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Legalização das drogas pode causar mais mortes, diz ONU

Agência antidrogas da ONU criticou a recomendação de uma comissão global para que o uso de algumas drogas seja regulado


	Maconha: ONG aconselhou que se permitam “experimentos em mercados legalmente regulados com drogas atualmente ilícitas”
 (Miguel Medina/AFP)

Maconha: ONG aconselhou que se permitam “experimentos em mercados legalmente regulados com drogas atualmente ilícitas” (Miguel Medina/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2014 às 16h43.

Viena - A legalização de narcóticos pode levar a um aumento de consumo e causar mais mortes, afirmou a agência antidrogas da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira, questionando a recomendação de uma comissão global para que o uso de algumas drogas, como a maconha, seja regulado legalmente.

Em um relatório do mês passado, a entidade não governamental Comissão Global de Políticas de Drogas aconselhou que se permitam “experimentos em mercados legalmente regulados com drogas atualmente ilícitas”, incluindo a maconha e algumas das chamadas substâncias psicoativas.

“São necessários novos experimentos na permissão do acesso legal, mas restrito, a drogas que no momento só são disponíveis ilegalmente”, concluiu o conselho, liderado pelo ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso e que inclui ainda o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan e o ex-presidente do Banco Central dos Estados Unidos Paul Volcker.

Mas Yury Fedotov, chefe do Escritório sobre Drogas e Crime das Nações Unidas (UNODC, na sigla em inglês), sediado em Viena, declarou em uma coletiva de imprensa: “Acredito que tal experimento certamente tornará as drogas mais acessíveis (e baratas)”.

Ele acrescentou: “Isso significa que podemos nos deparar com um aumento no consumo de substâncias psicoativas, o que pode resultar em mais mortes e mais sofrimento para os indivíduos e suas famílias”.

Não existe um consenso sobre a melhor maneira de enfrentar o problema mundial dos narcóticos. Alguns críticos questionam a “guerra às drogas” e defendem alguma legalização para tentar minar os cartéis que florescem com o tráfico de drogas.

Na América Latina, a legalização de alguns narcóticos é cada vez mais vista por líderes regionais como maneira possível de pôr fim à violência que assola o comércio de cocaína.

“Existe uma percepção crescente de que a abordagem da ‘guerra às drogas’ fracassou”, diz a comissão de notáveis em seu site, acrescentando que a criminalização não reduziu o consumo de drogas.

“Em muitos países, os danos causados pela proibição às drogas em termos de corrupção, violência e violação de direitos humanos supera de longe os danos causadas pelas drogas”, diz a entidade.

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