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Moradores de Londres revelam dificuldade para aceitar Brexit

Na cidade cosmopolita, onde as diferenças étnicas e culturais são louvadas como uma força do bem, 28 de 33 bairros rejeitaram a campanha do chamado Brexit

Londres: a capital foi superada pelo restante do país no referendo, e para muitos londrinos o impacto emocional foi arrasador (Peter Nicholls / Reuters/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2016 às 18h22.

Londres - Se alguém perguntar à maioria das pessoas do centro de Londres como elas se sentiram quando descobriram que o Reino Unido decidiu se separar da União Europeia em uma votação, é provável que suas lembranças não sejam das melhores.

Na cidade cosmopolita, onde as diferenças étnicas e culturais são mais do que tudo louvadas como uma força do bem, 28 de 33 bairros rejeitaram a campanha do chamado ' Brexit ' ('Saída britânica', ou a desfiliação da UE), que tinha como um de seus focos conter a imigração.

Mas a capital foi superada pelo restante do país no referendo, e para muitos londrinos o impacto emocional foi arrasador.

Will Bushby, um jovem profissional que fez campanha ativamente pelo voto do "fica", ficou de pé a noite inteira acompanhando a contagem dos votos e chorou compulsivamente quando o resultado ficou claro.

"Fiquei com o coração partido – uma semana inteira com o coração partido", contou.

Para Rosemarie Mallett, vigária da Igreja Anglicana que é britânica com raízes em Barbados, o pior momento foi quando sua filha adolescente, que até então jamais havia tido razão para não se sentir bem-vinda no país, lhe perguntou: "Mãe, vamos ter que ir embora?".

Marta Szlendak, imigrante polonesa que mora em Londres há nove anos, lembra do silêncio estranho que notou a caminho do trabalho na manhã seguinte e de reconhecer no rosto das pessoas o mesmo sentimento de descrença que ela mesma sentiu.

O apoio ao "fica" foi mais forte no coração da cidade, chegando a 78,6 por cento no bairro de Lambeth, que fica pouco ao sul do rio Tâmisa – a maior proporção de todo o Reino Unido.

Assim como em outros bairros londrinos, como Hackney e Haringey, que também votaram majoritariamente a favor da permanência do país no bloco, a característica que mais define Lambeth, e uma das principais razões do resultado da votação, é sua diversidade.

"Deu a sensação de que, se quisesse a separação, você estaria votando por um Reino Unido fechado. Ninguém aqui queria isso", disse Mallett, cuja paróquia se localiza em Brixton, uma parte de Lambeth que tem uma comunidade afrocaribenha estabelecida há tempos, assim como muitas pessoas com raízes na África, no leste da Europa e na América Latina.

Mais de 43 por cento dos 322 mil moradores de Lambeth pertencem a comunidades negras e de minorias étnicas –perto da média de Londres, mas mais de três vezes acima da média nacional.

Um terço dos locais nasceu no exterior, sendo que Jamaica, Portugal e Polônia são os principais países de origem.

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Londres - Se alguém perguntar à maioria das pessoas do centro de Londres como elas se sentiram quando descobriram que o Reino Unido decidiu se separar da União Europeia em uma votação, é provável que suas lembranças não sejam das melhores.

Na cidade cosmopolita, onde as diferenças étnicas e culturais são mais do que tudo louvadas como uma força do bem, 28 de 33 bairros rejeitaram a campanha do chamado ' Brexit ' ('Saída britânica', ou a desfiliação da UE), que tinha como um de seus focos conter a imigração.

Mas a capital foi superada pelo restante do país no referendo, e para muitos londrinos o impacto emocional foi arrasador.

Will Bushby, um jovem profissional que fez campanha ativamente pelo voto do "fica", ficou de pé a noite inteira acompanhando a contagem dos votos e chorou compulsivamente quando o resultado ficou claro.

"Fiquei com o coração partido – uma semana inteira com o coração partido", contou.

Para Rosemarie Mallett, vigária da Igreja Anglicana que é britânica com raízes em Barbados, o pior momento foi quando sua filha adolescente, que até então jamais havia tido razão para não se sentir bem-vinda no país, lhe perguntou: "Mãe, vamos ter que ir embora?".

Marta Szlendak, imigrante polonesa que mora em Londres há nove anos, lembra do silêncio estranho que notou a caminho do trabalho na manhã seguinte e de reconhecer no rosto das pessoas o mesmo sentimento de descrença que ela mesma sentiu.

O apoio ao "fica" foi mais forte no coração da cidade, chegando a 78,6 por cento no bairro de Lambeth, que fica pouco ao sul do rio Tâmisa – a maior proporção de todo o Reino Unido.

Assim como em outros bairros londrinos, como Hackney e Haringey, que também votaram majoritariamente a favor da permanência do país no bloco, a característica que mais define Lambeth, e uma das principais razões do resultado da votação, é sua diversidade.

"Deu a sensação de que, se quisesse a separação, você estaria votando por um Reino Unido fechado. Ninguém aqui queria isso", disse Mallett, cuja paróquia se localiza em Brixton, uma parte de Lambeth que tem uma comunidade afrocaribenha estabelecida há tempos, assim como muitas pessoas com raízes na África, no leste da Europa e na América Latina.

Mais de 43 por cento dos 322 mil moradores de Lambeth pertencem a comunidades negras e de minorias étnicas –perto da média de Londres, mas mais de três vezes acima da média nacional.

Um terço dos locais nasceu no exterior, sendo que Jamaica, Portugal e Polônia são os principais países de origem.

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