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Novos combates no leste da Ucrânia colocam trégua em risco

O cessar-fogo declarado no dia 5 de setembro diminuiu a tensão neste conflito e é o mais grave entre a Rússia e os países ocidentais desde o fim da Guerra Fria

Soldados ucranianos em suas posições, perto da cidade de Pervomaysk, no leste da Ucrânia (Gleb Garanich)
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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2014 às 14h50.

A trégua na Ucrânia voltou a ser violada neste domingo em torno do aeroporto de Donetsk, reduto dos rebeldes pró-russos, em um contexto de crescentes tensões e acusações recíprocas entre Kiev e Moscou.

Repórteres da AFP viram espessas colunas de fumaça sobre Donetsk, e foram ouvidas grandes explosões, assim como disparos de armas automáticas.

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O governo de Kiev acusa os rebeldes de colocar em risco a trégua com uma nova ofensiva contra posições do exército nesta região, punida com cinco meses de um conflito que já deixou cerca de 2.700 vítimas.

Os combates deste domingo se concentravam ao redor do aeroporto de Donetsk, nas mãos do exército, onde na sexta-feira os militares ucranianos disseram ter freado uma ofensiva rebelde.

"As ações terroristas estão ameaçando a execução do plano de paz do presidente Petro Poroshenko", indicou um porta-voz do conselho nacional de segurança e defesa, Volodymyr Polyovy.

Já os rebeldes acusaram o exército ucraniano de disparar contra eles.

"Do nosso lado ninguém está disparando, mas eles estão quebrando as regras, todos sabem", afirmou um comandante rebelde em um posto de controle perto do povoado de Olenivka, ao sul de Donetsk.

O cessar-fogo declarado no dia 5 de setembro diminuiu a tensão neste conflito - o mais grave entre a Rússia e os países ocidentais desde o fim da Guerra Fria - e permitiu a troca de prisioneiros.

Apesar disso, o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, acusou novamente no sábado o presidente russo, Vladimir Putin, de querer "eliminar a Ucrânia como país independente".

Sanções econômicas

A crise também provocou uma guerra econômica entre a Rússia e os países ocidentais.

O presidente Petro Poroshenko viaja nesta semana a Washington, onde se reunirá com Barack Obama para buscar um status especial em sua relação com os Estados Unidos para se afastar da órbita de Moscou.

Até o momento, o presidente americano rejeitou um envolvimento direto, mas anunciou uma série de sanções econômicas que, junto às que a União Europeia também declarou, impedem o acesso da Rússia ao capital ocidental e afetam a indústria petrolífera, chave para Moscou.

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, acusou no sábado os Estados Unidos de tentar usar o conflito para "romper os laços econômicos entre a UE e a Rússia e forçar a Europa a comprar gás americano a preços mais altos".

A UE, muito dependente do gás russo, decidiu na sexta-feira adiar até 2015 a entrada em vigor de um acordo comercial com a Ucrânia que os dois parlamentos ratificarão na próxima terça-feira, um gesto interpretado como uma concessão a Moscou.

A trégua declarada no início do mês colocou fim a uma contraofensiva rebelde que tinha, segundo os ocidentais, o apoio de paraquedistas e armamento russo, embora Moscou sempre tenha negado a presença de suas tropas na Ucrânia.

A tensão aumentou no sábado com a chegada ao território rebelde de um comboio de ajuda humanitária russa de 220 caminhões. O conteúdo dos caminhões não foi controlado na fronteira e as autoridades de Kiev denunciaram uma violação dos trâmites fronteiriços.

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