Aldo Rebelo e Nonô empatam no primeiro turno da eleição
Para cientistas políticos, resultado da primeira votação demonstra a fragilidade da base parlamentar de Lula
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2011 às 13h14.
O primeiro turno das eleições para a presidência da Câmara dos Deputados, cuja apuração terminou por volta das 16h30, mostrou um resultado frustrante para o governo. Mesmo com o empenho pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato oficial, Aldo Rebelo (PC do B-SP), terminou empatado com o pefelista José Thomaz Nonô (AL). Cada candidato recebeu, coincidentemente, 182 votos.
"É um resultado bastante preocupante para o governo, porque mostra a enorme fragilidade de sua base", afirma o cientista político João Augusto Castro Neves, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (Ibep). Para Castro Neves, a votação ressuscita o fantasma da derrota de fevereiro deste ano, quando o governo apoiou o petista Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) para a presidência da mesma casa. O candidato foi derrotado, no segundo turno, por Severino Cavalcanti (PP-PE), por 300 votos a 195. O cientista político ressalta, ainda, que Greenhalgh passou para o segundo turno em condições mais favoráveis que Aldo Rebelo, pois contou com 207 votos e foi o primeiro colocado no primeiro pleito o que não impediu sua derrota.
"O governo enfrentou duas votações para a presidência da Câmara no mesmo ano e não conseguiu uma situação confortável em nenhuma delas", diz Castro Neves. "Simbolicamente, é muito negativo para sua imagem".
O analista político Ricardo Ribeiro, da consultoria MCM, observa que o resultado é ainda mais surpreendente, quando se considera o rolo compressor montado por Lula e seus aliados, nos últimos dias, em prol de Rebelo. "O candidato oficial parecia ter mais força. Esperava-se que saísse na frente de Nonô para o segundo turno", diz.
Os analistas concordam que o resultado do segundo turno é imprevisível. A tendência é que o governo negocie fortemente com os parlamentares, oferecendo verbas e cargos em troca de votos a seu candidato. A dúvida é se, após as negociações dos últimos dias, o Palácio do Planalto já não esgotou o potencial de atração de deputados para a sua candidatura. Os demais candidatos obtiveram as seguintes votações: Ciro Nogueira (PP-PI), 76 votos; Luiz Antônio Fleury (PTB-SP), 41 votos; Alceu Collares (PDT-RS), 18 votos; brancos, 5 votos; nulos, 3 votos.