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No Vaticano, novo papa é considerado "reservado e humilde"

Imprensa italiana diz que Franciso I impressionou os cardeais nas reuniões preliminares ao conclave, nas quais os problemas da Igreja foram discutidos

Papa Franciso I é considerado "humilde e reservado" por fieis no Vaticano (REUTERS/Dylan Martinez)
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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2013 às 20h03.

Cidade do Vaticano - O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito de forma surpreendente, na quarta-feira, para comandar a Igreja Católica Apostólica Romana em uma época de crise. Primeiro papa não-europeu em quase 1.300 anos, Bergoglio assumiu o nome de Francisco I .

O novo papa, de 76 anos, apareceu na sacada central da basílica de São Pedro cerca de uma hora depois do surgimento da fumaça branca na pequena chaminé da capela Sistina, que sinalizou aos cerca de 1,2 bilhão de católicos do mundo que os cardeais já haviam escolhido seu novo líder, após pouco mais de 24 horas de conclave.

"Rezem por mim", disse Francisco I, já vestido no traje branco de pontífice.

O anúncio do novo papa foi feito pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran, que saiu à sacada da basílica e proferiu a fórmula protocolar em latim: "Annuntio vobis gaudium magnum. Habemus Papam" ("Eu vos anuncio uma grande alegria. Temos um papa").

Francisco I é o 266o papa em 2.000 anos de Igreja, e o primeiro latino-americano. Embora seja um conservador, é visto como um reformista, e não era citado em nenhuma lista de favoritos.

Em 2010, ele se manifestou enfaticamente contra o casamento homossexual, que ele descreveu como "uma tentativa de destruir o plano de Deus".

Como substituto de Bento 16, que renunciou repentinamente em fevereiro, ele também contrariou uma das principais suposições anteriores ao conclave --a de que o novo papa seria relativamente jovem.

Bergoglio será o primeiro papa não-europeu desde o sírio Gregório III, que pontificou no século 8, e o terceiro não-italiano consecutivo --seus antecessores foram o polonês João Paulo 2o e o alemão Bento 16.

MULTIDÃO EM FESTA

Num dia de tempo muito ruim, um mar de guarda-chuvas ocupou a praça de São Pedro durante todo o dia, e a multidão cresceu após o surgimento da fumaça branca --um momento de grande euforia entre os fiéis.

Os aplausos se intensificaram ainda mais quando Francisco I apareceu. "Viva il papa", gritava a multidão, em italiano.

Antes e durante o conclave, vaticanistas apontavam como favoritos o brasileiro Odilo Scherer e o italiano Angelo Scola. Mas outros cardeais também eram cotados, e por isso a expectativa era de que o processo eleitoral se prolongasse mais.

No seu primeiro pronunciamento, Francisco I disse que os cardeais eleitores aparentemente foram "até o fim do mundo" para buscá-lo. Ele disse que o mundo deve seguir o caminho do amor e da fraternidade, e pediu orações da multidão.

Primeiro jesuíta a se tornar papa, Bergoglio precisará enfrentar desafios colossais, como os abusos sexuais cometidos por clérigos contra menores nas últimas décadas em vários países, e o recente vazamento de documentos que mostravam casos de corrupção e disputas internas na Cúria Romana (a burocracia vaticana).

Ele também comandará uma instituição abalada pelo avanço do secularismo e de religiões concorrentes em diversas regiões, e suspeitas de corrupção no Banco do Vaticano.

Acredita-se que todos esses foram fatores que contribuíram para a abdicação de Bento 16, que alegou não ter mais condições físicas para comandar a Igreja.

RESERVADO E HUMILDE

Bergoglio era citado como um candidato moderado no conclave de 2005 que escolheu Joseph Ratzinger como papa.

A imprensa italiana diz que ele impressionou os cardeais nas reuniões preliminares ao conclave, nas quais os problemas da Igreja foram discutidos.

Reservado e humilde, Bergoglio não se encaixa no papel de pregador ativo e carismático que muitos cardeais diziam estar buscando. Antes de entrar para o clero, ele se formou em química.

"Eu não esperava, mas estou absolutamente contente. É um momento muito único. Há uma grande sensação de unidade aqui. É ótimo que eles tenham chegado a uma decisão sobre quem irá liderar a Igreja", disse o padre escocês John Mcginley, que viajou especialmente para acompanhar o conclave.

"Ele é muito humilde, ouvi dizer que em Buenos Aires ele costumava apanhar o transporte público, tinha um apartamento e cozinhava para si mesmo. O fato de ele ter escolhido o nome Francisco significa muito. Significa que teremos um papa humilde, simples, próximo dos pobres. Mas foi uma grande surpresa", disse o advogado canadense Jules Charette, 54 anos.

Antes da aparição do novo papa, bandas das Forças Armadas italianas e da Guarda Suíça (força simbólica do Vaticano) desfilaram diante da basílica.

O conclave começou na terça-feira à tarde, quando foi feita a primeira votação. Na quarta-feira, houve mais quatro escrutínios, até que Bergoglio conseguisse a maioria de dois terços.

Os conclaves modernos são mais rápidos que os de antigamente. Os últimos quatro papas foram todos eleitos em dois ou três dias. Em 2005, Bento 16 precisou de apenas quatro votações para confirmar seu favoritismo.

Nas reuniões preparatórias ao conclave, os cardeais pareciam divididos entre os que queriam um pontífice com grande capacidade administrativa para fazer reformas na Cúria romana, e aqueles que desejavam uma figura com mais vocação pastoral, que revitalizasse a fé católica no mundo.

Além de Scherer e Scola, eram citados também entre os favoritos os norte-americanos Timothy Dolan e Sean O'Malley, o canadense Marc Ouellet e o argentino Leonardo Sandri. Bergoglio nunca apareceu entre os favoritos.

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Cidade do Vaticano - O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito de forma surpreendente, na quarta-feira, para comandar a Igreja Católica Apostólica Romana em uma época de crise. Primeiro papa não-europeu em quase 1.300 anos, Bergoglio assumiu o nome de Francisco I .

O novo papa, de 76 anos, apareceu na sacada central da basílica de São Pedro cerca de uma hora depois do surgimento da fumaça branca na pequena chaminé da capela Sistina, que sinalizou aos cerca de 1,2 bilhão de católicos do mundo que os cardeais já haviam escolhido seu novo líder, após pouco mais de 24 horas de conclave.

"Rezem por mim", disse Francisco I, já vestido no traje branco de pontífice.

O anúncio do novo papa foi feito pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran, que saiu à sacada da basílica e proferiu a fórmula protocolar em latim: "Annuntio vobis gaudium magnum. Habemus Papam" ("Eu vos anuncio uma grande alegria. Temos um papa").

Francisco I é o 266o papa em 2.000 anos de Igreja, e o primeiro latino-americano. Embora seja um conservador, é visto como um reformista, e não era citado em nenhuma lista de favoritos.

Em 2010, ele se manifestou enfaticamente contra o casamento homossexual, que ele descreveu como "uma tentativa de destruir o plano de Deus".

Como substituto de Bento 16, que renunciou repentinamente em fevereiro, ele também contrariou uma das principais suposições anteriores ao conclave --a de que o novo papa seria relativamente jovem.

Bergoglio será o primeiro papa não-europeu desde o sírio Gregório III, que pontificou no século 8, e o terceiro não-italiano consecutivo --seus antecessores foram o polonês João Paulo 2o e o alemão Bento 16.

MULTIDÃO EM FESTA

Num dia de tempo muito ruim, um mar de guarda-chuvas ocupou a praça de São Pedro durante todo o dia, e a multidão cresceu após o surgimento da fumaça branca --um momento de grande euforia entre os fiéis.

Os aplausos se intensificaram ainda mais quando Francisco I apareceu. "Viva il papa", gritava a multidão, em italiano.

Antes e durante o conclave, vaticanistas apontavam como favoritos o brasileiro Odilo Scherer e o italiano Angelo Scola. Mas outros cardeais também eram cotados, e por isso a expectativa era de que o processo eleitoral se prolongasse mais.

No seu primeiro pronunciamento, Francisco I disse que os cardeais eleitores aparentemente foram "até o fim do mundo" para buscá-lo. Ele disse que o mundo deve seguir o caminho do amor e da fraternidade, e pediu orações da multidão.

Primeiro jesuíta a se tornar papa, Bergoglio precisará enfrentar desafios colossais, como os abusos sexuais cometidos por clérigos contra menores nas últimas décadas em vários países, e o recente vazamento de documentos que mostravam casos de corrupção e disputas internas na Cúria Romana (a burocracia vaticana).

Ele também comandará uma instituição abalada pelo avanço do secularismo e de religiões concorrentes em diversas regiões, e suspeitas de corrupção no Banco do Vaticano.

Acredita-se que todos esses foram fatores que contribuíram para a abdicação de Bento 16, que alegou não ter mais condições físicas para comandar a Igreja.

RESERVADO E HUMILDE

Bergoglio era citado como um candidato moderado no conclave de 2005 que escolheu Joseph Ratzinger como papa.

A imprensa italiana diz que ele impressionou os cardeais nas reuniões preliminares ao conclave, nas quais os problemas da Igreja foram discutidos.

Reservado e humilde, Bergoglio não se encaixa no papel de pregador ativo e carismático que muitos cardeais diziam estar buscando. Antes de entrar para o clero, ele se formou em química.

"Eu não esperava, mas estou absolutamente contente. É um momento muito único. Há uma grande sensação de unidade aqui. É ótimo que eles tenham chegado a uma decisão sobre quem irá liderar a Igreja", disse o padre escocês John Mcginley, que viajou especialmente para acompanhar o conclave.

"Ele é muito humilde, ouvi dizer que em Buenos Aires ele costumava apanhar o transporte público, tinha um apartamento e cozinhava para si mesmo. O fato de ele ter escolhido o nome Francisco significa muito. Significa que teremos um papa humilde, simples, próximo dos pobres. Mas foi uma grande surpresa", disse o advogado canadense Jules Charette, 54 anos.

Antes da aparição do novo papa, bandas das Forças Armadas italianas e da Guarda Suíça (força simbólica do Vaticano) desfilaram diante da basílica.

O conclave começou na terça-feira à tarde, quando foi feita a primeira votação. Na quarta-feira, houve mais quatro escrutínios, até que Bergoglio conseguisse a maioria de dois terços.

Os conclaves modernos são mais rápidos que os de antigamente. Os últimos quatro papas foram todos eleitos em dois ou três dias. Em 2005, Bento 16 precisou de apenas quatro votações para confirmar seu favoritismo.

Nas reuniões preparatórias ao conclave, os cardeais pareciam divididos entre os que queriam um pontífice com grande capacidade administrativa para fazer reformas na Cúria romana, e aqueles que desejavam uma figura com mais vocação pastoral, que revitalizasse a fé católica no mundo.

Além de Scherer e Scola, eram citados também entre os favoritos os norte-americanos Timothy Dolan e Sean O'Malley, o canadense Marc Ouellet e o argentino Leonardo Sandri. Bergoglio nunca apareceu entre os favoritos.

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