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Kuczynski diz que tentativa de destituí-lo ameaçam democracia

Acusado de "incapacidade moral", Kuczynski quer evitar se converter no primeiro presidente em exercício destituído no Peru

Kuczynski: "O que está em jogo não é a vacância de um presidente, mas a democracia" (Mariana Bazo/Reuters)

Kuczynski: "O que está em jogo não é a vacância de um presidente, mas a democracia" (Mariana Bazo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 21 de dezembro de 2017 às 16h50.

Lima - O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, disse nesta quinta-feira, durante sua defesa aos parlamentares de um Congresso dominado pela oposição, que as tentativas de destituí-lo colocam a democracia do país em jogo.

Acusado de "incapacidade moral", Kuczynski quer evitar se converter no primeiro presidente em exercício destituído devido aos seus vínculos com a empreiteira brasileira Odebrecht, acusada de corrupção em vários países da América Latina.

"O que está em jogo não é a vacância de um presidente, mas a democracia, que tanto custou ao Peru recuperar, a estabilidade de um país próspero", disse Kuczynski, de 79 anos, no Parlamento dominado pelo partido Força Popular, da ex-candidata presidencial Keiko Fujimori.

Durante a apresentação do mandatário ao Congresso surgiu a informação de que o ex-presidente preso Alberto Fujimori, pai de Keiko, solicitou sua libertação a uma comissão presidencial comandada por Kuczynski.

O partido de Keiko tem 71 assentos no Parlamento e afirmou que apoiará a deposição do presidente juntamente com outras forças políticas. Para destituir o presidente peruano é preciso ao menos 87 votos dos 130 parlamentares do Congresso.

Em seu discurso no Congresso unicameral, Kuczynski afirmou que sua empresa de consultoria Westfield Capital, que trabalhou em certas ocasiões com a Odebrecht, nunca firmou contrato com o Estado e que nunca incorreu em nenhum conflito de interesses.

"Jamais favoreci nenhuma empresa ou pessoa durante minha gestão como ministro de Energia e Minas, ministro da Economia ou primeiro-ministro. Tampouco o fiz desde que sou presidente", manteve Kuczynski, acompanhado de seus dois vice-presidentes. Nesta semana a Odebrecht informou ao Congresso peruano que transferiu 4,8 milhões de dólares a consultorias vinculadas a Kuczynski, e a uma delas quando ele era integrante do governo do ex-presidente Alejandro Toledo. Se o mandatário for destituído, o primeiro vice-presidente Martín Vizcarra, um engenheiro civil que chegou a Lima na quarta-feira vindo do Canadá, onde era embaixador, deve assumir seu cargo até completar o mandato em 2021. "Confesso que não fui prolixo, mas não sou corrupto, peço desculpas muito sentidas com clareza na mente e dor no coração", disse Kuczynski a respeito do manejo dos documentos relacionados às consultorias nas quais colaborou ocasionalmente. Em uma mensagem ao país divulgada na véspera, Kuczynski advertiu que nenhum de seus vice-presidentes aceitará ser parte de um governo que nasça "de uma manobra antidemocrática".

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