Kuczynski denuncia "golpe de Estado disfarçado" no Peru
Pedido de impeachment do presidente será debatido e votado nesta quinta-feira no Congresso peruano
EFE
Publicado em 21 de dezembro de 2017 às 06h44.
Lima - O presidente do Peru , Pedro Pablo Kuczynski, afirmou na quarta-feira que seu país enfrenta "um golpe de Estado disfarçado" com o pedido para a sua destituição, que será debatido e votado nesta quinta-feira no Congresso.
"A Constituição e a democracia estão sob ataque. Estamos sob um golpe, sob o disfarce de interpretações legais supostamente legítimas", enfatizou Kuczynski, em mensagem transmitida pela televisão, onde esteve acompanhado pelos seus vice-presidentes, Martín Vizcarra e Mercedes Aráoz.
O pleno do Congresso, dominado pelo partido fujimorista Força Popular, ouvirá a defesa do presidente nesta quinta-feira, diante das acusações de que uma empresa sua recebeu dinheiro da construtora Odebrecht, logo após terá um debate sobre o pedido de destituição por uma suposta "incapacidade moral permanente".
A este respeito, Kuczynski exigiu ao Congresso "respeito pela decisão popular" que o colocou na presidência nas eleições de 2016, por pouco mais de 40 mil votos sobre Keiko Fujimori, a líder da Força Popular.
O governante assegurou que durante sua defesa no Congresso responderá "com clareza pontual" as acusações de que ele teria se beneficiado com pagamentos da Odebrecht.
A permanência de Kuczynski à frente da chefatura do Estado foi seriamente questionada depois que a semana passada se informasse de que uma empresa sua ofereceu serviços de consultoria à construtora brasileira Odebrecht entre 2004 e 2007.
Kuczynski reconheceu que recebeu pagamentos por um contrato de assessoria assinado pelo seu então sócio Gerardo Sepúlveda com a Odebrecht quando ele era ministro do governo de Alejandro Toledo.
No entanto, o atual governante assegurou que não tinha conhecimento de que o dinheiro proveniente desse contrato até que foi apresentado na semana passada pela comissão parlamentar que investiga a Lava Jato no Peru.
O presidente admitiu que cometeu "erros" ao explicar de maneira confusa e duvidosa a forma em que sua empresa fez esses trabalhos, algo que atribuiu a sua falta de perícia para se comunicar.
"A verdade é que não sou um bom comunicador, mas sou uma pessoa transparente, alguém que jamais cometeu um ato de corrupção em toda sua vida", afirmou.
Ele também disse que seus compatriotas "foram testemunhas" da sua disposição ao diálogo durante seu governo, mas que foi confrontado em todo momento pela "atitude abusiva da maioria opositora que controla o Congresso".
O chefe de Estado disse que se apresentará no Congresso "com a consciência tranquila, firmeza de espírito e fé" nas instituições democráticas, "uma convicção" que, segundo disse, os seus dois vice-presidentes compartilham.
Além disso, ele anunciou que nenhum deles "querem ser parte de um governo que nasça de manobras injustas, nem antidemocráticas".
Se o pedido de destituição for aprovado - necessita de 87 votos favoráveis dos 130 congressistas, a presidência deveria ser assumida por Vizcarra ou, se este declinar, por Mercedes Aráoz.
Se os dois vices renunciarem, o titular do Congresso, que neste momento é o fujimorista Luis Galarreta, teria que assumir a presidência e convocar de imediato novas eleições gerais, que se devem realizadas no prazo máximo de um ano.
"Temos que nos defender e eu farei isso com todos os meus esforços. Quero dizer com todo meu coração, que se os senhores me apoiarem, sua confiança não será frustrada", afirmou.
Finalizando, o presidente peruano pediu aos congressistas "uma reflexão antes de dar um passo tão destrutivo como o proposto" para esta quinta-feira.