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No México, a população feminina do país realiza o “Dia sem mulheres”

Em reação aos casos recentes de violência que geraram indignação nacional, as mulheres prometem fazer uma paralisação no México nesta segunda-feira

Protestos no México: dia da mulher teve uma série de atos no país (Michelle Freyria/Reuters)

Protestos no México: dia da mulher teve uma série de atos no país (Michelle Freyria/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2020 às 06h59.

Última atualização em 9 de março de 2020 às 07h20.

São Paulo  — Após uma série de atos sobre o Dia Internacional da Mulher, as mulheres guardaram para esta segunda-feira, 9, um dos maiores protestos da data. As mexicanas prometem usar o dia útil para desaparecer das ruas, escolas, estabelecimentos comerciais e escritórios.

O protesto, que ganhou o nome de “#Undiasinmujeres” (Um dia sem mulheres) tem como objetivo mostrar ao país como seria a vida se as mulheres desaparecessem, como uma forma de exigir respeito aos seus direitos.

O México é um dos países que mais avançaram na luta pela igualdade de gênero na América Latina, reduzindo a lacuna entre homens e mulheres em 3,4% entre 2018 e 2019. Hoje o país ocupa a 25º posição entre os países mais igualitários do mundo, segundo o Fórum Econômico Mundial.

Ainda assim, há problemas graves. Apenas 47% das mexicanas estão inseridas no mercado de trabalho, um dos piores índices da região, e elas passam até três vezes mais tempo executando tarefas domésticas não remuneradas que os homens. Os dados mostram como a disparidade de gênero ainda persiste no país (e em todo o mundo, aliás).

Marchas pelos direitos das mulheres não são novidade no México. Desde o surgimento da campanha #MeToo, que começou em 2017 com a manifestação de artistas sobre casos de assédio e violência sexual nos Estados Unidos e se tornou global, o país passou a ser palco frequente de manifestações das mulheres.

No governo de Andrés Manuel López Obrador (AMLO), o problema da violência contra a mulher se tornou ainda mais urgente. Nas últimas semanas, duas mortes brutais – de uma jovem de 24 anos e uma criança de apenas sete anos – geraram indignação e revolta contra os diversos casos de feminicídio no país.

A reação do governo de AMLO, líder de uma coalizão de esquerda, não foi bem vista pelos mexicanos. Imediatamente após os assassinatos, uma pesquisa encomendada pelo jornal El Financeiro mostrou que a popularidade de AMLO caiu de 71% em janeiro para 63% em março. Em outra pesquisa, conduzida também pelo jornal, 82% dos mexicanos disseram que as respostas dadas pelo governo aos casos foram ruins.

A manifestação desta segunda-feira conta com amplo apoio da população. Segundo o El Financiero, 67% das pessoas apoiam a iniciativa das mulheres e 67% pensam em aderir no grupo de mulheres com idades entre 30 e 49 anos.

No mundo, milhares de mulheres saíram às ruas no domingo no Dia Internacional da Mulher. Na América Latina, diversas capitais da região registraram protestos. No Chile, mais de 100.000 mulheres protestaram no domingo e devem usar a segunda-feira para novos protestos.

As brasileiras também saíram às ruas no fim de semana em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte — a maioria dos grupos entoando gritos contra o governo do presidente Jair Bolsonaro e fazendo referência ao assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018.

A paralisação e a manifestação das mulheres nesta segunda-feira mostrarão a força que o movimento pelos direitos femininos ganharam no México e nos vizinhos da América Latina — mas também os desafios pela frente.

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