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Médicos cubanos ajudam a reduzir taxa de mortalidade por cólera no Haiti

Equipes possuem médicos que atuam no país há mais de uma década no combate contra a doença

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 23 de março de 2011 às 21h19.

Porto Príncipe - Samba Conare é um jovem médico de Mali formado em Cuba que trabalha no Centro de Tratamento de Cólera (CTC) de Croix de Bouquets, em Porto Príncipe, onde, segundo ele, sente "uma grande felicidade" cada vez que uma criança se recupera da doença.

Conare faz parte da brigada cubana que presta auxílio médico de todo tipo ao Haiti há 12 anos e que ajudou a reduzir a taxa de mortalidade por cólera nas regiões em que suas equipes trabalham para 0,38%, segundo seus responsáveis.

O CTC de Croix de Bouquets, administrado pela Brigada Médica Cubana (BMC), tem capacidade para cerca de cem pacientes e, embora o número de doentes nunca tenha sido muito alto, aumentou nos últimos dias.

O médico de Mali relata que nunca esquecerá uma das mais fascinantes experiências que viveu neste centro, quando ele e seus companheiros salvaram sete crianças que chegaram ao local com desidratação pela cólera.

"Nós achávamos que morreriam, mas conseguimos salvá-los. Tenho a foto desses rapazes e ainda lembro seus nomes", relata emocionado este médico de 29 anos, formado nos programas internacionais da Escola Latino-Americana de Medicina (Elam), em Cuba.

A epidemia de cólera, que teve início em meados de outubro em Mirebalais (norte) se estendeu por todo o país e deixou quase 5 mil mortos no Haiti.

Já não se espera que o número de vítimas aumente de forma alarmante, embora seja possível novos surtos durante um tempo.

Em todo o país, o número de casos ultrapassou 250 mil e os especialistas cubanos acreditam que por volta de outubro deste ano, quando se completará um ano desde que o surto teve início no país, os doentes podem chegar a 400 mil.

Em Croix de Bouquets o trabalho é incessante. Entre as 7h e as 10h no horário local muitos pacientes começam a chegar no centro, após uma noite de diarreia e vômitos.

Otani Pwstin, de 40 anos, entra quase arrastado nas tendas de campanha do CTC com a ajuda de dois parentes.

Uma mulher permanece sob observação por alguns minutos e, pelos sintomas que apresenta, Conare logo percebe que se trata de um novo caso de cólera.

Tudo parece indicar que devido à recente realização das eleições houve uma intensificação dos deslocamentos da população e isso elevou a incidência da doença, explica a diretora do hospital de Croix de Bouquets, a cubana Daineyi Veranes.

O coordenador geral da brigada cubana, Lorenzo Somarriba, revela algumas das razões para a baixa taxa de mortalidade, entre elas a capacitação de sua equipe, a busca de doentes nas comunidades mais afastadas, a criação de numerosas unidades de tratamento, além do atendimento 24 horas por dia.

Um dos elementos da estratégia cubana contra a cólera são as 50 equipes de pesquisa ativa que percorrem diferentes regiões do país na busca de doentes.


A cólera, uma doença que pode matar se não for tratada imediatamente, pode ser prevenida com uma higiene adequada. Além disso, pode ser tratada em poucas horas com medidas de reidratação e, caso necessário, através do uso de antibióticos.

No entanto, as circunstâncias da vida no Haiti privam grande parte da população de informação.

A brigada cubana, que foi reforçada com 500 médicos, enfermeiras e técnicos da brigada Henry Reeves, também cubana, em novembro, chegou a instalar 67 instituições para combater a cólera no país e já recebeu 72.160 pacientes, disse Somarriba à Agência Efe.

Segundo Daineyi, daqui a quatro ou seis meses a situação deve estar ainda melhor.

"Esperamos que os casos sejam esporádicos e não tenhamos mais que um doente a cada três ou quatro dias", diz ela, convencida da eficácia do trabalho que realiza junto a seus colegas.

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