Lua: a URSS enviou o primeiro homem ao espaço em 1961 (Alexander Rieber/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 16 de agosto de 2023 às 15h32.
Última atualização em 16 de agosto de 2023 às 16h03.
A primeira sonda lunar lançada pela Rússia em quase meio século entrou na órbita da Lua com sucesso nesta quarta-feira, de acordo com a agência espacial russa Roscosmos. Em meio a um cenário de isolamento internacional pela guerra na Ucrânia, Moscou pretende fazer história na nova corrida espacial ao pousar o módulo Luna-25 no Polo Sul da Lua — região lunar que nenhum país jamais atingiu.
"Pela primeira vez na história contemporânea da Rússia, uma estação automática foi colocada em órbita lunar às 12h03, horário de Moscou" [6h03 no horário de Brasília], disse a assessoria de imprensa da Roscosmos, confirmando que todos os sistemas da Luna-25 funcionam normalmente. A comunicação com ela é estável.
A operação foi realizada com a ajuda do motor da sonda, que foi ativado duas vezes a partir das 11h57 (horário de Moscou), a primeira vez por 243 segundos, e a segunda por 76, detalhou a agência espacial russa em um comunicado. A sonda Luna-25 orbitará a cerca de 100 quilômetros da superfície, antes de seu pouso na cratera de Boguslawsky, no Polo Sul, programado para segunda-feira, acrescentou a Roscosmos.
No domingo, as câmeras instaladas no módulo enviaram as primeiras fotografias tiradas no espaço. Nas imagens, é possível ver parte da sonda, e a Terra e a Lua, ao fundo. O foguete Soyuz, que impulsionou esta sonda de 800 quilos, decolou da base espacial de Vostochni, no extremo-leste russo, em 11 de agosto.
A missão prevê que, ao longo de um ano, a Luna-25 irá coletar amostras e analisar o solo lunar. Essa é a primeira missão russa em direção à Lua desde 1976, época em que a antiga União Soviética estava na vanguarda da conquista espacial.
A missão busca dar um novo impulso ao programa espacial russo, que enfrenta dificuldades de inovação e falta de financiamento, em meio às sanções aplicadas pelo Ocidente ao país por causa da invasão da Ucrânia. Em um momento em que o mundo acompanha o que já é chamado de uma nova corrida espacial, o programa russo sofre com retaliações econômicas e de parcerias tecnológicas.
Atualmente, a Roscosmos tem buscado cooperação com a China, país que tem ajudado Moscou a manter a economia russa de pé durante a guerra. Antes da invasão à Ucrânia, a Agência Espacial Europeia ia contribuir com uma câmara para um projeto conjunto com China e Rússia que visa a Marte, no entanto o apoio foi suspenso em resposta à ofensiva.
O programa espacial russo também foi impactado por uma série de escândalos de corrupção. Nesse contexto, o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu dar continuidade ao programa espacial, apesar das sanções, lembrando que a URSS enviou o primeiro homem ao espaço, em 1961, também em meio a tensões com o Ocidente.
A nova corrida em direção à Lua é liderada pelos Estados Unidos, que querem levar astronautas ao Polo Sul dentro de dois anos. A Rússia não tem condições de igualar esse feito, mas com a Luna-25 pode ser a primeira nação a pousar nessa zona inexplorada.
A Índia também já deu a largada para uma missão semelhante, tendo como alvo o Polo Sul da Lua. A coincidência de datas no cronograma das duas missões criou a expectativa no mundo científico sobre quem chegará primeiro. Mas os cientistas de Moscou pretendem cruzar a linha de chegada antes.
O pouso da Chandrayaan-3 indiana está previsto para 23 de agosto, dois dias depois da data marcada para a alunissagem da sonda russa. O módulo indiano foi lançado em 14 de julho, mas faz uma aproximação mais longa do destino, se mantendo em órbita da Lua por várias semanas, segundo a BBC. (Com AFP e El País)