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Militares venezuelanos chamam apelos da oposição para apoiá-los de 'desesperados e sediciosos'

Em carta conjunta, o candidato Edmundo González Urrutia e a líder opositora María Corina Machado pediram o fim da repressão à população

Com mural de Simon Bolívar ao fundo, policiais enfrentam manifestantes em rua de Caracas (Yuri CORTEZ/AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 15h39.

Última atualização em 6 de agosto de 2024 às 15h54.

Os militares venezuelanos classificaram de “desesperados e sediciosos” os apelos da oposição para apoiá-los, um dia após a divulgação de uma carta conjunta do candidato Edmundo González Urrutia e a líder opositora María Corina Machado. No documento, os opositores pediram o fim da repressão à população, afirmaram que a eleição de 28 de julho foi “uma avalanche eleitoral”, e acusaram o presidente Nicolás Maduro de tentar realizar um “golpe de Estado”.

Na semana passada, Maduro já havia recebido uma declaração de “lealdade absoluta” do alto comando militar.

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“Rejeitamos veementemente as abordagens desesperadas e sediciosas”, que “procuram quebrar a nossa unidade e as nossas instituições, mas nunca o conseguirão”, disse o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, em nota. “Ratificamos a nossa absoluta lealdade ao cidadão Nicolás Maduro Moros, que foi legitimamente reeleito pelo poder popular para o próximo mandato presidencial de 2025-2031”.

Na carta publicada na véspera, direcionada a policiais e militares venezuelanos, os opositores fizeram “um apelo à consciência dos militares e policiais para que fiquem ao lado do povo e de suas próprias famílias”.

“Com essa maciça violação de direitos humanos, a alta cúpula está se alinhando com Maduro e seus interesses vis”, diz um trecho do documento. “Enquanto isso, vocês estão representados por esse povo que saiu para votar pelos seus companheiros das Forças Armadas Nacionais, por seus familiares e amigos, cuja vontade foi expressa no dia 28 de julho e que vocês conhecem.”

O documento levou o regime a endurecer ainda mais a resposta: o Ministério Público, controlado pelo chavismo, ordenou a abertura de uma investigação penal contra os opositores, acusados de crimes como usurpação de funções e divulgação de informações falsas.

Após a divulgação da carta, o procurador-geral, Tarek William Saab, afirmou em nota que os opositores “atuaram às margens da Constituição”, e serão investigados por crimes como usurpação de funções, divulgação de informação falsa para causar alarmismo, instigação à desobediência das leis e à insurreição, e associação para delinquir e conspiração.

As Forças Armadas venezuelanas são uma peça-chave na política do país há pelo menos três décadas e, mesmo quando demoraram a aceitar o sucessor de Chávez como chefe, Maduro conseguiu manter a cúpula totalmente comprometida com o chavismo. Ao longo dos anos, as forças resistiram a todo tipo de negociação ou acordo com a oposição para forçar uma saída de Maduro do poder. Quem aceitou, terminou preso ou no exílio.

A visão, porém, é diferente no baixo clero militar. Diferentemente das mais altas autoridades militares do país, recompensadas por sua lealdade com empregos lucrativos e controle de setores estratégicos, esses militares recebem salários muito baixos e enfrentam, assim como o resto da população, uma situação econômica difícil. Soldados e oficiais estão, assim como outros setores das bases chavistas, insatisfeitos.

Para o general Manuel Cristopher Figuera, ex-chefe de espionagem, qualquer movimento que viesse a desafiar Maduro viria de baixo para cima com os militares se recusando, por exemplo, em reprimir manifestantes — embora não signifique que irão aderir as denúncias de fraude pela oposição.

"Eles não vão se rebelar, mas também não vão obedecer a ordens", disse à AP Figuera, que fugiu do país em 2019 depois de liderar uma tentativa fracassada de remover Maduro do poder, dias antes da eleição.

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