Mundo

Novo premiê grego anuncia governo que negociará com UE

Alexis Tsipras apresentou a composição de seu governo, cuja prioridade será renegociar a dívida externa e terminar com a política de austeridade


	Alexis Tsipras, líder do Syriza, fala a apoiadores após vencer as eleições na Grécia
 (REUTERS/Marko Djurica)

Alexis Tsipras, líder do Syriza, fala a apoiadores após vencer as eleições na Grécia (REUTERS/Marko Djurica)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2015 às 15h54.

Atenas - O novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, apresentou nesta terça-feira a composição de seu governo, cuja prioridade será renegociar a dívida externa do país e terminar com a política de austeridade que empobreceu a população.

O professor de economia de 53 anos é considerado um dos "radicais" do partido antiliberal Syriza, ao qual pertence há pouco tempo, e chamou a atenção por seus ataques contra as políticas de austeridade impostas por Bruxelas, considerada a responsável por "uma crise humanitária" em seu país.

Tsipras também nomeou como vice-primeiro-ministro um economista mais moderado, Ioannis Dragasakis, de 68 anos, defensor da reestruturação da dívida e de uma reforma do Estado.

Dragassakis, um quadro veterano do partido, coordenará as pastas de Economia, Turismo, Marinha Mercante e Infraestrutura.

O novo governo só conta com uma dezena de ministérios, incluídos quatro super ministérios (Economia, Interior, Cultura e Saúde).

O partido nacionalista de direita Gregos Independentes (ANEL), que fechou um acordo de governo com o Syriza, obteve o ministério de Defesa para seu presidente Panos Kammenos.

Nikos Kotzias, um universitário e antigo conselheiro do ex-primeiro-ministro socialista Yorgos Papandreu, é o novo ministro das Relações Exteriores.

Primeiras reuniões

A bolsa de Atenas caiu 6,4% após o anúncio do novo governo, e o título grego a 10 anos subiu a níveis próximos a 10%, longe dos 8,7% da semana passada.

Nos próximos dias as personalidades europeias começam a chegar a Atenas. Na quinta-feira, é o dia do presidente Parlamento Europeu, Martin Schulz, que se reunirá com o novo primeiro-ministro grego.

O presidente do Eurogrupo, o ministro holandês da Economia Jeroen Dijsselbloem, que na segunda-feira conversou por telefone com Yannis Varoufakis, se reunirá na sexta-feira em Atenas com Tsipras e com o novo ministro grego da área, disse à AFP um porta-voz do Eurogrupo.

Dijsselbloem lembrou na segunda-feira que "os problemas da Grécia continuam" e que "esperava conhecer a posição do novo governo".

A União Europeia exigiu que antes do fim de fevereiro a Grécia adote novas medidas de ajuste para obter a entrega da parcela de 7 bilhões de euros de ajuda.

Tsipras disse, após sua histórica vitória nas eleições de domingo, que a austeridade é coisa do passado, mas que está disposto a negociar.

Reestruturar a dívida para crescer

"Se houver boa vontade dos dois lados, se chegará a uma decisão", disse Yannis Dragassakis à AFP, antes das eleições.

"A reestruturação da dívida é um dos fatores que podem contribuir com a reativação. O outro (fator) é a necessidade de reformas", lembrou.

O Syriza deseja organizar uma conferência europeia que aborde as dívidas dos países, como a que foi celebrada em Londres em 1953, levando a uma redução substancial da dívida de uma Alemanha arruinada na Segunda Guerra Mundial.

A questão da reestruturação divide os europeus, embora a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, tenha dito que não é contra a ideia de uma conferência para discutir o tema.

No contexto interno, o governo grego destinará 1,2 bilhão de euros à luta contra a "exclusão social" sofrida por centenas de milhares de gregos depois de seis anos de crise econômica e política de austeridade.

O novo governo prometeu, também, aumentar o salário mínimo de 580 para 751 euros, cortar alguns impostos e implementar um plano contra o clientelismo e a corrupção.

Essas medidas, contudo, geram calafrios em alguns países produzem calafrios em alguns países da Europa, particularmente na Alemanha, guardiã do rigor orçamentário.

A chanceler alemã, Angela Merkel, demorou 48 horas para enviar uma mensagem de felicitação a Tsipras, uma demora inusitada. Finalmente, lhe desejou nesta terça-feira "muita força e sucesso".

Tsipras, cujo partido obteve 149 assentos dos 300 no parlamento grego. Foram apenas dois a menos do que o necessário para atingir a maioria absoluta de 151, e por isso optou por uma aliança com o ANEL, com 13 deputados.

O Syriza e o ANEL têm muitas diferenças, mas nos últimos três anos convergiram na oposição à política de austeridade e de submissão do governo à troika de credores formada por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI.

Acompanhe tudo sobre:Crise gregaEuropaGovernoGréciaPiigs

Mais de Mundo

Kamala Harris flexibiliza proposta de Biden sobre tributação de ganhos de capital

Como astronautas podem votar nas eleições dos EUA?

Ministro da Venezuela diz que sabe onde está Gonzáles Urrutia, opositor de Maduro nas eleições

Hunter Biden, filho do presidente dos EUA, começa a ser julgado nesta quinta por evasão fiscal

Mais na Exame