Metro Goldwyn Mayer, um leão que agoniza em sua dívida
O estúdio MGM já acumula uma dívida de US$ 3,7 bilhão e busca soluções para evitar a falência
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Los Angeles - O estúdio Metro Goldwyn Mayer (MGM) agoniza ante uma dívida multimilionária e procura desesperadamente uma solução financeira que mantenha o leão mais famoso de Hollywood rugindo nos cinemas do século XXI.
A ameaça da quebra iminente sobrevoa a produtora de clássicos com "O Mágico de Oz" (1939), "E o Vento Levou" (1939), "Ben-Hur" (1959), a saga do agente secreto 007, além da recentemente encarregada de desenvolver a esperada série da obra literária "O Hobbit", originalmente escrita por J. R. R. Tolkien, mesmo autor de "O Senhor dos Anéis".
A MGM acumula atualmente dívida de US$ 3,7 bilhão e, apesar de seu grandioso catálogo de filmes, sua renda tem sido duramente prejudicada pela crise, especialmente na divisão de DVDs.
Incapaz de tapar o rombo financeiro, o estúdio está a meses tentando ganhar tempo para encontrar uma alternativa ao fechamento, cogitando desde uma fusão ou até a - pouco provável - venda.
A MGM informou ontem que conseguiu uma nova prorrogação para pagar parte da dívida de US$ 3,7 bilhões que ameaça levá-la à quebra.
É o sexto adiamento dado pelos credores. O objetivo é que a MGM apresente um plano de reestruturação que evite seu desmantelamento.
Se a concessão não fosse feita, o estúdio teria que pagar US$ 500 milhões hoje, entre devolução do valor principal e os juros. O prazo está agora adiado para 15 de setembro.
Em junho de 2011 vence o prazo para o pagamento de US$ 1 bilhão. Até 2012, se as datas de pagamento estiverem cumpridas, a dívida estará liquidada.
Para entender a origem do problema, é preciso voltar a 2004, ano em que a Sony, a empresa de telecomunicações Comcast e as financeiras Providence Equity e TPG Capital lideraram uma operação para comprar a MGM a crédito por cerca de US$ 5 bilhões.
Uma estimativa posterior considerou a operação supervalorizada, consequência da alta de preços em meio a um bom momento da econômica, mas que serviu para a Sony garantir que os filmes da MGM adotassem o seu formato de reprodução digital Blu-ray - até então brigando com o HD-DVD da Toshiba.
A explosão da bolha financeira e a consequente seca do crédito no mercado pôs uma corda no pescoço do estúdio fundado em 1924, cuja sobrevivência parecia irremediavelmente fadada a se fundir com produtoras menores, como Spyglass, Summit ou Lionsgate.
O trâmite, que precisa da aprovação dos acionistas e dos credores, ajudaria a MGM em uma reestruturação que, no caso da Spyglass ("O Sexto Sentido", 1999) implicaria em demissões, na eliminação do departamento de distribuição e na mudança da sede para instalações mais baratas, como foi divulgado no jornal "Los Angeles Times".
Pouco se sabe da proposta da Summit, companhia que vive um bom momento com o sucesso da saga "Crepúsculo", mas especula-se que os diretores fariam cortes menos drásticos na MGM que os propostos pela Spyglass.
Já o Lionsgate ("Jogos Mortais", 2004) foi um dos primeiros entre os pequenos estúdios de Hollywood a se mostrar interessados no estúdio. No começo do ano, a produtora fez uma oferta de compra de US$ 1,4 bilhão, mas a retirou devido a um desacordo entre seus acionistas majoritários.
Como até hoje as disputas internas pelo poder na Lionsgate continuam sem resolução, a possibilidade de um resgate à MGM parece mais complicada.
Outra proposta veio, segundo o blog "Hollywood Deadline.com", da produtora Relativity Media, que estaria disposta a investir US$ 500 milhões na MGM para que comecem a rodar projetos rentáveis, como a nova aventura de James Bond ou os dois outros filmes da saga "O Hobbit".
Uma opção mais improvável é a proposta de compra da gigante midiática News Corporation, que, através da filial Time Warner, ofereceu US$ 1,5 bilhão pela MGM, uma quantia considerada insuficiente, mas que não foi formalmente rejeitada pelos credores.