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Mais de 1.300 pessoas são detidas na França após protestos

Número de presos registrado neste sábado é o maior desde que os tumultos começaram na terça-feira, após a morte de Nahel, um garoto de 17 anos

A segunda noite de distúrbios na França terminou com 150 pessoas detidas (AFP/AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 1 de julho de 2023 às 09h36.

As forças de segurança da França prenderam 1.311 pessoas na quarta noite de protestos pela morte de um adolescente baleado pela polícia, cujo funeral será realizado neste sábado. O ministro do Interior, Gérald Darmanin, informou que a violência foi "muito menos intensa" do que nas noites anteriores. Ao menos 79 policiais e guardas ficaram feridos, informou.

O número de detidos registrado neste sábado é o maior desde que os tumultos começaram na terça-feira, após a morte de Nahel, um garoto de 17 anos que foi baleado à queima-roupa por um policial durante um blitz de trânsito em um subúrbio de Paris.

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As autoridades informaram que 1.350 veículos foram incendiados ou danificados, 234 prédios queimados ou danificados e 2.560 incêndios em vias públicas.

A morte de Nahel M. , cuja família é originária da Argélia, reacendeu o debate sobre a violência policial na França, onde 13 pessoas morreram em 2022 em circunstâncias semelhantes, e gerou críticas às autoridades, percebidas como racistas pela população.

A violência se espalhou pelo país apesar do envio de 45 mil agentes e do uso de veículos blindados para deter os protestos. Eles não conseguiram impedir os atos de vandalismo em cidades como Marselha (sul) ou Lyon e Grenoble, ambas no centro-leste, onde grupos de pessoas — em muitos casos encapuzados — saquearam lojas.

Em Paris e seus subúrbios, apesar da chuva, também houve tumultos na madrugada deste sábado. Naquela área, houve 406 detenções, cerca de metade do total realizado em todo o país, disse à AFP uma fonte policial. As autoridades impuseram toque de recolher em pelo menos três cidades na região da capital francesa e em várias outras em todo o país.

O ministro do Interior tinha anunciado uma mobilização "excepcional" da polícia e dos guardas para travar os motins, desencadeados pela morte de Nahel, que será sepultado neste sábado em Nanterre, subúrbio a noroeste de Paris onde viveu e onde morreu. Lá, os habitantes prepararam esta data para as cerimônias fúnebres do jovem.

"Sábado, 1º de julho, será para a família de Nahel M., um dia de lembrança", escreveram os advogados da família, pedindo à mídia que não comparecesse à cerimônia para "dar às famílias enlutadas a privacidade e o respeito de que precisam.

Racismo

O governo decidiu suspender todos os grandes eventos e pediu que os bondes e ônibus parem de circular em todo o país a partir das 21h. A ONU solicitou às autoridades francesas que abordem seriamente os "profundos" problemas de "racismo e discriminação racial" em suas forças de segurança, acusações que o Ministério das Relações Exteriores descreveu como "totalmente infundadas".

Mounia, a mãe da vítima, disse ao France 5 que não culpa a polícia, mas apenas o policial que tirou a vida de seu filho. A Justiça decretou prisão preventiva por homicídio culposo para o agente de 38 anos que atirou, que, segundo seu advogado, pediu "perdão à família" de Nahel.

Numa tentativa de apaziguar a situação, a equipa de futebol francesa, liderada por Kylian Mbappé, afirmou em comunicado que "o tempo da violência tem de parar" e dar lugar a "maneiras pacíficas e construtivas de se expressarem". "Desde este trágico evento, testemunhamos a expressão de raiva popular que no fundo entendemos, mas não podemos aceitar na forma", escreveram os jogadores de futebol.

A agitação levantou preocupações em outros países, já que a França sediará a Copa do Mundo de Rugby no próximo outono e os Jogos Olímpicos no verão de 2024. Vários países europeus, como Reino Unido, Alemanha e Noruega, alertaram seus cidadãos na França para evitar zonas de tumulto e ter cautela.

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