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Não pude salvá-los, lamenta cronista do Charlie Hebdo

Colaborador chegou minutos depois do massacre que dizimou a redação do jornal e, com a voz embargada, deu um depoimento comovente

Homenagens aos jornalistas assassinados após atentado à revista Charlie Hebdo (Anne-Christine Poujoulat/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2015 às 15h21.

Paris - "Não pude salvá-los...", lamenta Patrick Pelloux, médico e colaborador da Charlie Hebdo, chegou ao jornal minutos depois do ataque que dizimou a redação da revista satírica e, com a voz embargada, deu um depoimento comovente sobre a tragédia.

Excepcionalmente, Pelloux não participou da reunião de pauta do semanário. Presidente da Associação de Médicos de Emergência da França , assistia na mesma hora, não muito longe do jornal, a uma reunião dedicada a melhorar a coordenação entre os serviços de emergência médica e os bombeiros.

"Estava nesta reunião quando Jean-Luc, o gráfico (do Charlie Hebdo), me ligou e disse: 'você tem que vir rápido, atiraram em nós com kalachnikov", contou Patrick Pelloux, entrevistado por telefone pela AFP.

"Achei que era uma brincadeira... Mas não era. Quando cheguei, foi assustador", contou, soluçando. O ataque deixou 12 mortos, entre eles oito jornalistas e dois policiais, e onze feridos.

"Chegamos três minutos depois com um coronel dos bombeiros de Paris, que foi heroico, pôs em andamento todo o socorro. E enquanto cuidávamos das vítimas, eles (os assassinos) continuavam matando gente na rua...".

"Não pude salvá-los", lamentou Pelloux, chorando a morte dos colegas. Para alguns, "não havia mais nada a fazer porque atiraram na cabeça".

"Estupidez não vencerá"

Quanto a Charb, diretor da revista, morto ao lado dos outros cartunistas, Cabu e Wolinski, "acho que deve ter se levantado e chamado de imbecis ou sido ríspido, ou tentado tirar suas armas. Na posição em que morreu, estava entrelaçado à cadeira, é como se tivesse sido morto quando estava se levantando. Eu o conheço bem, era meu irmão, e sei que deve ter feito isso...".

Os feridos, entre os quais estão o cartunista Riss e os jornalistas Philippe Lançon e Fabrice Nicolino, estavam melhor na manhã desta quinta-feira, segundo Pelloux.

No estúdio do canal iTélé, Patrick Pelloux contou, ainda, ter ligado para o presidente François Hollande imediatamente após o ataque: "Liguei para o presidente, ele passou ao telefone em seguida. Disse, 'chego já'".

"O presidente quis nos ver quando viu que o jornal tinha dificuldades este verão. Fomos vê-lo. O presidente queria mudar a lei paa que os jornais continuem existindo", disse.

A solidariedade manifestada desde o atentado "me faz ser otimista", explicou à AFP o médico e cronista. As "milhares de pessoas" que se manifestaram na quarta-feira e "as palavras de François Hollande, de David Cameron e de Barack Obama são algo muito importante".

"As duas coisas que fazem os integristas fugir são a cultura e a liberdade de imprensa. Os países democráticos devem fazê-las viver", disse, acrescentando que o Charlie Hebdo será publicado na próxima quarta-feira, como de hábito.

"Todos temos nossas aflições, nossa dor, nossos medos, mas vamos fazê-lo de toda forma porque a estupidez não vencerá", concluiu.

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Paris - "Não pude salvá-los...", lamenta Patrick Pelloux, médico e colaborador da Charlie Hebdo, chegou ao jornal minutos depois do ataque que dizimou a redação da revista satírica e, com a voz embargada, deu um depoimento comovente sobre a tragédia.

Excepcionalmente, Pelloux não participou da reunião de pauta do semanário. Presidente da Associação de Médicos de Emergência da França , assistia na mesma hora, não muito longe do jornal, a uma reunião dedicada a melhorar a coordenação entre os serviços de emergência médica e os bombeiros.

"Estava nesta reunião quando Jean-Luc, o gráfico (do Charlie Hebdo), me ligou e disse: 'você tem que vir rápido, atiraram em nós com kalachnikov", contou Patrick Pelloux, entrevistado por telefone pela AFP.

"Achei que era uma brincadeira... Mas não era. Quando cheguei, foi assustador", contou, soluçando. O ataque deixou 12 mortos, entre eles oito jornalistas e dois policiais, e onze feridos.

"Chegamos três minutos depois com um coronel dos bombeiros de Paris, que foi heroico, pôs em andamento todo o socorro. E enquanto cuidávamos das vítimas, eles (os assassinos) continuavam matando gente na rua...".

"Não pude salvá-los", lamentou Pelloux, chorando a morte dos colegas. Para alguns, "não havia mais nada a fazer porque atiraram na cabeça".

"Estupidez não vencerá"

Quanto a Charb, diretor da revista, morto ao lado dos outros cartunistas, Cabu e Wolinski, "acho que deve ter se levantado e chamado de imbecis ou sido ríspido, ou tentado tirar suas armas. Na posição em que morreu, estava entrelaçado à cadeira, é como se tivesse sido morto quando estava se levantando. Eu o conheço bem, era meu irmão, e sei que deve ter feito isso...".

Os feridos, entre os quais estão o cartunista Riss e os jornalistas Philippe Lançon e Fabrice Nicolino, estavam melhor na manhã desta quinta-feira, segundo Pelloux.

No estúdio do canal iTélé, Patrick Pelloux contou, ainda, ter ligado para o presidente François Hollande imediatamente após o ataque: "Liguei para o presidente, ele passou ao telefone em seguida. Disse, 'chego já'".

"O presidente quis nos ver quando viu que o jornal tinha dificuldades este verão. Fomos vê-lo. O presidente queria mudar a lei paa que os jornais continuem existindo", disse.

A solidariedade manifestada desde o atentado "me faz ser otimista", explicou à AFP o médico e cronista. As "milhares de pessoas" que se manifestaram na quarta-feira e "as palavras de François Hollande, de David Cameron e de Barack Obama são algo muito importante".

"As duas coisas que fazem os integristas fugir são a cultura e a liberdade de imprensa. Os países democráticos devem fazê-las viver", disse, acrescentando que o Charlie Hebdo será publicado na próxima quarta-feira, como de hábito.

"Todos temos nossas aflições, nossa dor, nossos medos, mas vamos fazê-lo de toda forma porque a estupidez não vencerá", concluiu.

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