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Mais de 113 milhões de pessoas foram vítimas de fome extrema em 2018

Guerras, mudança climática e crises econômicas foram as principais causadas da fome extrema em 53 países do mundo

Iêmen: conflitos armados motivaram a desnutrição de 74 milhões de pessoas em 21 países (Giles Clarke/Getty Images)
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EFE

Publicado em 2 de abril de 2019 às 14h14.

Última atualização em 2 de abril de 2019 às 14h16.

Bruxelas — Mais de 113 milhões de pessoas de 53 países foram vítimas de fome extrema em 2018, especialmente no Iêmen , na República Democrática do Congo e no Afeganistão , segundo um relatório publicado nesta terça-feira por ocasião de um ato da Rede Global contra as Crises Alimentares, que revelou que as guerras e o clima foram os principais motivos da carência de alimentos.

O documento foi divulgado por em um ato em Bruxelas que reuniu representantes da União Europeia (UE), da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e do Programa Mundial de Alimentos (PMA).

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Os conflitos bélicos, a mudança climática e as crises econômicas motivaram, nessa ordem, as deficiências alimentares. Cerca de dois terços das pessoas mais afetadas pela fome estavam em oito países: Iêmen, República Democrática do Congo, Afeganistão, Etiópia, Síria, Sudão, Sudão do Sul e Nigéria.

A guerra e os conflitos motivaram a desnutrição de 74 milhões de pessoas em 21 países. Outras 29 milhões de pessoas passaram fome por culpa das catástrofes naturais e do clima e cerca de 10 milhões foram afetadas pelo impacto de crises econômicas.

Países como Venezuela e Coreia do Norte, onde também há problemas alimentares, não aparecem na análise por causa da existência de brechas em seus dados. Para 2019, o relatório indica que não há reflexos de que a situação nos países mais afetados pelas crises de fome mude.

Além disso, alerta que a seca irá piorar as perspectivas de produção agrícola em diferentes regiões do sul da África e no Corredor Seco da América Central e que o fenômeno meteorológico "El Niño" terá possivelmente um impacto na agricultura e no preço dos alimentos na América Latina e no Caribe.

Para abordar eficazmente as crises alimentares, os especialistas mencionam a necessidade de pôr fim aos conflitos, dar mais poder às mulheres, melhorar as infraestruturas rurais e reforçar as redes de segurança e ajudas sociais. Por isso, pedem à comunidade internacional que invista na prevenção de conflitos e garanta uma paz sustentável.

"As crises alimentares continuam sendo um desafio global, que requer nossos esforços conjuntos", disse hoje o comissário europeu de Ajuda Humanitária, Christos Stylianides, que lembrou que nos últimos três anos a UE foi o maior doador de assistência alimentar, com cerca de 2 bilhões de euros.

Ele opinou, além disso, que o relatório apresentado oferece uma base para melhorar a coordenação da ajuda.

Já o diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos, David Beasley, afirmou que a comunidade global deve se envolver mais na resolução dos conflitos que motivam a fome.

As organizações não-governamentais insistiram na necessidade de não limitar a assistência para aliviar a fome, mas também em investir em sistemas de produção de alimentos.

Em comunicado, a ex-ministra de Ecologia e atual responsável da Oxfam França, Cécile Duflot, qualificou de "inadequada" a resposta global à fome.

"Os governos nos países ricos e pobres prometeram reformas corajosas, mas forneceram pouco. Isto tem que mudar", disse Duflot, que pediu principalmente mais apoio para as mulheres e investimentos em agricultura.

Por sua vez, a organização Ação Contra a Fome, que participa de um dos painéis do evento em Bruxelas, defendeu a necessidade de "promover políticas públicas efetivas para garantir o acesso aos serviços básicos".

A Rede Mundial Contra as Crises Alimentares, que é formada por parceiros internacionais humanitários e de desenvolvimento, publica este relatório todos os anos, com o objetivo de oferecer dados aos atores ativos nesse âmbito e ajudar a planejar as próximas ações.

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