Nigéria: uso da força pode ser inevitável na Costa do Marfim
Líderes africanos admitem a possibilidade de usar a força caso Laurent Gbagbo não aceite uma saída diplomática para deixar o poder
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2011 às 13h16.
Lagos - O uso da força para tirar Laurent Gbagbo do poder da Costa do Marfim pode ser inevitável, devido ao fracasso de todos os esforços diplomáticos para resolver o conflito surgido no país após as eleições presidenciais, informou nesta sexta-feira o Governo da Nigéria.
A declaração foi anunciada após uma reunião entre o presidente nigeriano e titular do turno da Comunidade Econômica dos Estados de África Ocidental (Cedeao), Goodluck Jonathan, e Guillaume Soro, líder das Forças Novas e primeiro-ministro designado por Alassane Ouattara, reconhecido como presidente eleito da Costa do Marfim pela comunidade internacional.
A secretária de Estado de Assuntos Exteriores nigeriana, Hajia Salamatu Suleiman, disse nesta sexta-feira que Jonathan, como presidente da Cedeao, enviou sem sucesso muitos representantes para resolver pacificamente o conflito, depois que a comunidade internacional, liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU), certificasse a derrota eleitoral de Gbagbo no dia 28 de novembro.
"Como sabem, o presidente (Jonathan) enviou muitos delegados a Costa do Marfim para resolver o assunto pela via diplomática e sem a necessidade do uso da Força militar. Mas parece que só restou esta opção", anunciou Suleiman aos jornalistas.
Segundo ela, Jonathan e o resto de presidentes da Cedeao "ainda tratam de utilizar o diálogo e buscar a melhor maneira de resolver o assunto".
A comunidade internacional, incluindo a Cedeao e a União Africana (UA), reconheceram a vitória eleitoral de Ouattara no segundo turno das eleições presidenciais realizada no país no dia 28 de novembro, mas Gbagbo, apoiado pelos militares, se nega a abandonar a Presidência.
A Cedeao mandou em duas ocasiões os presidentes do Benin, Cabo Verde e Serra Leoa como enviados para convencer Gbagbo que deixasse pacificamente o poder e, ao mesmo tempo, o ameaçaram com o uso da força caso se negasse a renunciar, mas rejeitou as reivindicações.
O primeiro-ministro do Quênia, Raila Odinga, enviado da União Africana com o mesmo objetivo, foi também rejeitado pelos seguidores de Gbagbo, que chegou ao poder após as eleições de 2000 e se manteve durante 10 anos na Presidência devido à guerra civil, de 2002 a 2007.