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Legado olímpico de Pequim se desvanece 5 anos depois

Há cinco anos, Pequim inaugurou suas Olimpíadas, um acontecimento que internacionalizou a cidade, mas cujo legado vai se desvanecendo com o tempo

Pequim, China: cidade não acabou com problemas que tinha antes das Olimpíadas, como a poluição e os engarrafamentos (Getty Images)

Pequim, China: cidade não acabou com problemas que tinha antes das Olimpíadas, como a poluição e os engarrafamentos (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de agosto de 2013 às 13h30.

Pequim - Em um dia como hoje, há cinco anos, Pequim inaugurou suas Olimpíadas, um acontecimento que internacionalizou a cidade e a dotou de infraestruturas ambiciosas, mas cujo legado vai se desvanecendo com o tempo, enquanto a poluição e os problemas sociais aumentam.

A Pequim atual é uma cidade com melhores infraestruturas de transportes, mais arranha-céus e estádios milionários que a de antes daquele 8 do mês 8 de 2008, mas continua sendo menos popular no exterior que sua "rival" Xangai (que teve uma Expo Universal em 2010) e não conseguiu acabar com problemas que já tinha antes daquele evento, como a poluição e os engarrafamentos.

Este ano a cidade decidiu enfrentar seus problemas ambientais e decidiu medir pela primeira vez as partículas de menos de 2,5 mícrons (as mais nocivas segundo os especialistas) em sua atmosfera, mas isso não trouxe melhorias, mas maior preocupação dos cidadãos.

Muitos dias, especialmente no inverno, a concentração de partículas poluentes tinge de marrom o céu e os números são tão alarmantes que as autoridades recomendam aos cidadãos não sair de casa salvo se estritamente necessário.

Os carros, aparentemente o principal causador dessa poluição (muitas fábricas altamente poluentes se transferiram para a província vizinha de Hebei, que agora tem as cinco cidades com pior ar do país) continuam sendo o grande problema, apesar das medidas que Pequim iniciou nos Jogos Olímpicos para reduzir seu uso.

Os moradores de Pequim estão proibidos de dirigir seus carros particulares um dia por semana (nem sempre o mesmo, depende do número de sua matrícula) e a Prefeitura limitou muito a emissão de novas licenças, até o ponto de serem sorteadas.

Ao mesmo tempo, a cidade multiplicou sua antes insuficiente rede de metrô (tinha duas linhas quando foi escolhida para acolher os Jogos em 2001, e agora tem 17, sendo a segunda maior rede do mundo) e fomentou o uso da bicicleta elétrica, mas os engarrafamentos e a fumaça dos escapamentos continuam.

Por outro lado, as Olimpíadas, e a atração que produziu em muitos outros campos, encheu a capital de grandes obras de arte contemporânea como o terminal 3 do aeroporto (obra de Norman Foster, o maior do mundo), a sede da televisão estatal (um projeto quase impossível de Rem Kolhaas) e o Teatro Nacional, com forma ovoide, de Paul Andreu.


Mas o uso de alguns desses prédios foi complicado de se adaptar aos anos "de ressaca" posteriores aos Jogos: aconteceu sobretudo com as mais espetaculares instalações esportivas do Parque Olímpico, que na meia década transcorrida foram usadas cada uma, no máximo, cerca de 20 vezes.

O Estádio Olímpico, o impressionante ninho de Herzog & De Meuron, não costuma acolher mais de um ou dois jogos de futebol por ano (no próximo sábado, para comemorar o aniversário, jogarão nele lendas brasileiras como Romário, Bebeto e Zico), embora se espere que abrigue mais eventos em 2015, com o Mundial de Atletismo.

O time de futebol local, o Beijing Guoan, continua preferindo disputar suas partidas na Estádio dos Trabalhadores, mais perto de seus torcedores, e até a seleção chinesa, que não jogava em Pequim há uma década, escolheu esta sede mais modesta para seu retorno à capital em junho passado, contra a Holanda.

Ao lado do Estádio Olímpico, o Cubo de Água continua sendo um imã de turistas, mas em seu interior quase não há competições esportivas.

O parque aquático é mais popular, com escorregadores para as crianças, além do fato de que seus trampolins este ano acolheram uma versão chinesa dos concursos nos quais famosos se jogam na água.

Em todo caso, ainda restam em Pequim vagas lembranças da qual há cinco anos foi a capital esportiva do mundo durante três semanas (por exemplo, a bandeira olímpica ainda é visível em algumas calçadas).

Seu aeroporto já é hoje o que mais tráfego aéreo recebe do mundo, seu estilo é mais cosmopolita que então e seus arranha-céus, misturados com palácios imperiais e o ar rural de suas ruas tradicionais, a mantêm como uma cidade muito bonita de se ver, nos dias em que o "smog" (fumaça) permite.

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