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Nova presidente precisa obter legitimidade, afirma analista política do Peru

Dina Boluarte precisa encontrar legitimidade e formar um governo de união se quiser se manter no poder até as próximas eleições, em 2026

BANGKOK, THAILAND - NOVEMBER 19: Vice President Dina Boluarte of Peru enters the APEC Economic Leaders Sustainable Trade and Investment meeting at he Queen Sirikit National Convention Center on November 19, 2022 in Bangkok, Thailand. Thailand is hosting the APEC meetings this year, which will culminate in the leaders' meetings which will run from Nov. 17 to 19. (Photo by Lauren DeCicca/Getty Images) (Lauren DeCicca/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de dezembro de 2022 às 11h44.

A nova presidente do Peru, Dina Boluarte , é a primeira mulher a assumir o cargo e chega ao poder após uma tentativa frustrada de golpe por parte do agora ex-presidente Pedro Castillo. Apesar de publicamente condenar a ação de Castillo, Dina Boluarte precisa encontrar legitimidade e formar um governo de união se quiser se manter no poder até as próximas eleições, em 2026.

“Ela não conta com um período de ‘lua de mel’ como chamamos, então logo no início terá de mostrar ações concretas. Além disso ela precisa encontrar legitimidade sem ter sido democraticamente eleita, e por assumir após uma tentativa de golpe”, explica a analista política peruana Denisse Rodriguez-Olivari ao Estadão.

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Quais são os principais desafios da nova presidente do Peru?

O primeiro grande desafio dela é encontrar legitimidade em meio a uma presidência deslegitimada. Ela não conta com um período de ‘lua de mel’ como chamamos, então logo no início terá de mostrar ações concretas. Além disso, ela precisa encontrar legitimidade sem ter sido democraticamente eleita, e por assumir após uma tentativa de golpe. Por último, ela precisa formar um gabinete de ampla base que seja reflexo das distintas forças políticas dentro e fora do governo peruano.

O que a nova presidente deve fazer para não cometer os mesmos erros de Pedro Castillo?

Para começar, precisa ter mais diálogo e ser mais competente. Não apenas porque não foi eleita, nem preparada para o cargo, mas porque o Peru é um país muito machista. A primeira mulher presidente terá de enfrentar uma série de questionamentos para além de sua capacidade de governar ou não, e precisamos levar isso em conta. Vejo paralelos muito semelhantes com o que viveu a ex-presidente Dilma Rousseff, uma mulher em posição de poder na América Latina. Outra questão é que tenha bons assessores. A decisão tão irracional de Pedro Castillo ao tentar esse autogolpe é bastante preocupante. O que pode ter levado o presidente a tomar tal decisão? Ele nem sequer conseguiu chegar até a Embaixada do México, onde aparentemente pretendia se asilar, porque foi detido pela própria escolta. Isso reflete o quão carente de apoio ele estava.

O que esperar desse novo governo?

Isso vai depender muito de quais setores do governo estão dispostos a participar. Alguns já se colocam como parte da equipe ministerial, mas ainda é cedo para afirmar qualquer coisa. O importante é que seja um governo que reflita um consenso e unidade.

Qual deve ser o comportamento do Congresso peruano agora?

O Congresso peruano tem sido muito conflitante nos últimos anos e deveria fazer uma autocrítica. A crise à qual chegamos, na quarta-feira, foi resultado da má gestão presidencial, mas também da má condução do Congresso e dos grupos que o compõem. Essa oposição não teve responsabilidade suficiente para conduzir seu papel fiscalizador, que deveria ser seu principal papel. Lamentavelmente, eu acredito que será muito difícil mudar porque o Congresso peruano está composto por grupos extremos e interesses econômicos muito distintos.

O que esperar do partido Peru Livre?

Não esperaria muito, na verdade. Já haviam deixado Castillo isolado e o mote do partido era continuar o confronto entre Legislativo e Executivo. Agora, não há muito o que esperar.

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