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Mubarak subestimou os egípcios, diz especialista

Professor de relações internacionais diz que declarações do presidente egípcio não vão acalmar os ânimos no país

Manifestante na praça Tahrir exibe placa com os dizeres "game over", ou "fim de jogo" (Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2011 às 19h09.

 São Paulo - Ao fazer um discurso que contrariou as expectativas do país, o presidente Hosni Mubarak, "subestimou os egípcios", segundo o coordenador do curso de relações internacionais das Faculdades Rio Branco, Alexandre Uehara. Para o professor, as declarações do líder não serão suficientes para acalmar os ânimos da população.</p> 

"Neste momento, não vejo possibilidade de golpe de estado, mas a pressão, tanto nacional quanto internacional, vai aumentar cada vez mais", explica. Segundo ele, os efeitos do discurso de Mubarak podem resultar em impactos políticos e econômicos não apenas no Egito.

Uma das maiores preocupações é com o funcionamento do canal de Suez, importante corredor de exportação de petróleo para países do mundo todo. De acordo com informações do embaixador brasileiro no Egito, Cesário Melantônio Neto, sindicatos nacionais ameaçaram paralisar as atividades no canal caso o presidente não deixasse o poder.

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"Os sindicatos têm sido moderados, até porque, muitos são controlados pelo governo. Mas eles começaram a falar em greve geral desde que as manifestações começaram. Isso é algo novo no Egito", afirma o embaixador.

Medo

Tão nebuloso quanto o discurso de Mubarak é o futuro do Egito nos próximos dias. De acordo com o embaixador, os manifestantes continuaram na praça Tahrir após o pronunciamento do presidente, e devem passar a noite no local.

"Falei com amigos egípcios, tanto da oposição, quanto favoráveis a Mubarak. Eles estão com medo do que pode acontecer amanhã", diz Melantônio. De acordo com ele, os grupos opositores convocaram para esta sexta-feira (11) a chamada "Manifestação dos Vinte Milhões", que pretende levar esta quantidade de egípcios para as ruas.

"A esperança era que um outro discurso por parte do presidente desmobilizasse a manifestação. Mas aconteceu justamente o oposto. E agora, o temor é de que possa haver, inclusive, um novo confronto", afirma o embaixador.

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