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O ano em que Monti devolveu a credibilidade à Itália

Roma - O governo do tecnocrata Mario Monti chega no final de 2012 com a eminente renúncia do primeiro-ministro após o amplo espectro de medidas econômicas adotadas, entre elas vários cortes no gasto público, e a possibilidade de o ex-comissário europeu de concorrência retornar à arena política. A prudência de Monti deixou de lado as […]

Mario Monti: prudência de Monti deixou de lado as cenas histriônicas do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e a imagem da Itália recuperou peso nos fóruns europeus (AFP/Thierry Charlier)
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Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2012 às 20h56.

Roma - O governo do tecnocrata Mario Monti chega no final de 2012 com a eminente renúncia do primeiro-ministro após o amplo espectro de medidas econômicas adotadas, entre elas vários cortes no gasto público, e a possibilidade de o ex-comissário europeu de concorrência retornar à arena política.

A prudência de Monti deixou de lado as cenas histriônicas do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e a imagem da Itália recuperou peso nos fóruns europeus graças ao profissionalismo do 'Professor', como é conhecido na Itália, que soube conquistar o respeito da chanceler alemã, Angela Merkel, além dos demais governantes europeus.

No dia do primeiro aniversário à frente do Executivo, Monti assegurou em um documento que 'talvez hoje, sem as políticas de rigor aprovadas pelo Executivo, não existiria a zona do euro ou ela teria sua dimensão geográfica reduzida. Essas políticas só conseguiram ser realizadas pela Itália por conta de um esforço coletivo sem precedentes'

Em 17 de novembro de 2011, o Executivo de Monti recebia o voto de confiança do Parlamento e se dispunha a governar o país.

A crise econômica e um prêmio de risco problemático obrigaram Berlusconi a renunciar, e o presidente, Giorgio Napolitano, decidiu, após consultar os partidos políticos e perante a grave situação interna, nomear um tecnocrata para que dirigisse o país até o término da legislatura, o que no início estava previsto para abril de 2013.

Monti iniciou seu mandato tentando recuperar a credibilidade internacional, o que levou a realizar 30 visitas a China, Estados Unidos, Japão, Líbia, Líbano, Argélia e às principais capitais europeias, sem contar as viagens para Bruxelas.


Já em 4 de dezembro de 2011, o governo apresentou um contundente plano de ajuste no valor de 30 bilhões de euros, que será lembrado sobretudo pelas lágrimas da ministra de Trabalho, Elsa Fornero, durante a entrevista coletiva na qual abordou também a reforma da previdência, que aumenta a idade de aposentadoria progressivamente até 67 anos.

Posteriormente, o Executivo de Monti também aprovou um pacote de liberalizações e de simplificação dos trâmites burocráticos louvado pela Europa e que aliviou o prêmio de risco.

Durante seu mandato, Berlusconi deixou o diferencial entre o bônus alemão e o italiano há dez anos em cerca de 600 pontos básicos, enquanto o prêmio de risco com Monti, embora com altos e baixos, caiu a menos de 300.

O ano de 2012 será lembrado também como o ano da introdução do imposto de bens imóveis para a primeira casa, que Berlusconi tinha retirado, e da chamada 'spending review', na qual foram cortados os excessivos gastos públicos.

Monti também conseguiu arrecadar 13 bilhões de euros com a luta contra a evasão fiscal realizando neste ano 667 mil controles fiscais.

Mas o dia 8 de dezembro de 2012 é um marco no ano pelo anúncio inesperado do ex-comissário europeu de que renunciaria ao cargo após a aprovação da Lei de Orçamentos em 21 de dezembro, o que de fato se concretizou.

Os principais fatores para Monti decidir não terminar seu mandato foram as duras críticas contra sua política econômica pelo secretário do partido de Silvio Berlusconi - o Povo da Liberdade (PDL) -, Angelino Alfano.

Berlusconi, de 76 anos e com vários processos judiciais abertos, já anunciou que se apresentará como candidato nas eleições de 24 de fevereiro de 2013. EFE

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Roma - O governo do tecnocrata Mario Monti chega no final de 2012 com a eminente renúncia do primeiro-ministro após o amplo espectro de medidas econômicas adotadas, entre elas vários cortes no gasto público, e a possibilidade de o ex-comissário europeu de concorrência retornar à arena política.

A prudência de Monti deixou de lado as cenas histriônicas do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e a imagem da Itália recuperou peso nos fóruns europeus graças ao profissionalismo do 'Professor', como é conhecido na Itália, que soube conquistar o respeito da chanceler alemã, Angela Merkel, além dos demais governantes europeus.

No dia do primeiro aniversário à frente do Executivo, Monti assegurou em um documento que 'talvez hoje, sem as políticas de rigor aprovadas pelo Executivo, não existiria a zona do euro ou ela teria sua dimensão geográfica reduzida. Essas políticas só conseguiram ser realizadas pela Itália por conta de um esforço coletivo sem precedentes'

Em 17 de novembro de 2011, o Executivo de Monti recebia o voto de confiança do Parlamento e se dispunha a governar o país.

A crise econômica e um prêmio de risco problemático obrigaram Berlusconi a renunciar, e o presidente, Giorgio Napolitano, decidiu, após consultar os partidos políticos e perante a grave situação interna, nomear um tecnocrata para que dirigisse o país até o término da legislatura, o que no início estava previsto para abril de 2013.

Monti iniciou seu mandato tentando recuperar a credibilidade internacional, o que levou a realizar 30 visitas a China, Estados Unidos, Japão, Líbia, Líbano, Argélia e às principais capitais europeias, sem contar as viagens para Bruxelas.


Já em 4 de dezembro de 2011, o governo apresentou um contundente plano de ajuste no valor de 30 bilhões de euros, que será lembrado sobretudo pelas lágrimas da ministra de Trabalho, Elsa Fornero, durante a entrevista coletiva na qual abordou também a reforma da previdência, que aumenta a idade de aposentadoria progressivamente até 67 anos.

Posteriormente, o Executivo de Monti também aprovou um pacote de liberalizações e de simplificação dos trâmites burocráticos louvado pela Europa e que aliviou o prêmio de risco.

Durante seu mandato, Berlusconi deixou o diferencial entre o bônus alemão e o italiano há dez anos em cerca de 600 pontos básicos, enquanto o prêmio de risco com Monti, embora com altos e baixos, caiu a menos de 300.

O ano de 2012 será lembrado também como o ano da introdução do imposto de bens imóveis para a primeira casa, que Berlusconi tinha retirado, e da chamada 'spending review', na qual foram cortados os excessivos gastos públicos.

Monti também conseguiu arrecadar 13 bilhões de euros com a luta contra a evasão fiscal realizando neste ano 667 mil controles fiscais.

Mas o dia 8 de dezembro de 2012 é um marco no ano pelo anúncio inesperado do ex-comissário europeu de que renunciaria ao cargo após a aprovação da Lei de Orçamentos em 21 de dezembro, o que de fato se concretizou.

Os principais fatores para Monti decidir não terminar seu mandato foram as duras críticas contra sua política econômica pelo secretário do partido de Silvio Berlusconi - o Povo da Liberdade (PDL) -, Angelino Alfano.

Berlusconi, de 76 anos e com vários processos judiciais abertos, já anunciou que se apresentará como candidato nas eleições de 24 de fevereiro de 2013. EFE

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