Missão da AIEA chega em Zaporizhzhia a caminho da usina nuclear ucraniana
O diretor da AIEA, Rafael Grossi, afirmou que sua delegação busca "evitar um acidente nuclear" na usina da Ucrânia
AFP
Publicado em 31 de agosto de 2022 às 11h05.
Uma missão da inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica ( AIEA ) chegou à cidade de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia , e está a caminho da central nuclear de mesmo nome, ocupada pelas tropas russas.
O comboio, que tem quase 20 veículos, metade dos quais com a inscrição "UN" (Nações Unidas), e uma ambulância, entrou na cidade na tarde desta quarta-feira, segundo jornalistas da AFP no local.
O diretor da AIEA, Rafael Grossi, afirmou que sua delegação busca "evitar um acidente nuclear" na usina ucraniana de Zaporizhzhia.
"É uma missão que visa evitar um acidente nuclear e preservar esta importante usina nuclear, a maior da Europa", disse Grossi a repórteres na cidade de Zaporizhzhia.
Esta usina nuclear está na linha de frente entre as forças ucranianas e russas, que trocam acusações sobre os bombardeios. Isso significa que os inspetores da agência da ONU devem cruzar a linha de frente com garantias de segurança de ambos os lados.
A usina nuclear está desde março sob controle da Rússia que, segundo Kiev, teria mobilizado centenas de soldados e munição armazenada em suas instalações.
Embora a cidade esteja a duas horas de carro da usina, a guerra torna difícil calcular quanto tempo levará para os equipamentos chegarem ao local.
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As autoridades ucranianas acusaram nesta quarta-feira a Rússia de bombardear Energodar, uma cidade localizada em frente à usina, que antes da guerra tinha 50.000 habitantes.
"A situação com essas provocações é perigosa", afirmou Evhen Yevtushenko, chefe do governo Nikopol, localizado do outro lado do rio Dnieper, no Telegram.
A Ucrânia pediu à Rússia que interrompa os bombardeios no caminho até a central nuclear.
"As tropas de ocupação russas devem parar de disparar contra os corredores usados pela delegação da AIEA e não dificultar suas atividades na usina", escreveu no Facebook o porta-voz da diplomacia ucraniana Oleg Nikolenko.
"Extremamente ameaçador"
A missão do órgão de verificação da ONU passará "alguns dias" no local e informará suas conclusões quando retornar à sua sede em Viena.
A Ucrânia inicialmente temeu que uma visita da AIEA a Zaporizhzhia legitimaria a ocupação russa do local, mas depois apoiou a missão se a equipe saísse do território sob seu controle.
Em seu habitual discurso noturno, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky denunciou na terça-feira que a Rússia continua com "suas provocações" nas áreas por onde a missão precisa passar para chegar à usina.
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"Espero que a equipe da AIEA possa começar seu trabalho", afirmou Zelensky, que se encontrou com Grossi e chamou a situação de "extremamente ameaçadora".
A visita coincide com um aumento dos combates na região próxima de Kherson, no sul, e na bacia de mineração do Donbass, no leste do país.
Diante do prolongamento do conflito, os ministros da Defesa da União Europeia, que se reuniram ontem em Praga, começaram a planejar um programa de treinamento para os soldados ucranianos.
"Há muitas iniciativas, mas as necessidades são enormes", disse o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, à espera de um "acordo político geral e global" sobre o assunto.
Mais complicado ainda é o consenso sobre a proposta de proibir a entrada de viajantes russos no território da União Europeia, que deve ser objeto de discussão dos ministros das Relações Exteriores nesta quarta-feira em Praga.
A Rússia pressiona o bloco, reduzindo suas exportações de gás para o resto do continente, que viu os preços da energia elétrica dispararem.
Nesta quarta-feira, suspendeu novamente o fornecimento de gás através do gasoduto Nord Stream, que faz conexão com a Alemanha, devido a alguns trabalhos de manutenção em uma estação de compressão no território russo.
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