Enrico Letta, o novo primeiro-ministro da Itália: "a Itália se comprometerá a identificar as estratégias para crescer sem comprometer o saneamento", disse (AFP / Alberto Pizzoli)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2013 às 12h18.
Roma - O novo primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, do Partido Democrata (PD), anunciou nesta segunda-feira que após sua posse ser aprovada pelo Parlamento viajará para Bruxelas, Berlim e Paris para promover medidas na União Europeia (UE) que impulsionem o crescimento econômico sem comprometer o equilíbrio orçamentário.
Durante seu discurso de posse na Câmara dos Deputados, Letta pediu uma maior integração bancária e política na UE, sem as quais a crise se tornará "insustentável".
A "Itália se comprometerá a identificar as estratégias para crescer sem comprometer o saneamento. A Europa está em crise de legitimidade, justamente quando seus cidadãos mais necessitam dela. É preciso mais Europa porque o destino de todo o continente está unido. Não há vencedores nem vencidos", afirmou o novo primeiro-ministro.
Letta, que espera receber hoje o voto de confiança para a posse de seu Executivo na câmara Baixa e amanhã no Senado, disse que a partir da tarde de terça-feira começará a trabalhar sobre estas questões e que entre quarta-feira e quinta-feira visitará Bruxelas, Berlim e Paris para demonstrar que seu governo é "europeu e europeísta".
"Só com o saneamento (das contas públicas) a Itália morre. As políticas para o crescimento não podem esperar. Não há mais tempo. Muitas famílias e cidadãos estão imersos no desespero", disse o novo primeiro-ministro.
Letta advertiu que essa "vulnerabilidade" pode se transformar em "raiva e conflito", como demonstrou o tiroteio registrado ontem em Roma em frente à sede do Executivo, no qual ficaram feridos dois policiais e uma mulher pelos disparos de um pai de família desempregado.
Letta afirmou que "sem crescimento e coesão" a Itália está perdida e que o emprego é o primeiro objetivo de governo de coalizão, integrado por técnicos e membros do PD, do conservador Povo da Liberdade (PDL), de Silvio Berlusconi e da centrista Escolha Cívica, de Mario Monti.
O primeiro-ministro da Itália se referiu além disso ao empecilho que representa o elevado nível de endividamento público do país, de 127% do Produto Interno Bruto (PIB), índice que não quer aumentar, apesar de apostar na redução de impostos, sobretudo relacionados à renda do trabalhador.
Em relação à principal exigência de Berlusconi, Letta anunciou que a partir de junho será suspenso o pagamento do imposto sobre a habitação que tinha sido reintroduzido por Monti.
O primeiro-ministro disse também que é preciso legitimar a política e apostar em uma Justiça que garanta os investimentos de italianos e estrangeiros em prol do crescimento econômico. Letta anunciou ainda que os membros de seu governo que também são parlamentares não receberão salário de ministros.
*Atualizada às 12h18