Na Espanha, chefe do Estado-Maior renuncia após furar fila de vacinação
O político renunciou depois das notícias de que ele teria se vacinado sem ser dos grupos prioritários, segundo o jornal espanhol El País
Carolina Riveira
Publicado em 23 de janeiro de 2021 às 15h43.
Última atualização em 23 de janeiro de 2021 às 15h48.
O jornal espanhol El País noticiou neste sábado, 23, que chefe do Estado-Maior de Defesa (Jemad), general Miguel Ángel Villarroya, renunciou. Na sexta-feira, 22, soube-se que ele próprio e outros comandantes militares já haviam sido vacinados contra covid-19, apesar de não fazerem parte dos grupos de imunização prioritária.
Segundo o jornal, o chefe da liderança militar enviou uma carta à ministra da Defesa, Margarita Robles, na qual pede sua demissão para não "prejudicar a imagem" das Forças Armadas. Robles aceitou a demissão a seu próprio pedido, segundo fontes ouvidas pelo jornal. Ainda assim, a demissão não se concretiza até terça-feira, 26, ao ser aprovada pelo Conselho de Ministros.
A reportagem diz ainda que esta é a primeira vez, desde a criação do cargo de Chefe do Estado-Maior da Defesa , em 1984, que seu titular é extinto. A situação mais semelhante ocorreu em 1992, quando o então chefe da liderança militar, Gonzalo Rodríguez Martín-Granizo, morreu de derrame durante o mandato.
A Espanha aplicou pouco menos de 1,2 milhão de doses da covid-19, o equivalente a 2,51% da população, segundo contagem da agência Bloomberg com base em dados oficiais. Até agora, o país com mais doses aplicadas são os EUA, seguido pela China e pelo Reino Unido -- que deixou a União Europeia oficialmente no começo deste ano e começou a vacinar antes do restante do bloco. O país com maior taxa de pessoas imunizadas é Israel (mais de 37%).
A União Europeia tem sofrido para vacinar a população na velocidade esperada, apesar de ter reservado bilhões de doses das principais vacinas. O bloco tem vacinado até agora majoritariamente com as doses da vacina de Pfizer/BioNTech, além da Moderna, ambas com RNA mensageiro.
A expectativa é que se aprove nos próximos dias a vacina de AstraZeneca/Oxford, já aprovada no Reino Unido e em países como o Brasil. O imunizante pode ser armazenado a temperaturas mais altas que vacinas com RNA e deve acelerar a vacinação no continente.