Redação Exame
Publicado em 2 de junho de 2024 às 14h29.
Última atualização em 2 de junho de 2024 às 14h44.
Independente de quem vencer as eleições no México neste domingo, 2 de junho, o país já sabe que vai eleger uma mulher como presidente pela primeira vez em sua história. As pesquisas mostram que duas mulheres lideram a disputa pelo cargo. A cientista política Claudia Sheinbaum, ex-prefeita da Cidade do México e covencedora do Nobel da Paz de 2007, aparece em primeiro lugar com mais de 50% das intenções de voto. Sheinbaum conta com o apoio do atual presidente esquerdista Andrés Manuel López Obrador.
A oposição da direita se uniu em torno de Xóchitl Gálvez, empresária de origem indígena que aposta na política linha-dura à la Nayib Bukele, presidente de El Salvador conhecido por suas mega-prisões, para enfrentar a crise de segurança pública. Ela aparece na segunda posição com cerca de 35% das intenções de voto.
O fato histórico de eleger uma mulher para a presidência pela primeira vez acontece num contexto de piora da violência de gênero no México. Pesquisa do Instituto para Mulheres, Paz e Segurança (GIWPS) da Universidade Georgetown, elencou os melhores e piores países do mundo para ser mulher entre 177 países. Na América Latina e Caribe, o México aparece como segundo pior país, atrás apenas do Haiti.
Segundo o documento, a nação latino-americana tem o maior índice de violência política contra mulheres do mundo: enquanto a média global é de 16 incidentes anuais, o país registrou 537 casos apenas no ano retrasado.
O estudo também aponta a piora na percepção das mulheres sobre segurança. Em 2017, o índice era de 41,9, e caiu para 40 em 2023.
Dados oficiais do governo mostram que dez mulheres foram assassinadas por dia no México em 2023. Apenas um em cada quatro casos são enquadrados como feminicídio — crime que segue aumentando ano após ano.
Estimativas oficiais apontam que metade das mexicanas já foi vítima de estupro ao menos uma vez na vida. Apenas em 2021, uma em cada cinco mulheres foi violentada sexualmente no país.
Há, ainda, uma crise de desaparecimentos que atinge particularmente crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos. Nos últimos seis anos, o número de mulheres e meninas que sumiram triplicou, segundo relatório do Instituto Mexicano de Direitos Humanos e Democracia (IMDHD), e atingiu recorde em 2023, com 2,7 mil casos registrados. Ao todo, 26 mil não têm seu paradeiro conhecido.
Barbados (47º) e Argentina (50º) são os países caribenhos e latinos mais bem colocados no ranking geral de 177 países.
Confira, a seguir, a lista de piores países para ser mulher na América Latina, segundo pesquisa do Instituto para Mulheres, Paz e Segurança (GIWPS) da Universidade Georgetown:
1º - Haiti
2º - México
3º - El Salvador
4º - Guatemala
5º - Colômbia
6º - Honduras
7º - Venezuela
8º - Brasil
9º - Equador
10º - Paraguai
(Com informações do jornal O Globo)