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Militares venezuelanos usam gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes

Moradores de Ureña haviam pedido aos militares autorização para atravessar a passagem de pedestres, que era algo habitual

Militares venezuelanos dispersaram com gás lacrimogêneo e balas de borracha dezenas de pessoas que tentavam chegar à Colômbia (Ricardo Moraes/Reuters)
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AFP

Publicado em 23 de fevereiro de 2019 às 10h53.

Militares venezuelanos dispersaram neste sábado com gás lacrimogêneo e balas de borracha dezenas de pessoas que tentavam chegar à Colômbia por uma ponte fronteiriça em Ureña (Táchira), que teve o fechamento ordenado na sexta-feira pelo governo de Caracas para evitar a entrada de ajuda humanitária.

"Queremos trabalhar", gritava a multidão diante de oficiais da Guarda Nacional que bloqueavam a ponte Francisco de Paula Santander, uma das quatro que ligam o estado venezuelano de Táchira ao departamento colombiano Norte de Santander.

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O governo de Nicolás Maduro ordenou na sexta-feira à noite o fechamento total das quatro pontes que ligam o estado Táchira ao departamento colombiano de Norte de Santander, onde fica a cidade de Cúcuta, centro de coleta da ajuda enviada pelos Estados Unidos a pedido do líder opositor venezuelano Juan Guaidó.

A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, justificou a medida contra o que chamou de "ameaças" do governo da Colômbia, que respalda a entrada de ajuda solicitada por Guaidó, presidente do Parlamento de maioria opositora e reconhecido como presidente interino da Venezuela por 50 países.

Guaidó programou para este sábado a entrada de alimentos e remédios no país, apesar da recusa de Maduro, que considera o auxílio um pretexto para uma invasão militar liderada pelos Estados Unidos.

Moradores de Ureña pediram aos militares autorização para atravessar a passagem de pedestres, algo habitual.

Após momentos de tensão, os militares avançaram e usaram gás lacrimogêneo, ao que algumas pessoas responderam com pedras.

Alguns também queimaram pneus. Os militares posicionaram um veículo e barricadas para impedir a passagem.

"Eu tenho que passar para cumprir minhas oito horas de trabalho. O que vai acontecer se eu não chegar? Minha família depende de mim", afirmou à AFP, antes dos distúrbios, Unay Velasco, um jovem de 24 anos que presta serviços de limpeza em um supermercado de Cúcuta.

Quase 40.000 venezuelanos atravessam diariamente as fronteiras tachirenses, segundo as autoridades migratórias. A maioria retorna ao país após o horário de trabalho ou depois de comprar medicamentos ou produtos em falta em seu país.

A Venezuela enfrenta uma grave crise econômica, com um salário mínimo equivalente a apenas 6 dólares. Quase 2,7 milhões de pessoas deixaram o país desde 2015, segundo a ONU.

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