Mochilas escolares azuis e rosas geram polêmica na França
A iniciativa da prefeitura de Puteaux ocorreu na última terça-feira, primeiro dia da volta às aulas do país
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2014 às 21h53.
A distribuição de mochilas cor-de-rosa para meninas e azuis para meninos numa cidade dos arredores de Paris gerou grande polêmica nesta semana na França.
A iniciativa da prefeitura de Puteaux ocorreu na última terça-feira, primeiro dia da volta às aulas do país.
Todos os anos, a cidade distribui milhares de mochilas escolares aos alunos de maternal e educação infantil.
Em 2014, as mochilas cor-de-rosa traziam um kit para fabricação de bijuterias para as meninas. Já as azuis, entregues aos meninos, continham um kit para fabricação de robôs.
A ministra da Educação francesa, Najat Vallaud-Belkacem, disse que "o papel de um governo local" é "promover a igualdade entre mulheres e homens".
Mesmo assim, a primeira mulher a chefiar a educação na França concordou com a iniciativa de distribuir as mochilas.
"Neste momento de dificuldades financeiras, acredito que as famílias estejam felizes que a prefeitura ofereça material escolar", ponderou.
Vallaud-Belkacem também minimizou o caso, chamando a polêmica de "vazia" e "insignificante".
A secretária de Estado encarregada da Família francesa, Laurence Rossignol, ironizou a iniciativa pelo Twitter. Segundo ela, em Puteaux "não se brinca com a diferença entre os sexos".
"É um pouco ultrapassado. Teria sido muito melhor propor cores variadas às crianças", avaliou Christophe Grébert, vereador opositor à atual prefeitura de Puteaux.
Segundo Grébert, o evento onde as mochilas foram distribuídas teria custado 300.000 euros (cerca de R$ 900.000) aos cofres das escolas públicas da localidade.
Procurada pela AFP, a prefeita da cidade, Joëlle Ceccaldi-Raynaud, não quis se pronunciar.
"Muitas pessoas defendem a igualdade", mas não se dão conta que "diferenciar os sexos é a mesma coisa que hierarquizá-los", afirma Isabelle Clair, socióloga do CNRS.
Autora do livro "Sociologia do Gênero", ela diz que existe uma encenação excessiva desde as primeiras horas de vida da criança.
"São cores de roupas diferentes, banheiros separados...para as crianças, o unissex quase não existe", afirma.