que escolheram ter a moeda única na primeira onda, em 1º de janeiro de 2002, o euro é a moeda com que cresceram todos os jovens e que faz parte de suas vidas.
"Já nem sei fazer a conversão! Conto tudo em euros", afirma Stephanie Jourdain, uma parisiense de 23 anos.
"Estou apegada ao euro. Desde que comecei a ganhar dinheiro, tem sido em euro", explica Anna Hillig, uma jovem berlinesa de 24 anos. Para ela, o marco - que é a paixão nostálgica de muitos alemães, segundo as pesquisas -, é apenas uma recordação.
Poder passar de um país para o outro sem ter que trocar de moeda é uma das grandes vantagens do euro.
"Os euros são muito mais práticos quando se viaja", declara Anni Raudsepp, dona de casa estoniana de 54 anos.
Seu país foi o último a ingressar na zona euro, no início deste ano.
"Já não preciso trocar de moeda quando viajo", concorda Kamil Rodny, de 29 anos, vendedor de barracas em Bratislava. "Mas a verdade é que já não viajo porque tudo está muito caro", acrescenta, sem atribuir abertamente a culpa à moeda única.
Seu compatriota, Jano Bosansky, empresário, é muito mais hostil em relação à moeda única. "Emprestamos dinheiro aos países endividados, e tudo é mais caro", reclama.
O euro, a manifestação mais tangível da vida diária da integração europeia, é o perfeito bode expiatório nesses tempos de crise da dívida, desaceleração econômica e cortes orçamentários.
Na Espanha, 70% da população considera que a divisa europeia não ajudou em nada ou fez nada de bom, segundo uma pesquisa recente.
"Para mim, é a pior coisa que nos aconteceu", lamenta María Angeles, de Madri. "Estamos arruinados", enfatiza.
Na Grécia, no entanto, epicentro da crise da dívida e em plena recessão, a nostalgia em relação à moeda anterior é menor.
"Se voltarmos ao dracma, cairemos na pobreza. Não faz nenhum sentido", afirma Angeliki, uma aposentada de Atenas.
"A Grécia é membro de um conjunto importante que é a União Europeia", acrescenta Andreas, um estudante que acha que, apenas por essa razão, o país deve permanecer adepto do euro.