O líder do partido neonazista Aurora Dourada, Nikos Michaloliakos, levado por policiais para tribunal de Atenas em 2 de outubro (ARIS MESSINIS/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2013 às 07h27.
Atenas - O líder do partido neonazista grego "Aurora Dourada", Nikos Michaloliakos, foi colocado nesta quinta-feira em prisão preventiva após prestar depoimento a um juiz de Atenas, anunciou a agência grega ANA.
Michaloliakos é acusado de "dirigir uma organização criminosa", no momento em que as autoridades gregas se esforçam para silenciar o partido neonazista, após o assassinato de um rapper antifascista por um membro do "Aurora Dourada".
Segundo a imprensa grega, os juízes também decidiram manter a prisão de um dirigente local do "Aurora Dourada", acusado de envolvimento no assassinato do rapper Pavlos Fyssas.
Quatro deputados do partido neonazista foram denunciados nesta quarta-feira por participação "em organização criminosa": três estão sob liberdade condicional e o quarto, Yannis Lagos, em prisão preventiva.
Yannis Lagos também é acusado de envolvimento na morte do rapper Fyssas.
Os deputados Ilias Kasaidiaris, Nikos Michos e Ilias Panagiotaros - os três em liberdade condicional - estão proibidos de sair do país.
O grupo em liberdade condicional saiu sorrindo do Palácio da Justiça, após mais de 14 horas de depoimentos, e um dos deputados gritou para os jornalistas: "vamos desmontar estas acusações, vocês são lacaios".
A morte de Fyssas chocou a Grécia e as autoridades passaram à ofensiva contra o "Aurora Dourada (Chryssi Avghi, em grego), após anos de impunidade e atos de violência contra imigrantes e militantes de esquerda.
Testemunhos de ex-membros do Aurora Dourada e um relatório judicial, publicado na segunda-feira, revelaram inúmeras "ações criminosas" do partido neonazista grego, incluindo operações coordenadas para espancar imigrantes paquistaneses.
O partido neonazista criou "milícias de assalto" que nos últimos anos atacaram principalmente imigrantes paquistaneses, revelou o subprocurador Charalambos Vourliotis.
"Eu participei várias vezes em ações que envolveram entre 50 e 60 motos, com duas pessoas em cada uma. Quem estava na garupa carregava uma vara com a bandeira grega e batia em todos os paquistaneses que conhecia", relatou um dos ex-militantes, citado no relatório.
O partido tem uma "estrutura estritamente hierárquica, o líder é todo-poderoso segundo o princípio de Hitler, o Führerprinzip. (...). O Aurora Dourada começou seus ataques em 1987, inicialmente contra imigrantes e mais tarde contra gregos".
O relatório afirma ainda que este partido, "cujos membros seguem um treinamento em estilo militar, principalmente na região da Ática (...) cometeu dezenas de ações criminosas", incluindo dois homicídios voluntários, três tentativas de homicídio e numerosos ataques contra imigrantes.
"O fenômeno mais preocupante é o recrutamento de menores para formar organizações de jovens militantes".
De acordo com os dois ex-militantes, colocados pela justiça sob "status de testemunhas protegidas", "nas sedes do partido havia punhais, bastões e facas".
Trinta e dois mandatos de prisão foram emitidos pela Suprema Corte no comando das investigações envolvendo o Aurora Dourada.