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Kiev denuncia homicídios, assédio e tortura de russos contra pessoal da usina de Zaporizhzhia

"Um regime de assédio policial dos funcionários foi sendo estabelecido" desde o início da ocupação, denunciou um funcionário

"Os russos buscam os pró-ucranianos no local e os perseguem. As pessoas estão abaladas psicologicamente", explicou Kotin em Kiev (Andre Luis Alves/Anadolu Agency/Getty Images)

"Os russos buscam os pró-ucranianos no local e os perseguem. As pessoas estão abaladas psicologicamente", explicou Kotin em Kiev (Andre Luis Alves/Anadolu Agency/Getty Images)

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AFP

Publicado em 9 de setembro de 2022 às 17h05.

Última atualização em 9 de setembro de 2022 às 17h20.

As forças russas que controlam a usina nuclear de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, mataram dois funcionários e torturaram e assediaram outras dezenas, denunciou nesta sexta-feira, 9, o presidente da Energoatom, agência que controla o setor nuclear ucraniano.

"Um regime de assédio policial dos funcionários foi sendo estabelecido" desde o início da ocupação, denunciou o funcionário, Petro Kotin.

A situação atualmente é, segundo Kotin, "muito difícil" e há casos de "torturas, espancamentos e sequestros".

Duas pessoas foram "espancadas até a morte" pelas forças russas, cerca de 200 membros do pessoal foram detidos e vários estão desaparecidos, afirmou.

"Desconhecemos o destino de uma dezena de pessoas, pois foram levadas e desde então não temos nenhuma informação sobre elas", declarou.

"Os russos buscam os pró-ucranianos no local e os perseguem. As pessoas estão abaladas psicologicamente", explicou Kotin em Kiev.

A usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, e a região vizinha, no sul da Ucrânia, sofrem com bombardeios regulares dos quais Kiev e Moscou se acusam mutuamente.

"Duas pessoas, um homem e uma mulher, ficaram feridas durante os bombardeios na usina", disse Kotin, que vestia um casaco em estilo militar.

O pessoal da usina tentou encontrar corredores seguros para partir ou evacuar seus familiares devido aos ataques constantes, revelou.

"Mas o pessoal entende que a segurança nuclear da usina depende deles, assim voltam a Energodar [cidade onde fica a central] e continuam trabalhando na instalação", assegurou.

Zona desmilitarizada

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) enviou na semana passada uma missão de 14 pessoas para inspecionar a usina.

Mapa com a localização da central nuclear de Zaporizhzhia (Ucrânia), sob controle russo desde março.

Em seu relatório, a agência da ONU pediu "o estabelecimento imediato de uma zona de proteção da segurança nuclear" ao redor da central, que enfrenta uma situação "insustentável". 

Mas para Kotin, há muito espaço para interpretação.

"Se se trata da desmilitarização da usina nuclear, a apoiamos plenamente. Se se trata de (...) criar algumas zonas de segurança com o controle conjunto dos russos, então será uma decisão inaceitável para nós", reforçou.

"Insistiremos na criação de uma zona desmilitarizada da usina, inclusive através da participação de grupos de manutenção da paz", acrescentou. A Ucrânia apoiou na quarta-feira o envio de capacetes azuis da ONU para a central.

Kotin lembrou que a Ucrânia pede que as forças russas retirem o equipamento militar da usina e que os funcionários da agência nuclear russa Rosatom deixem a área.

A agência nuclear ucraniana denunciou a condição dos funcionários da usina de Zaporizhzhia. A Agência Internacional de Energia Atômica pediu o fim dos bombardeios na região.

A comunidade internacional "tem de pressionar muito a Rússia para que cumpra as condições estabelecidas pelas autoridades ucranianas e a AIEA", destacou.

Kotin também assinalou que todas as linhas elétricas ligadas à central foram cortadas em consequência dos bombardeios e que o único reator que continua funcionando "o faz em um nível de potência muito baixo".

Se estas linhas não forem restabelecidas, a usina só poderá depender de motores a diesel "para esfriar o material nuclear", explicou.

O corte de eletricidade compromete "a segurança das operações" da usina, concordou no Twitter o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi.

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