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Morales anuncia maior presença militar em zona cocaleira

Morales disse que a polícia e as Forças Armadas averiguam a possível presença de estrangeiros nessa zona


	Evo Morales: líder destacou que tinha alcançado acordos com 80% das comunidades de Apolo
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Evo Morales: líder destacou que tinha alcançado acordos com 80% das comunidades de Apolo (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2013 às 15h14.

La Paz - O presidente da Bolívia, Evo Morales, lamentou nesta terça-feira as quatro mortes registradas na zona cocaleira de Apolo, no norte de La Paz, e anunciou que possivelmente será aumentada a presença de militares nas fronteiras perante a suposta participação de estrangeiros no conflito.

Em declarações aos meios de comunicação, Morales mostrou seu pesar pela morte de dois militares, um policial e um civil, que era médico, pelas maõs dos camponeses que se opõem à destruição de plantações ilegais de coca.

Foram os próprios cocaleiros que supostamente atacaram as vítimas no fim de semana passado em Apolo, a 450 quilômetros ao norte de La Paz.

"Dissemos para família de quatro irmãos que o Governo nacional não irá abandoná-los. Lamentamos e repudiamos este fato, é inaceitável, é uma ação bem planificada militarmente para um ato criminoso ocorrido na zona de Apolo", disse Morales na cidade sulina de Tarija.

O governante assegurou que houve uma "planejamento militar" para atacar os policiais e militares que integram a Força de Tarefa Conjunta (FTC), encarregada da destruição dos cultivos ilegais de coca no país, e responsabilizou por isso "estrangeiros que estão operando" nessa zona e que usam "alguns dirigentes".

Morales disse que a polícia e as Forças Armadas averiguam a possível presença de estrangeiros nessa zona, contígua com o Peru, e onde, asseverou, nenhum Governo tinha conseguido entrar antes.


"Esta zona durante tanto tempo, inclusive em nossa gestão, era intocável, ninguém podia entrar e tem riscos, houve riscos. Mas é nossa obrigação impor a presença do Estado, a soberania nessas fronteiras", indicou Morales.

"Estou imaginando transferir alguns regimentos ou criar postos militares nas fronteiras", acrescentou.

Em Apolo há uma zona autorizada, submetida ao controle das autoridades, para cultivos de coca com usos lícitos na indústria e práticas culturais, mas também há comunidades cujas plantações se destinam supostamente à fabricação de cocaína.

Os agentes foram atacados no sábado por camponeses e supostos estrangeiros vinculados com o narcotráfico que dispararam contra eles, segundo as autoridades.

Neste fato, faleceram um subtenente do Exército, um suboficial da Armada, um policial e um médico.

Além disso, 12 pessoas ficaram feridas de bala, 15 sofreram lesões por golpes e seis pessoas que eram feitas de reféns foram recuperadas.


Morales disse que nos quase oito anos na Presidência, não houve camponeses nem cocaleiros mortos, ao contrário do que ocorria em anteriores gestões, pois na sua "sempre sobressaiu o diálogo" com estes setores.

O líder destacou que tinha alcançado acordos com 80% das comunidades de Apolo, "mas um grupo minoritário não quis nem concertação, menos registro", o que pareceu "algo suspeito".

Morales confessou que, neste caso, "tinha muito medo que alguns militares e policiais reajam por seus camaradas mortos", mas aplaudiu que não o tenham feito e lhes pediu que continuem com "essa mentalidade de defender a vida".

No que vai do ano, a força de erradicação que opera com militares e policiais destruiu 9.048 hectares ilegais da planta.

Segundo dados do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Delito (UNODC) divulgados este ano, Bolívia tinha em 2012 25.300 hectares de coca, mais do duplo das 12.000 hectares permitidas pela lei para usos legais e culturais. 

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