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Merkel alcança acordo com social-democratas

Merkel aceitou várias concessões importantes que poderiam ajudar a superar as dúvidas dos militantes do SPD


	Angela Merkel: chanceler já dirigiu um governo de grande coalizão durante seu primeiro mandato, de 2005 a 2009
 (AFP)

Angela Merkel: chanceler já dirigiu um governo de grande coalizão durante seu primeiro mandato, de 2005 a 2009 (AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2013 às 15h07.

Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel, chegou a um acordo nesta quarta-feira com a direção do partido social-democrata SPD para governar em coalizão, dois meses depois de sua vitória sem maioria absoluta nas legislativas.

O acordo entre conservadores (CDU/CSU) e SPD deve ser ratificado por um grupo ampliado de 75 negociadores dos três partidos em uma reunião iminente.

Também deverá ser aprovado pelos militantes do SPD em um referendo de resultado incerto, previsto para o início do dezembro.

Se a base do SPD aprovar, Merkel deve ser eleita em 17 de dezembro pelos deputados do Bundestag para comandar um governo de "ampla coalizão" em um terceiro mandato de quatro anos.

Merkel aceitou várias concessões importantes que poderiam ajudar a superar as dúvidas dos militantes do SPD, que hesitam ante a ideia de uma aliança com um partido de direita.

Durante a noite, fontes ligadas aos partidos indicaram que os conservadores aceitaram a criação de um salário mínimo na Alemanha de 8,50 euros a hora a partir de 2015, mas que só será aplicado a todos os setores a partir de 2017. Muitos detalhes ainda deverão ser explicados.

O partido social-democrata havia apresentado a medida emblemática de seu programa como um requisito para qualquer acordo de coalizão.

O salário mínimo seria uma novidade na Alemanha, país que até agora deixava nas mãos dos interlocutores sociais as questões salariais.

Segundo o instituto econômico DIW, 5,6 milhões de pessoas, 17% da força de trabalho alemã, recebem atualmente menos de 8,50 euros por hora.


Após mais de um mês de negociações, os social-democratas podem celebrar o acordo para um plano que aumenta os pagamentos para os que recebem salários baixos e mães da família, além da possibilidade de aposentadoria aos 63 anos (contra 67) para os trabalhadores com 45 anos de contribuição.

O conjunto das medidas sociais e investimentos previstos no projeto de grande coalizão deverá representar 23 bilhões de euros, financiados sem aumento dos impostos.

"O resultado é bom para nosso país, leva amplamente a marca dos democrata-cristãos", afirmou Hermann Gröhe, secretário-geral de CDU, destacando que, ao contrário do que pediam os social-democratas, os impostos não subirão.

O SPD também conquistou uma de suas principais reivindicações na área social: a possibilidade de conceder a dupla cidadania aos filhos de estrangeiros nascidos na Alemanha.

No acordo figura a criação de um imposto rodoviário para financiar as rodovias.

Merkel já dirigiu um governo de grande coalizão durante seu primeiro mandato, de 2005 a 2009.

Os dirigentes conservadores e social-democratas desistiram de anunciar a divisão de ministérios até que seja conhecido o resultado do referendo do SPD.

O partido prevê consultar seus 470.000 afiliados entre 6 e 12 de dezembro e anunciar o resultado no dia 15, dois dias antes da data em que Merkel deverá ser reeleita pelo parlamento.

Desde o início das negociações, o presidente do SPD, Sigmar Gabriel, prometeu consultar as bases para superar as reticências de inúmeros militantes, que não têm uma boa recordação da primeira grande coalizão, ao final da qual na legislativas de 2009 o partido obteve seu pior resultado eleitoral da história, com apenas 23% dos votos.

A perspectiva de governar com os conservadores não provoca entusiasmo em um partido que continua traumatizado com as reformas do Estado de bem-estar lançadas há dez anos pelo último chanceler social-democrata, Gerhard Schröder, que afetaram a imagem do partido na opinião pública.

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